Márcio Kroehn é jornalista especializado em finanças e investimentos. Foi editor-chefe do E-Investidor e titular do quadro Minuto E-Investidor, na rádio Eldorado. Ele está no jornalismo econômico desde 2002, quando ingressou na CardNews Magazine, e desde 2006 na chamada grande mídia, com passagens por Exame, Veja.com e IstoÉ Dinheiro. Foi eleito para compor os Top 50 do Prêmio Os +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças 2016, 17, 18 e 19 iniciativa do Jornalistas&Cia.

Márcio Kroehn

Fundo de ações da Moat Capital é a grande aposta de 2021. Que responsa, hein?!

Estudo da Levante Advice coloca o fundo que rendeu 8,1% em 2020 em destaque

A Petrobras é uma das principais ações na carteira do fundo Moat Capital FIA (Foto: Sergio Moraes/Reuters)
  • Fundada em 2014, a Moat Capital é a união de uma amizade entre Cássio Bruno e Luiz Paulo Aranha que vem desde o ensino médio
  • No estudo da Levante Advice, que entregou 4 de 5 estrelas para o Moat Capital FIA, a parte quantitativa tem peso igual ao da análise qualitativa

O fundo de ações indicado como a melhor aposta para o investidor que busca risco e retorno em equilíbrio não é o de nenhum gestor badalado e presente na fintwit. Cassio Bruno e Luiz Paulo Aranha, sócios da Moat Capital, são discretos e fazem o estilo low profile. Mas eles estão com a missão de fechar 2021 como o principal destaque da categoria, conforme indicação do estudo da Levante Advice, a plataforma de análise de gestoras e fundos de investimento recém-lançada pela casa de análise homônima.

É bom reforçar que ser o fundo de ações destaque do ano não necessariamente indica ser o de maior rentabilidade. Esse peso Bruno e Aranha não vão carregar. No estudo da Levante Advice, que entregou 4 de 5 estrelas para o Moat Capital FIA, a parte quantitativa (risco, retorno e liquidez) tem peso de 50%. A outra metade fica com a análise qualitativa, ou seja, pessoas, processo de investimento e pessoas.

“O resultado não é uma surpresa. O Moat FIA pode não ser o que vai trazer o maior retorno, mas é consistente”, diz Felipe Bevilacqua, CIO da Levante Advice, que diz que o processo de análise funciona como uma due diligence, com entrevistas e mais de 100 questões. “Sem falar que gestora é um negócio de recorrência e precisa ser perene. Vemos o Bruno e o Aranha fazendo isso daqui a 10 anos.”

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Fundada em 2014, quando criar uma gestora independente era palavrão (hoje no Condado se fala que na Faria Lima só existem farmácias e gestoras), a Moat Capital é a união de uma amizade entre Bruno e Aranha que vem desde o ensino médio. A caminhada deles no mercado financeiro também começou junta. O primeiro emprego deles foi na tesouraria do Banco Votorantim. De lá eles tomaram rumos distintos, Bruno passou por Pátria, Ashmore e Canvas e Aranha por Capitânia e LLA Gestão.

“A empresa foi bem planejada, com pessoas experientes em asset”, diz Adriano Leite, sócio e diretor de relações com investidores da Moat Capital. “Não foi uma leva que saiu de tesouraria de banco para montar uma gestora.”

Esse histórico ajudou o Moat Capital FIA a se segurar no mercado bravio de 2020. Tanto Aranha como Bruno vivenciaram a crise de 2008. Na época, mesmo como jovens gestores, conseguiram entregar um bom resultado, que se provou consistente após a recuperação do mercado: eles continuaram entregando performance.

“Em 2008 eles apresentaram o cartão de visitas para a carreira de gestores”, afirma Leite.

Com patrimônio líquido de R$ 2,8 bilhões, 3,2 mil cotistas, investimento mínimo de R$ 20 mil, taxa de administração de 1,85% e liquidez de D+18, o fundo de ações da Moat Capital bateu o Ibovespa em seis dos sete anos que está aberto (somente em 2015 o resultado foi -16,5% ante -13,3% do benchmark).

Moat Capital FIA Ibovespa
2020 8,11% 2,92%
2019 43,85% 31,58%
2018 30,15% 15,03%
2017 45,59% 26,86%
2016 69,71% 38,93%
2015 -16,53% -13,31%
2014* 0,55% -11,67%
Acumulado 319,68% 110,22%

Fonte: Moat Capital FIA (*de agosto a dezembro)

Na carteira atual do fundo, aparecem Via Varejo (VVAR3), Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), OI (OIBR3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) entre as posições superiores a 5%. Os gestores buscam boas histórias de distorção e assimetria (valor/preço) para um portfólio diversificado.

“Cada um dos cases vai amadurecer na sua própria velocidade, pois é algo que não controlamos”, diz Leite. “Temos Oi, que é um case volátil de assimetria de informação, com Itaú, um case mais óbvio. Mas mais do que acertar o case é ter o tamanho correto em cada um deles.”

Com um time de 20 pessoas, a gestora acompanha com lupa 120 empresas. Além das principais no Brasil, companhias de peso no cenário internacional em setores como mineração, óleo e gás, papel e celulose, além de tecnologia e streaming ficam no radar.

Durante o pior momento da pandemia para o mercado financeiro, a Moat Capital apanhou por duas semanas. Foi o tempo da equipe de gestão fazer a leitura do que aconteceria e rebalancear a carteira. A partir daí, 40 ativos foram adquiridos (eles costumam ficar na faixa de 15 a 30 papéis). Entre essas ações estavam Magazine Luiza (MGLU3), que eles tinham se desfeito há dois anos, e algumas do setor de real estate, que já não faziam mais parte da carteira há um ano e meio. Nesse momento, a experiência de Bruno e Aranha ajudou a deixar a cabeça fria para olhar o que viria pela frente.

“Este ano vai ser difícil gerar alfa. O mercado no exterior está bastante esquisito, com muita liquidez, valuations esticados difíceis de justificar e histórias como a da GameStop”, afirma Leite, jogando a responsabilidade para o adversário e buscando evitar que o favoritismo pese contra o seu time.