Investimento não é cassino

Fabrizio Gueratto tem quase 20 anos de experiência no mercado financeiro. É especialista em investimentos, professor de MBA em Finanças, autor do livro “De Endividado a Bilionário”, fundador da Gueratto Press e criador do Canal 1Bilhão, com quase 21 milhões de visualizações no YouTube

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Fabrizio Gueratto

Ações de varejistas como Magalu sofrem com fim do auxílio emergencial

Apesar de demonstrar uma enorme expansão com as últimas aquisições, os papéis da empresa sofreram queda

(Foto: Shutterstock)
  • As varejistas se beneficiaram muito no começo da pandemia, quando tivemos os lockdowns e a chegada do auxílio emergencial
  • Atualmente, essas companhias passam por um movimento de ajuste devido ao boom de resultados durante o início da pandemia, principalmente nos marketplaces
  • O movimento não tem acontecido somente no Brasil. A Amazon, por exemplo, que chegou a registrar US$ 2 trilhões de valor de mercado em fevereiro, estava valendo US$ 1,5 trilhão em abril

Não é segredo para ninguém que o Magazine Luiza (MGLU3) tem buscado cada vez mais sair do rótulo de varejista para empresa de tecnologia focada em diversas frentes. E não é muito difícil notar essa transformação. Basta olhar para as aquisições feitas pela empresa este ano.

A compra da Kabum! e do portal Jovem Nerd marca a entrada da varejista no mundo dos games, um setor pouco explorado no nosso País, mas que cresce cada vez mais no mundo. Vale destacar também a criação do MagaluPay, um banco digital dentro do próprio Magazine Luiza.

Queda nos papéis

Apesar da expansão imensa da companhia, seus papéis têm performado um pouco abaixo do esperado, assim como aconteceu com boa parte das empresas ligadas ao setor de e-commerce.

O mais curioso é que as varejistas se beneficiaram muito no começo da pandemia, quando tivemos os lockdowns e a chegada do auxílio emergencial. Essas companhias, sem perder tempo, investiram muito no e-commerce, onde tiveram uma aceleração de resultados.

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Entretanto, fica a pergunta: por que os papéis das varejistas caíram tanto? Acontece que o jogo mudou. Boa parte da população trabalhadora, que estava em home office, está retornando aos seus empregos físicos. As lojas também foram reabertas e o auxílio dado pelo governo chegou ao fim. Isso sem falar na inflação quase batendo a marca dos dois dígitos.

Principais motivos para a queda

Consigo ver que existem dois fenômenos que explicam muito bem o que tem acontecido com as varejistas, em especial com o Magazine Luiza. Atualmente, essas companhias passam por um movimento de ajuste devido ao boom de resultados durante o início da pandemia, principalmente nos marketplaces.

Afinal, o alto crescimento dessas empresas uma hora tinha que arrefecer, o que é um movimento natural. Outro fenômeno importante que também afeta todas as empresas de grande crescimento – isso inclui o Magazine Luiza e outras varejistas – vem da expectativa da subida de juros no mercado americano.

Setor em baixa até no exterior

Companhias que são mais maduras no que se diz respeito ao crescimento possuem um patamar maior de continuidade. Em outras palavras, a projeção do fluxo de caixa que normalmente é projetado fica acima dos 10 anos.

Quando se muda a expectativa de juros, provocando o aumento da taxa de longo prazo, o efeito de ajuste é maior. O movimento não tem acontecido somente no Brasil. A Amazon, por exemplo, que chegou a registrar US$ 2 trilhões de valor de mercado em fevereiro, estava valendo US$ 1,5 trilhão em abril.

Ou seja, a Amazon, uma das maiores empresas do mundo, perdeu US$ 500 bilhões no período de quarenta dias, isso nos Estados Unidos.

Então, não acho que seja um absurdo dizer que é natural que no Brasil aconteça o mesmo.

Leia mais sobre a queda das ações da Magazine Luiza (MGLU3) aqui 

Assista ao vídeo exclusivo sobre as ações de varejistas: