(Min Jeong Lee e Yoojung Lee/WP Bloomberg) – Quando se trata de bilionários do varejo japonês, o primeiro nome que vem à mente é Tadashi Yanai, o empresário por trás da marca Uniqlo e homem mais rico do país.
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Mas há outro fundador que vem chamando atenção agora que uma de suas maiores empresas está se transformando.
A Workman Co., de Yoshio Tsuchiya, se expandiu para além de suas raízes como fabricante de uniformes para trabalhadores e se transformou em uma marca de baixo custo de roupas esportivas e para atividades ao ar livre. A evolução foi elogiada por investidores, analistas e até por Yanai, da Fast Retailing Co., que afirma que a empresa criou um “novo mercado”. Outros observadores questionam se o impulso positivo já atingiu seu limite.
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As ações da Workman mais do que quadruplicaram desde o início de 2018, apesar de ter reduzido alguns de seus ganhos recentemente. Isso elevou a participação de Tsuchiya e de sua família na empresa para cerca de US $ 4,5 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Para um analista, a varejista tem potencial para realmente decolar quando o país se livrar da pandemia de covid-19.
“Será uma das histórias mais emocionantes do varejo japonês” assim que as coisas voltarem ao normal, disse Ruhell Amin, chefe global de pesquisa de ações de varejo da William O’Neil & Co. em Londres.
O início da Workman Co
Tsuchiya abriu a primeira loja da Workman em 1979, quando tinha quase 40 anos. A empresa se especializou em uniformes de trabalho para trabalhadores da construção, um negócio em expansão na bolha econômica do país na década de 1980.
Em 2016, a Workman passou a fazer roupas e acessórios de baixo custo para atividades ao ar livre. Dois anos depois, abriu sua primeira loja WORKMAN Plus, para se concentrar nesse segmento. A empresa tinha 632 lojas regulares e 269 lojas WORKMAN Plus em todo o Japão em 10 de março, geralmente em áreas onde vivem os operários.
Um dos produtos mais populares é uma jaqueta impermeável que custa US$ 36 (3.900 ienes), muito mais barato do que ofertas comparáveis de outras empresas. A “jaqueta leve de escalada” da The North Face, por exemplo, é vendida por cerca de US$ 300 (33.000 ienes).
“Como nossas roupas foram originalmente projetadas para atender aos trabalhadores, elas não eram inferiores às roupas esportivas em termos de funcionalidade. E, o mais importante, podiam ser feitas a preços baratos”, disse Tetsuo Tsuchiya, membro da família e diretor administrativo sênior da Workman, em uma entrevista para a ITmedia Business Online em janeiro. “Percebemos que essa era a força da Workman”.
Como os analistas avaliam as ações da empresa
Richard Kaye, gerente de portfólio da Comgest Asset Management Japan Ltd., que possui ações da Workman, disse que a qualidade dos produtos da empresa pode ser melhor do que os de marcas mais caras devido à sua cadeia de suprimentos.
A fabricante de roupas ostenta “alto desempenho por algo entre metade a um terço do custo das marcas famosas”, escreveu Ryozo Minagawa, analista sênior da SMBC Nikko Securities Inc. em Tóquio, em uma nota de novembro. A marca “não tem competição” no segmento de roupas esportivas baratas, escreveu ele.
“Eu quero que eles mantenham isso – a competição é uma fonte de desenvolvimento”, disse Yanai, da Fast Retailing, a repórteres após uma divulgação de resultados em outubro, quando questionado sobre a ameaça da Workman. “Criamos um novo mercado e a Workman também”, disse ele. “As roupas têm funcionalidade e acho que elas são muito boas”.
Mas outros, como Citigroup Inc., dizem que, embora a Workman tenha tido um forte desempenho em roupas casuais, o crescimento na categoria pode estar atingindo um teto.
“Parece que o impulso gerado pela expansão do formato existente para incluir roupas casuais está atingindo seu limite”, escreveu o analista do Citigroup Yingqiu Zhang em uma nota este mês, após as vendas em lojas da empresa em fevereiro caírem 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira queda desde setembro de 2017.
A Workman se recusou a disponibilizar qualquer um dos executivos da empresa para uma entrevista. O Beisia Group, que está por trás dos vários negócios da família, não quis disponibilizar Yoshio Tsuchiya para uma entrevista. O empresário de 88 anos, que raramente fala com a mídia, estabeleceu uma operadora de supermercado no final dos anos 1950 e a transformou em um império de varejo, com a Workman como principal empreendimento.
O conglomerado conta com a rede de home centers Cainz Co., a operadora de shopping centers Beisia Co. e a Workman como as maiores de suas 28 empresas, de acordo com um relatório da Toyo Keizai em dezembro. Em seguida vêm a operadora de loja de conveniência Save On Corp., a varejista de eletrônicos Beisia Denki Co. e a rede de lojas de produtos automotivos Auto R’s Co.
Essas seis redes respondem por 90% da receita do grupo, de acordo com o relatório da Toyo Keizai. Em uma entrevista para a reportagem, Tsuchiya disse que as vendas do grupo chegaram a 1 trilhão de ienes pela primeira vez nos 12 meses encerrados em outubro.
Tsuchiya e sua família podem ter mais de US$ 8 bilhões quando se somam suas participações em outras empresas do grupo, que são privadas. Isso os torna uma das pessoas mais ricas do Japão, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Mas os ganhos da família ficaram mais difíceis nos últimos meses, com as ações da Workman perdendo mais de um quinto de seu valor em relação a uma alta recente em julho.
William O’Neil removeu as ações da Workman da cesta de “foco” de sua empresa na recente liquidação, mas Amin diz que é apenas porque a empresa está passando por um “colapso técnico”.
A empresa, entretanto, está pronta para um novo desafio. Ela planeja abrir uma nova categoria de lojas chamada WORKMAN Girl, que oferece roupas casuais e outdoor para mulheres. A empresa tem apenas uma loja dessas e pretende lançar mais 399 em 10 anos.
No longo prazo, as perspectivas da Workman continuam boas, de acordo com Amin.
“É uma grande empresa, bem administrada, com um foco claro e único”, disse ele. “O crescimento das vendas tem sido fenomenal mês a mês nos últimos três a quatro anos”, disse ele. “Claramente, eles estão fazendo tudo certo “.
(Tradução de Renato Prelorentzou)