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- A política externa de Lula é decorrente não de suas convicções, mas de sua dificuldade em ver e entender o mundo de 2023
- Se nenhum presidente percebeu que o Brasil se tornou mais parlamentarista do que presidencialista, os últimos presidentes da Câmara já o sabem muito bem.
Para quem acha que o Presidente Lula pode mediar situações altamente complexas como a guerra na Ucrânia, basta ver sua imensa dificuldade em mediar problemas gerenciais em seu próprio governo e país.
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Não se trata de falta de habilidade. Lula já provou que se sai bem em (algumas) situações adversas. No entanto, como quem mal lê a pergunta na prova por conta da autoconfiança excessiva em respondê-la, Lula escreve respostas para perguntas que não foram feitas e deixa perguntas importantes sem respostas.
O 8 de janeiro ofereceu a Lula uma oportunidade de mostrar seu amor à democracia. Não à democracia processual, na qual o ato de votar é exercido. Mas à democracia como valor. Lula se revelou (como todos) e foi aos EUA dividir com Biden seu nojo contra aqueles que querem acabar com a democracia em nome de convicções débeis e mal fundamentadas.
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Entretanto, qual a mensagem enviada ao mundo quando a democracia enquanto valor é relativizada para louvar a inexistente “democracia” processual venezuelana? Lula mata a própria narrativa ao socorrer um moribundo Nicolás Maduro.
A política externa de Lula é decorrente não de suas convicções, mas de sua dificuldade em ver e entender o mundo de 2023. Vinte anos se passaram – falando em 2003 – e houve mudanças enormes, desde à Geopolítica global quanto à forma como o Congresso funciona atualmente.
Lula não venceu por suas ideias ou convicções, venceu porque Bolsonaro fez tudo e mais um pouco para perder. Não perder para qualquer um, mas perder para Lula, já que semana, sim, semana também, Lula era o tema predileto do ex-presidente.
A dificuldades domésticas fazem parte do papel (goste-se disso ou não) que o Congresso adquiriu ao longo dos últimos 20 anos. Se nenhum presidente percebeu que o Brasil se tornou mais parlamentarista do que presidencialista, os últimos presidentes da Câmara já o sabem muito bem.
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A sociedade, por mais instruída que alguns que dela fazem parte o sejam, não entende o papel dos políticos eleitos e atribui o que não sabe à politicagem. Podem estar corretos ocasionalmente, mas, muitas vezes, estão errados.
Lula está percebendo que as dificuldades existentes em governar surgem a partir da nova configuração de poder no qual o Congresso se sobressai ao Executivo. Haddad, na Fazenda, vem fazendo um trabalho melhor do que o esperado, justamente por ser um político sem a história de sucesso de Lula. Assim, os louros do passado não contaminam sua percepção do presente.
Haddad ter um desempenho melhor em sua função em relação a Lula é uma surpresa. No entanto, tudo se explica quando vemos o Congresso brasileiro mais autônomo e difuso do que nos períodos Lula 1 e Lula 2.
A conjuntura internacional pode, mais uma vez, ajudar o presidente Lula, como aconteceu em 2010. A guerra na Ucrânia e a crise na safra de alguns produtores internacionais de grãos podem ajudar a economia brasileira.
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O problema é quando o governante não percebe e deixa de aproveitar um fator conjuntural externo favorável. Ou seja, o imponderável pode vir a ter um papel mais decisivo nos rumos do País que a própria construção de políticas públicas que o presidente tenta fazer.