O que este conteúdo fez por você?
- De origem humilde, Eduardo Mira, analista CNPI, chegou ao primeiro R$ 1 milhão por volta dos 35 anos
- Em todos os empregos que teve, pensou em manter o custo de vida mais baixo que a renda para conseguir poupar
- Junto à esposa, chegou a vender um apartamento para morar de aluguel. O valor recebido ajudou a turbinar a independência financeira do casal
Essa reportagem faz parte do Especial Meu Primeiro R$ 1 milhão
Leia também
“O primeiro R$ 1 milhão é sempre o mais difícil. Eu cheguei no meu por volta dos 35 anos”, afirma Eduardo Mira, 44 anos, analista CNPI-T e sócio de empresas como Me Poupe! e Clube FII. De fato, atingir seis dígitos na conta é uma tarefa desafiadora.
Mira acumula hoje um patrimônio de dezenas de milhões, mas nasceu em uma família humilde, na comunidade do Complexo do Turano (RJ). Desde a adolescência, ele tinha um objetivo muito claro: juntar dinheiro suficiente para não só sair da favela, mas para que nunca mais precisasse voltar àquela condição. “O meu plano era ter uma renda que não acabasse, mesmo se eu perdesse o emprego. Só muito tempo depois eu descobri que isso se chamava renda passiva”, relata.
Primeiro “bico”
O sonho foi o gatilho para iniciar as economias desde o primeiro “bico”, aos 17 anos, quando ganhava alguns trocados lavando carros. Ainda sem acesso à educação financeira, ele investia na popular caderneta de poupança.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“Meu pai se matava de trabalhar para que não passássemos fome e tivéssemos estudo. Ele se humilhava para que nós conseguíssemos bolsas de estudo em colégios particulares e foi assim até o final do fundamental”, afirma Mira.
Aos 18 anos, tentou prestar um vestibular na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mas não conseguiu passar. Então arrumou um segundo emprego, desta vez como office boy, e, por orientação da gerente do banco, passou a colocar o dinheiro poupado em um fundo DI.
“Achava que ficaria rico com fundo DI, mas não foi daquela vez”, relembra, aos risos. “Continuei juntando dinheiro e eu fui fazendo assim durante minha vida inteira.”
Por volta dos 20 anos, nos anos 2000, conseguiu entrar na faculdade particular Estácio para cursar telecomunicações. A mensalidade era paga com o salário que Mira recebia com seu novo emprego, como operador de telemarketing na antiga Telerj. “Trabalhava no turno da madrugada porque precisava do adicional noturno pra pagar a faculdade”, ressalta o analista.
Contato com a Bolsa
Durante o curso, fez amizade com um colega que também tinha interesse por investimentos. “A mãe dele trabalhava em uma corretora”, diz Mira. “Eu sempre tive aquele sonho do imaginário popular de que Bolsa de Valores deixava as pessoas ricas. E ali eu tive um contato mais mais direto com esse mundo.”
Publicidade
Com o amigo, Mira passou a testar simuladores de carteiras de investimentos, mas demorou sete anos para começar a investir em ativos de risco. “Eu perdia mais do que ganhava nesses simuladores, então fui devagar e e fui investindo em renda fixa”, diz.
Nos anos seguintes, ele passou por diferentes trabalhos até capitalizar o suficiente para abrir uma loja de informática. Naquele momento, ele já diversificava os investimentos entre renda fixa e ativos de risco.
Com 29 anos, se casou e comprou um apartamento financiado por R$ 120 mil. Por volta dos 30 anos, passou em um concurso para trabalhar no Banco do Brasil, onde sua esposa também trabalhava. Na instituição financeira, Mira chegou à posição de gerência e sua renda familiar aumentou, o que o permitiu também expandir a fatia direcionada aos investimentos. Gradativamente, começou a aplicar em fundos imobiliários.
Pouco tempo depois, o casal vendeu o apartamento por R$ 390 mil para ir morar de aluguel. “Isso turbinou minha independência financeira”, afirma. Com 35 anos, havia juntado o primeiro R$ 1 milhão, quantia que o gerava uma renda passiva suficiente para cobrir seu custo de vida na época, de cerca de R$ 5 mil por mês.
Depois do R$ 1 milhão
Com um colchão financeiro robusto, ele se arriscou em novas oportunidades. Saiu do BB para ir para o banco Modal, já que tinha o sonho de trabalhar em uma corretora. Na sequência, decidiu seguir carreira solo como analista, ou seja, empreender. “O que me permitiu pensar mais no empreendedorismo foi ter conquistado o primeiro R$ 1 milhão, ter conseguido a independência financeira, não precisar mais trabalhar pra me sustentar”, diz o sócio da Me Poupe!.
Publicidade
O segredo, segundo Mira, não é nada surpreendente: para chegar a qualquer quantia, é preciso ter um custo de vida menor do que a renda disponível e assim conseguir guardar. “Eu só me permitia aumentar o meu custo de vida quando a minha renda passiva aumentava também. Trabalhava bastante, aportava mais, aumentava a renda passiva e depois subia um pouco o custo de vida”, afirma. “Resumidamente: trabalhe para fazer dinheiro e invista tudo o que puder. Foi o que eu fiz. E aí, chegar a R$ 1 milhão é questão de tempo.”
Atualmente, com investimento em ações que pagam dividendos e fundos imobiliários, Mira recebe entre R$ 50 e R$ 70 mil por mês em renda passiva. Ele ressalta que mesmo investindo em produtos conservadores, é possível chegar à cifra seguindo o lema de sempre ter um custo de vida menor do que a renda disponível.
“O segredo para atingir qualquer valor não é nem o quanto você ganha, é o quanto você gasta”, diz. “Até os 18 anos eu usava roupas dadas pelos outros, então eu não podia comprar nada, por falta de dinheiro. Quando comecei a ganhar algum dinheiro, e eu podia comprar alguma coisa, esse pensamento seguiu”, diz. “Até hoje, apesar de eu poder comprar o que eu quiser, não faço isso.”
Aliás, aumentar rapidamente o custo de vida na proporção da renda, foi o fator que fez Rafael Prado falir no seu primeiro empreendimento – mas ele aprendeu a lição e hoje suas empresas faturam R$ 30 milhões por ano. Leia aqui a história de Rafael Prado.
Publicidade