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- O Triângulo do Lítio, localizado entre Argentina, Bolívia e Chile, é um dos locais mais relevantes para a geopolítica global
- Do ponto de vista argentino, o lítio surge como uma salvação econômica em potencial
- No meio de todo imbróglio eleitoral de uma das eleições mais acirradas da história recente, a exploração de lítio se converte em um dos temas eleitorais favoritos para prometer ao eleitor que o futuro tem possibilidade de ser melhor do que todos os dados disponíveis indicam
O Triângulo do Lítio é, provavelmente, um dos locais mais relevantes para a geopolítica global. Para alguns, pode ser comparado ao Mar do Sul da China ou ao Pacífico Sul. Como não vejo relevância em ranquear qual local tem mais importância que outro, trago a importância estratégica estratosférica que representa o Triângulo do Lítio hoje.
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Baterias à base de lítio podem ser carregadas mais rapidamente, além de armazenar mais energia, com mais potência em um menor espaço físico. Assim, para a produção de telefones celulares, computadores, painéis solares, turbinas eólicas, baterias para veículos elétricos, etc, o lítio é essencial. A China lidera a importação global de lítio justamente por ser o maior produtor global de telefones celulares, eletrônicos, painéis solares, computadores, turbinas eólicas e baterias para veículos elétricos.
Consequentemente, as reservas de lítio no mundo, que não são tão abundantes assim, acabam atraindo a atenção de empresas dos EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, China, Coréia do Sul entre as de outros países. O país que tiver melhor e maior acesso à exploração de lítio terá uma vantagem econômica, industrial e até mesmo tecnológica que irá ajudar a balança de poder a pender a seu favor. E considerando-se não apenas do ponto de vista empresarial.
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O Triângulo do Lítio é uma região entre o noroeste argentino, nordeste chileno e sudoeste boliviano onde 65% das reservas globais de lítio estão localizadas. Dentro desse território existem mais de 50 projetos de exploração em andamento e mais 50 em fase de análise.
Do ponto de vista argentino, o lítio surge como uma salvação econômica em potencial. No meio de todo imbróglio eleitoral, onde o Ministro da Economia, Sérgio Massa disputa com Patricia Bullrich e Horácio Larreta uma das eleições mais acirradas da história recente , a exploração de lítio se converte em um dos temas eleitorais favoritos para prometer ao eleitor que o futuro tem possibilidade de ser melhor do que todos os dados disponíveis indicam.
Na Argentina, a exploração do lítio se baseia em três províncias: Salta, Jujuy e Catamarca. Salta acaba sendo a mais influente das três. Seu governador, Gustavo Sáenz, é muito próximo a Massa (já foi seu candidato à vice-Presidência) e um trunfo eleitoral para nacionalizar o discurso de que a exploração do lítio beneficiará a economia de todo o país e não só a das províncias produtoras. Uma das demonstrações de poder de Saenz, mas também de proximidade entre Massa e Salta, foi a nomeação da excelente Flavia Royón, ex-Secretária de Energia de Salta, para a posição de Secretária de Energia da República Argentina. Massa é a favor da nacionalização do lítio, assim como os governos das três províncias. Entendem que a geração de recursos pode vir a ser menor do que ter o setor privatizado, e ainda aumentaria consideravelmente o poder dos governadores de Salta, Jujuy e Catamarca (e de seus parlamentares) em Buenos Aires.
Pelo lado de Horácio Larreta, um dos outros postulantes à presidência argentina, a relação com o lítio se dá pela província de Jujuy. O ex-Governador e influenciador mais importante na província, Gerardo Morales, é o candidato à vice-Presidência na chapa com Larreta (Juntos pela Mudança). Utilizando uma fórmula semelhante à de Massa, Larreta também fala sobre o processo de expansão da capacidade de exploração de lítio e como isso será parte fundamental do seu plano de exportação.
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A terceira candidata que figura entre as favoritas (em algumas pesquisas, é considerada a favorita), Patricia Bullrich, apesar de não ter uma ligação tão próxima com as províncias produtoras de lítio como os outros dois, é extremamente consciente da oportunidade que o país tem nas mãos. Bullrich mantém uma relação cordial com Gerardo Morales que, percebendo que Patrícia possui mais chances de vitória contra Massa do que Larreta, não hesitaria em movimentar suas importantes peças no tabuleiro a favor de Bullrich. Há um ponto de grande importância que é o posicionamento de Patricia contra a nacionalização (proposta por Massa).
Tanto os EUA quanto a China observam atentamente a política argentina no âmbito mineral. O processo de licitação de minas de lítio é um processo integralmente controlado pelas províncias, no entanto, sem o apoio do Governo Federal, uma empresa dificilmente terá sucesso na obtenção de licenças. Há uma necessidade de harmonia entre Buenos Aires e as províncias que é essencial para viabilizar o sucesso de quem investe na Argentina. Para isso, ter conhecimento amplo do que está passando na capital e nas províncias é o básico do básico.