- Os principais criptoativos do mercado começaram 2023 com alta valorização, o que deu uma injeção de ânimo ao setor, que sofreu em 2022
- Aos poucos, os criptoativos vão se estabelecendo no mercado institucional. Isto, porém, exige uma estratégia de longo prazo de exchanges e corretoras
- Com a regulação dos criptoativos no Brasil e o lançamento do Real Digital pelo Banco Central, o setor cripto tende a ser impulsionado muito positivamente e trazer uma série de inovações
Pode ser complexo buscar calmaria em um mercado tão movimentado quanto o de criptoativos. Entre as oscilações, no entanto, há um mantra que guia a indústria: visão de longo prazo – seja para quem deseja segurar seus ativos, como também para os exploradores que se aventuram em novas tecnologias no setor. Em janeiro deste ano, depois de um 2022 um tanto quanto desafiador, ambos receberam uma injeção de ânimo.
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Não é para menos: o bitcoin (BTC) encerrou o mês com ganhos de mais de 38%, em seu melhor janeiro desde 2013, quando avançou 55%, além de ser seu melhor mês desde outubro de 2021, período em que subiu 40%. O ether (ETH), outro criptoativo de primeira grandeza, subiu 31% no mês.
Três criptoativos se destacaram no período: APT, moeda nativa do ecossistema Aptos, desenhado por ex-engenheiros do Facebook envolvidos no projeto Libra, que valorizou mais de 400%; MANA, token do metaverso Decentraland, com alta de 160%; e Solana, atingindo valorização de 150%.
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O que nos aguarda para os próximos meses? Bem, é impossível prever. Ainda que eu esteja particularmente otimista com os preços, estou ainda mais otimista com a expansão do setor no Brasil e no mundo.
Acredito que a crescente aceitação institucional, em múltiplas indústrias, não é fruto de esforços de curto prazo, mas de um olhar que transcende a análise gráfica. Em 2014, essa visão construiu a base dos NFTs (tokens não-fungíveis), que se tornou a sigla do ano em 2021. Se for para cravar uma palavra do ano para 2023, eu diria “tokenização“.
Aqui no Brasil também temos um caso de persistência e um pouco de teimosia para chamar de nosso. Em 2019, enquanto diversas instituições financeiras tradicionais restringiam acesso a tudo que vinha do universo cripto, no MB demos nossos primeiros passos no que chamamos hoje de Renda Fixa Digital (RFD).
A espera rendeu: de apenas exchange, nos tornamos a maior plataforma de ativos digitais, com mais de R$ 200 milhões em ativos tokenizados. Criamos ativos tokenizados no mercado de precatórios, consórcios, imobiliário, recebíveis…Plantar durante momentos adversos é desafiador, mas pode oferecer recompensas que beneficiam negócios e ecossistemas.
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A cada ciclo renovam-se as esperanças de novas tecnologias e inovações que podem surpreender o mercado positivamente. O Brasil deu o pontapé inicial para que essas construções vejam a luz do dia com a aprovação do Marco Regulatório da Criptoeconomia, Lei n.º 14.478/22, que define diretrizes para orientar o ambiente jurídico na proteção e defesa do consumidor.
Qual será o futuro desse ambiente? Nosso Banco Central (BC), por exemplo, vem desenvolvendo o piloto do real digital, que promete uma revolução tão grande quanto o bem sucedido Pix. Paralelamente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) busca aplicar a tokenização em seu laboratório de inovações financeiras, processo que implica na revisão ou adição de normativas regulatórias.
Agora, cabe entender quem será a autarquia federal responsável por organizar os próximos passos regulatórios, mas posso afirmar: a história provou que o caminho é amplo para os que enxergam o potencial da indústria e trabalham de acordo com as legislações vigentes. Enquanto nos Estados Unidos vemos um verdadeiro ataque orquestrado por parte dos reguladores ao ecossistema cripto, no Brasil a expectativa é totalmente positiva, no sentido de termos uma regulação que impulsione a inovação que o setor cripto pode trazer para o sistema financeiro.
Nas palavras do megainvestidor Warren Buffett, “uma pessoa só está sentada na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há um tempo atrás”.
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