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- O banco Sofisa, por exemplo, realizou uma captação no exterior e está trabalhando para fazer empréstimos para companhias lideradas por mulheres
- Os investidores estão cada vez mais exigentes em relação à destinação dos recursos
- A partir de 2023, as companhias serão obrigadas a informar dados de diversidade de gênero e racial nos seus conselhos
A diretora de ESG do Banco Sofisa e presidente na Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Sílvia Scorsato, disse hoje (29) que o mercado financeiro tem um papel fundamental na promoção da diversidade e da inclusão pela capacidade de direcionar o capital para iniciativas responsáveis social e ambientalmente. Afirmou ainda, durante o Young Women Summit na Capital paulista, que os bancos já enfrentam exigências de práticas ESG (sigla que se refere a boas ações ambientais, sociais e de governança) no exterior para captar recursos e que, portanto, diversidade e inclusão estão longe de serem considerados modismos.
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“O mercado financeiro é o grande indutor do capital. É o grande agente de destinação de capital para empresas que irão de fato trabalhar algum tema relacionado à diversidade e à inclusão”, afirma Scorsato. “Os bancos fazem muita captação no exterior onde esses fomentadores exigem práticas ESG para fornecer esse capital.”
De acordo com Scorsato, o banco Sofisa realizou uma captação no exterior e está trabalhando para fazer empréstimos para companhias lideradas por mulheres. “O banco, tendo esse poder e sendo detentor do capital para empréstimos, deve pensar como acelerar essa pauta destinando recursos para fomentar não só empresas lideradas por mulheres, mas para estimular empreendedorismo em regiões de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em situações vulneráveis e para pequenos empreendedores. Isso é importantíssimo”, afirma.
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A diretora do Sofisa discursou no painel “Por que as empresas vão investir em diversidade” ao lado de Olívia Ferreira, MD Strategy & Board Effectiveness Latam na Accenture, Daniela Baccas, analista na superintendência de proteção e orientação aos investidores (SOI) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e Felipe Vignoli, líder da GT Impacto Social do Laboratório de Inovação Financeira (LAB). A mediação foi feita por Geovana Pagel, editora do E-Investidor.
Essa importância do mercado financeiro para impulsionar a agenda ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) nas companhias é observada também por Ferreira, da Accenture. Para ela, os bancos brasileiros têm um papel relevante em induzir a movimentação das empresas em direção à diversidade e à inclusão financeira.
“Estamos vendo grandes empresas brasileiras que estão disparando a captação de recursos a custo muito baixo atrelado a metas de sustentabilidade, sendo diversidade e inclusão uma dessas metas. Esse fluxo de capital incentivando essas transformações é super bem-vindo e impactante”, afirma Ferreira.
Transparência
Os investidores estão cada vez mais exigentes em relação à destinação dos recursos. Uma das demandas apontadas é a necessidade de transparência dos dados. Isto é, que as métricas de sustentabilidade sejam mais claramente expostas aos acionistas. Em função disso, a CVM já age em direção de tornar o acesso a essas informações mais fácil.
A partir de 2023 as companhias serão obrigadas a informar dados de diversidade de gênero e racial nos seus conselhos. A mudança ocorre na esteira da resolução CVM n°59, que reformulou e simplificou os dados exigidos nos formulários de referência e representa mais um passo em direção à ampliação da agenda ESG, como apontado por Baccas, analista da CVM.
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“A diversidade é um parâmetro novo, informacional, descritivo. As empresas terão que informar o recorte por gênero, cor ou raça em seus conselhos e até de metas de diversidade”, diz Baccas. “Falar de impacto ambiental e social começou a ser cada vez mais fundamental para as empresas.”
Vignoli, da LAB, também vê avanços em transparência com os novos dados e um novo passo à frente: a padronização das informações ESG nos formulários. “A importância da padronização está em todo mundo falar a mesma língua. Afinal, quais indicadores colocar? Como relatar isso? Qual a periodicidade e para quê?”, afirma. “E aí vem a padronização dos indicadores para que saibamos onde olhar e como comparar essas informações.”