Comportamento

Como o mercado reagiu ao debate presidencial da Globo

O último debate para presidente foi marcado por acusações mútuas e solicitações de direito de resposta

Como o mercado reagiu ao debate presidencial da Globo
Candidatos à presidência antes do debate da Rede Globo. FOTO: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

O último debate para presidente, promovido pela Rede Globo na noite desta quinta-feira (29), foi marcado por acusações mútuas e solicitações de direito de resposta.

Em meio a um clima de forte tensão, a menos de 72 horas da abertura das urnas no domingo (2), sobrou pouco espaço para o debate de propostas, especialmente relacionadas à economia e ao mercado financeiro.

“Simone Tebet e Felipe D’Avila mostraram e deram exemplos do que seria um debate ideal, realmente discutindo propostas”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos.

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Para Thiago de Aragão, diretor de estratégia da consultoria Arko Advice e colunista do E-Investidor, o encontro teve mais emoção do que informação. “Dificilmente um eleitor mudará de opinião a partir desse debate. Isso beneficia Lula, já que está na frente”, diz.

Participaram os candidatos Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Avila (Novo),  Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Padre Kelmon (PTB), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Veja como o mercado financeiro reagiu ao último debate para presidente:

Alexandre Milen, CEO da Harami Research

Lula e Bolsonaro limitaram-se a falar apenas dos feitos históricos de seus governos. Eles não apresentaram quase nenhuma proposta boa ou concreta.

Nenhum candidato citou ou apresentou alternativas concretas para cortar os gastos públicos. A melhor, disparado, foi Simone Tebet, com propostas boas para a economia, saúde e meio ambiente.

Ela tem uma ótima proposta de unir o agronegócio ao meio ambiente, sendo que esses setores podem conviver de forma harmônica. Isso gera produção e dá lucro.

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D’Avila também foi bem, ele quer fazer a reforma tributária e propõe um agronegócio sustentável. Já Ciro Gomes tocou em um ponto de retomar 14 mil obras paradas, o que incentiva a geração de empregos.

Álvaro Bandeira, economista e consultor financeiro

Bolsonaro repetiu o mesmo discurso dos últimos debates e Lula só reforçou o que já fez. Os dois não falam o que vão fazer no futuro e não têm projeto.

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Simone foi a melhor, diparada. Educada e com conteúdo, ela e D’Ávila tiveram um grande momento falando sobre futuro com grande seriedade. Soraya foi bem em memes, mas pouco articulada. Ciro foi bem, mas teve a pior performance considerando os últimos debates. Ele parece sentir o abandono do próprio partido.

O objetivo do debate é esclarecer o público votante, mas foi fraco e pouco esclarecedor. Lamentavelmente, não elucidaram nada e não deve alterar o voto de ninguém no dia 2 de outubro.

Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais

O último debate antes do primeiro turno das eleições não respondeu à questão central que gera incerteza para o mercado. Qual a solução fiscal para o cumprimento das propostas populistas, os auxílios igualmente prometidos pelos candidatos lideres nas pesquisas (Lula e Bolsonaro)? O mercado espera ansiosamente pela clareza da dinâmica da execução fiscal por parte da equipe que assumirá o próximo governo, para manter as contas públicas no azul e atender as propostas de auxílios a população.

Não foi citado em nenhum momento uma solução para as leis vigentes, como o teto de gastos. Entretanto, houve um consenso da aprovação da reforma tributária, que dependendo de como for conduzida pode ser uma opção para a resolução do impasse fiscal.

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A questão sobre privatização ganhou protagonismo durante todo o evento e alguns candidatos defenderam a privatização total e outros de forma parcial, mas concordaram que empresas deficitárias e que geram custos ao governo  devem ser encerradas ou entregues ao mercado privado na busca por eficiência.

É nítido entre os candidatos a individualidade de suas intenções em relação a utilização de mais ou menos recursos para a condução dos seus projetos políticos. Assim, a única certeza que impera é sobre o grande desafio que o novo governo enfrentará para enquadrar os benefícios dados por propostas populistas, objetivando a reeleição, sem prejudicar o âmbito econômico e fiscal.

Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos

Diferente do primeiro debate, vemos o candidato Lula muito mais preparado e com uma postura melhor. O presidente Bolsonaro também foi melhor e mais controlado. No segundo bloco, os dois escorregaram um pouco mais em se controlar em provocações.

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Ciro começou pior em relação aos outros candidatos, mas conseguiu crescer. Simone já evoluiu bem e agora se consolida como uma candidata firme, com atitude e, com certeza, ela garante pessoas que não querem votar no Lula ou no Bolsonaro.

A senadora Soraya ganhou destaque com o confronto com o Padre, que se mostra um candidato bem despreparado. Esse é um momento que repercute de forma cômica nas redes e eleva a avaliação dela. Simone Tebet e Felipe D’Avila mostraram e deram exemplos do que seria um debate ideal, realmente discutindo propostas.

Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria

Comparado com o debate da Band, a pauta econômica entrou mais em discussão. Isso ajuda bastante no sentido de a gente perceber que a leitura dos políticos sobre esse tema está mudando. Os candidatos falaram sobre economia, mas ainda longe de qualquer tipo de proposta concreta, principalmente para a âncora fiscal.

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Lula e Bolsonaro pretendem continuar com o Auxílio Brasil de R$ 600 e ainda assim não apresentam como custear esse programa. Alguns falaram sobre reformas fiscais, mas são propostas que pouco vão alterar o humor do mercado, porque elas vieram de candidatos que hoje têm pouca relevância.  Fato é que os dois principais candidatos, Lula e Bolsonaro, acabaram não discutindo esses temas.

Thiago de Aragão, diretor de estratégia da consultoria Arko Advice

O debate teve excesso de emoção e pouca informação. Os principais candidatos estavam com os nervos à flor da pele e o eleitor percebeu. Havia a expectativa que Lula e Bolsonaro estariam mais preparados para argumentar factualmente, mas, na prática, focaram nas acusações recorrentes ao longo da eleição. Dificilmente um eleitor mudará de opinião a partir desse debate. Isso beneficia Lula, já que está na frente.

Bolsonaro estava visivelmente incomodado com os últimos acontecimentos ligados a Alexandre de Moraes e pelo fato de não ter conseguido diminuir a diferença de Lula nos últimos dias. O debate contou com a terceirização das críticas. Soraya foi útil a Lula, enquanto Padre Kelmon seguiu a linha de defender Bolsonaro e suas ideias. Com terceiros apoiando as ideias dos principais candidatos, vimos um debate com pouco conteúdo de quem importa e excesso de conteúdo de quem não está ativamente na disputa.

Colaboraram: Daniel Rocha, Jenne Andrade e Luiza Lanza

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