O que este conteúdo fez por você?
- Os MCs se enfrentam e quem mostrar os melhores versos ganha. A decisão fica com a plateia ou jurados. E o vencedor sai do local com dinheiro no bolso
- Com a entrada de patrocinadores, remuneração dos MCs foi elevada
“Rimas em 3, 2, 1. Rima!”. Esse é um dos diversos bordões que se ouve em batalhas de rimas, eventos culturais que costumam acontecer em locais públicos como praças, sem cobrança de ingresso. Os MCs se enfrentam e quem mostrar os melhores versos ganha. A decisão fica com a plateia ou jurados. E o vencedor sai do local com dinheiro no bolso.
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Mas, para que haja remuneração, é preciso, antes de tudo, organização. A “Batalha da Aldeia”, por exemplo, é a maior do País, tanto em patrocinadores quanto em público nas redes sociais. Em seu canal do YouTube, há 4 milhões de inscritos; no Instagram, há 1.8 milhão de seguidores. Criado em 2016 pelo empresário, apresentador e MC Bruno Angelo de Sousa, o Bob, e pelo empresário Giovanni Zanardi, o evento ocorre às segundas-feiras na cidade paulista de Barueri, na Praça dos Estudantes.
“Trabalhamos filantropicamente durante três anos, mesmo com a monetização do canal de YouTube. Sempre guardamos dinheiro e investimos em uma casa, por exemplo. Fomos a primeira batalha do Brasil a ter um imóvel próprio que usamos como escritório, hospedagem para MCs do País inteiro e criação de conteúdo”, ressalta Bob.
Ele explica que semanalmente os competidores recebem uma premiação por desempenho, que vai desde o 1° colocado até o 16°. O primeiro colocado recebe R$ 1 mil, o segundo R$ 500, o terceiro e quarto R$ 300, do quinto ao oitavo R$ 200 e daí em diante R$ 100. “Na Aldeia, se o MC batalhar o mês inteiro, tem a possibilidade de ganhar de R$ 400 a R$ 4 mil”, conta.
Conforme vão entrando novos patrocinadores, os valores são elevados. Um deles é a EstrelaBet, uma casa de apostas esportivas. Além disso, a cada três meses há uma premiação para os melhores da temporada, com 5 categorias: “Líder da temporada” (recebe R$ 2 mil), “MVP” (R$ 1 mil), “Rei ou Rainha do tchulala” (R$ 500), “MC da galera” (R$ 500) e “Fatality da temporada” (R$ 500). Já o líder anual, o MC que mais somou pontos no ano, ganha R$ 10 mil.
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Para comemorar os 7 anos da Batalha da Aldeia, foi feito um evento no Clube Atlético Juventus, em São Paulo. É a única festa do projeto em que os ingressos são cobrados. Nessa batalha os MCs competem no formato de trio, dentro de um octógono. A premiação deste ano foi histórica: R$ 100 mil: R$ 30 mil para cada integrante do trio vencedor e R$ 10 mil para o “MC mais valioso da noite, o MVP”.
Há competições que têm uma dinâmica diferente, como o “Duelo Nacional de MCs”, com entrada gratuita. O projeto foi criado em 2012 pela organização Família de Rua e a grande final acontece em Belo Horizonte (MG) no mês de dezembro.
O vencedor da edição do ano passado, Luís Henrique Nascimento da Silva, mais conhecido como Big Mike, levou para casa o prêmio de R$ 20 mil, além de R$ 40 mil para investir na produção de um álbum e um contrato com uma gravadora. “Estamos planejando uma grande premiação para a edição deste ano e pretendemos surpreender”, conta Pedro Valentim, integrante da Família de Rua.
Já a “Batalha do Ana Rosa” ocorre desde 2017 em São Paulo, em uma praça ao lado do metrô Ana Rosa, às quintas-feiras. Bruno Baueb, estudante de Administração, MC e um dos organizadores, explica que nem sempre há premios em dinheiro para os campeões semanais por não haver patrocínio fixo. Porém, há quem queira ajudar financeiramente. “Gabriel Veron, jogador de futebol do Porto, entrou em contato recentemente e mandou R$ 5 mil. Esse foi o maior prêmio até agora”.
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Atualmente, as premiações ficam entre entre R$ 100 até R$ 1.000. De acordo com Baueb, a remuneração também pode vir das visualizações do canal de YouTube, por exemplo. Hoje eles contam com 55 mil inscritos, e 262 mil seguidores no TikTok.
Outra batalha conhecida em São Paulo é a “Batalha da Norte”, que ocorre em Santana, na Praça Margarida de Albuquerque Gimenez, desde 2019. De acordo com Luã Rocha, um dos fundadores e organizadores, todos os MCs que participam do evento recebem uma ajuda de custo de R$ 50 e o vencedor R$ 1.000, graças a um patrocínio da EstrelaBet. “Já tivemos uma edição, a número 100, valendo R$ 3.000”, conta. “Nosso retorno financeiro vem basicamente da monetização do nosso canal no YouTube, com 220 mil inscritos, e recentemente da Twitch”.
A importância da educação financeira
Rick Samuel Mendes Duarte, mais conhecido como Xamuel, tem 17 anos e nasceu em Viamão, no Rio Grande do Sul. Recentemente ele viralizou nas redes sociais por sua participação no evento “Batalha da Aldeia 7 anos”. No entanto, não é de hoje que Xamuel atua no universo das batalhas.
Ele conta que sua família sempre foi muito ligada à música. “Desde que eu estava na barriga [da minha mãe] escutava Racionais”, diz. Xamuel lembra que o começo de sua carreira não foi fácil: para conseguir pagar o valor do transporte público para ir às batalhas de tarde, vendia sacos de lixo com o pai e o irmão mais velho. “Desde muito cedo eu sempre ganhei batalhas com premiações, mas eu nunca me beneficiei desse dinheiro. Quando ganhava uma batalha que valia R$ 200, eu dava R$ 50 para minha mãe, R$ 50 para o meu pai e R$ 50 para o meu irmão”.
Apesar de ainda não considerar que ganha dinheiro com as batalhas, os eventos podem abrir portas para outras oportunidades, por conta da sua visibilidade no universo digital. No Instagram, ele tem 1,4 milhão de seguidores e, no TikTok, 2,7 milhões. Tanto que ele irá lançar oficialmente a primeira música em setembro e o videoclipe terá patrocínio, ainda mantido em sigilo.
Xamuel também tem consciência de que ter foco e planejamento financeiro é importante. “Todo dinheiro que eu ganho com as batalhas ou outras coisas vai para a minha família e o que não vai eu guardo. Não considero que eu saiba investir, então deixo guardado porque sei que vai chegar um momento que vou saber.”
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