- Jovens funcionários do Goldman Sachs afirmam terem enfrentado uma jornada de 98 horas semanais desde janeiro deste ano e dormido apenas cinco horas por noite
- Além do expediente muito acima do considerado saudável, 77% desses analistas se sentem vítimas de assédio moral
- Metade dos analistas também já sofreram críticas em público e 83% deles reclamam do excesso de monitoramento
Uma pesquisa realizada com treze analistas financeiros júnior do banco de investimentos Goldman Sachs, e publicada no Twitter na última semana, revelou uma rotina de trabalho extremamente degradante dentro da instituição financeira.
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Na apresentação de slides de 11 páginas, os jovens funcionários afirmam terem enfrentado uma jornada de 98 horas semanais desde janeiro deste ano e dormido apenas cinco horas por noite.
Somente entre 8 e 13 de fevereiro, semana em que o levantamento foi realizado, esses profissionais teriam trabalhado em média 105 horas. “Eu não entrei neste trabalho esperando trabalhar das 9h às 17h, mas também não esperava trabalhar das 9h às 3h sempre também”, relatou um funcionário, em depoimento anônimo divulgado dentro da apresentação. Para efeito de comparação, segundo a legislação brasileira, a jornada de trabalho semanal deve ser de 44 horas.
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Além do expediente muito acima do considerado saudável, 77% desses analistas se sentem vítimas de assédio moral na companhia, outros 92% afirmam já terem sido ignorados em reuniões. Metade dos analistas também já sofreram críticas em público e 83% deles reclamam do excesso de monitoramento.
Mesmo sendo jovens, a rotina estressante já afeta a saúde mental e física dos trabalhadores. Todos eles responderam que as horas trabalhadas estão impactando negativamente o relacionamento deles com família e amigos e que são cobrados para terminar tarefas em prazos irreais.
“Não consigo dormir mais porque meu nível de ansiedade está nas alturas”, afirmou outro funcionário. “Meu corpo dói o tempo todo e mentalmente estou em um lugar muito sombrio”, diz um terceiro analista.
No final da pesquisa, existe uma série de reivindicações para que a situação desses colaboradores seja melhorada. Uma delas é que a jornada de trabalho seja limitada a, no máximo, 80 horas por semana. “Para fazermos o melhor para os clientes da empresa, precisamos estar descansados e livres de fazer malabarismos com uma quantidade insuperável de fluxos de trabalho conflitantes”, afirmam os funcionários.
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Questionados, o Goldman Sachs respondeu ao jornal El País que sabia da jornada de trabalho ‘puxada’. “Reconhecemos que nosso pessoal está muito ocupado, porque o negócio é sólido e os volumes estão em níveis históricos”, disseram. No mesmo mês em que a pesquisa foi feita, David Solomon, CEO do banco, afirmou durante uma conferência do Credit Suisse que o trabalho remoto era uma ‘aberração’ e que desejava ver os escritórios lotados novamente.