- O aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos gera um efeito cascata na economia mundial.
- A elevação dos juros está relacionada à restrição da oferta provocada pela pandemia de covid-19 e ao estímulo à demanda pelas medidas econômicas emergenciais.
- O investidor deve se proteger diversificando a carteira, sobretudo com títulos de renda fixa pós-fixada atrelados à taxa de juros.
O Federal Reserve (Fed) subiu em 0,75 pontos percentuais a taxa de juros básica dos Estados Unidos (EUA), agora em uma faixa de 3% a 3,25%. Esse é o quinto aumento no ano, elevando os juros ao maior patamar desde 2008, afetando toda a economia mundial.
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O movimento foi acompanhado por outras regiões, a exemplo da União Europeia, da Inglaterra, da China e do Brasil. “O mercado flutua, não ‘ao sabor’ da economia dos EUA, mas sim da política de juros americana, que reprecifica a taxa de desconto mundial”, explica o estrategista Gabriel Floriano, da Levante Corp.
A seguir, entenda qual é o impacto da alta de juros global na economia mundial e para seus investimentos.
O que causou o aumento da taxa de juros global?
O aumento da taxa de juros na economia mundial está relacionada diretamente à pandemia de covid-19. Com a crise sanitária, houve forte redução na oferta de produtos, acompanhada por uma retratação na economia mundial.
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Para evitar uma crise maior, os governos lançaram pacotes emergenciais com recursos para empresas e pessoas, gerando maior movimentação no varejo e na indústria.
Isso provocou um choque entre oferta e demanda. “Por conta da desorganização das linhas de produção e do aumento de base monetária, a inflação no mundo subiu bastante”, diz o economista Thiago Calestine, sócio da DOM Investimentos.
A Guerra contra Ucrânia deixou o cenário ainda pior, restringindo globalmente a oferta de alimentos e de energia.
Uma das principais ferramentas de política econômica para combater tal avanço de preços é o aumento da taxa básica de juros. Com o financiamento mais caro, a moeda em circulação tende a diminuir, reduzindo a demanda e, por consequência, a inflação.
Impactos globais da alta de juros
Com o aumento de juros pelo Fed, os investidores tendem a tirar seus recursos financeiros de outros países para aplicar nos EUA, provocando uma valorização do dólar comparado a outras moedas.
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Nos países onde a moeda se deprecia devido à retirada de recursos, os preços tendem a subir. Além da fuga de capital para investimento, a moeda desvalorizada faz com que a compra de matérias-primas, geralmente importadas, fique mais cara, aumentando o preço em toda a cadeia produtiva.
Para combater a inflação doméstica, esses países aumentam os juros internos, causando um efeito cascata.
Isso pode drenar os investimentos no setor produtivo, que promovem o crescimento econômico. “A longo prazo, a alta de juros gera mais subida de preços, o que levaria as autoridades a aumentar a taxa de juros, caindo em uma espiral inflacionária difícil de ser contida”, afirma Ricardo Julio Rodil, líder de Capital Markets da Crowe Macro Auditores.
Como a alta de juros afeta os investimentos?
Com esse cenário, o apetite dos investidores para a renda variável cai, já que acabam perdendo valor uma vez que não são atrelados à taxa de juros. “A elevação de juros torna o cenário mais restritivo e instável para ativos financeiros, com um aumento do custo de oportunidade”, afirma Floriano.
Porém, os títulos pós-fixados de renda fixa indexados na taxa básica de juros, como a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), ficam mais atrativos. O recurso acaba rendendo mais com um risco baixo, uma combinação que deve entrar no radar do investidor.
Como investir com juros altos?
Com o aumento de juros na economia mundial, o investidor precisa estar certo de que a carteira está diversificada, tanto entre renda variável e fixa. “Uma parte tem de estar exposta a ativos de renda fixa pós-fixada para aproveitar a alta de juros sem ter grandes perdas financeiras, nem uma volatilidade extra”, orienta Calestine.
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Procurar pessoas com maior experiência, como especialistas e assessores de corretoras e bancos, é fundamental para ter sucesso na estratégia. “Com o tempo, as pessoas acumulam conhecimento para se converterem em investidores por conta própria”, diz Rodil.