Monique Evelle, fundadora da Inventivos. Créditos: Guilherme Lemos
(Roberta Picinin, especial para o E-Investidor) – A empreendedora Ana Minuto é idealizadora do Potências Negras, comunidade focada em aumentar o número de pessoas negras inseridas no mercado de trabalho. Durante a pandemia da Covid-19, ela recorreu ao ‘Profissas’, rede de desenvolvimento de habilidades humanas para carreiras, para buscar investimentos e parcerias para o projeto.
Formada em sistemas da informação, ela também é fundadora da Minuto consultoria, que atua com foco em diversidade e inclusão, e é uma das 61,5% empreendedoras negras cadastradas no País, de acordo com o estudo “Afroempreendedorismo Brasil”, desenvolvido em parceria pela RD Station, Inventivos e o Movimento Black Money, em 2021.
Atualmente, o Brasil conta com 52 milhões de empreendedores, sendo 30 milhões de mulheres, cerca de 57%, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), pesquisa sobre empreendedorismo no mundo. Como MEIs (microempreendedoras individuais), elas representam 48%.
Ana Minuto, empreendedora e idealizadora do Potências Negras
Entre as empreendedoras negras, Ana Minuto é um dos exemplos de quem foi subestimada antes de engatar o projeto. Ela teve a ideia do Potências Negras há 12 anos, mas não tinha quem investisse e acreditasse na ideia do negócio.
“O Potências Negras veio para mostrar que nós, negros, somos 56% da população brasileira. Apesar dos desafios, existem negros diretores, CIOs e investidores”, diz. Para a empreendedora, as pessoas só conseguem ver onde podem chegar quando encontram pessoas parecidas com elas mesmas como exemplo.
Apesar de minoria no mercado financeiro, pardos e negros são 56,2% da população brasileira, mais de 100 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Minuto, o Potências Negras tem uma comunidade com foco em ‘enegrecer’ – aumentar a quantidade de pessoas negras – o mercado de trabalho e combater o racismo a partir de aulas e eventos com painéis sobre negritude, tecnologia e profissão. “Tudo isso visando trazer representatividade e reconhecimento para as população negra, de forma que outras pessoas possam avançar e se inspirar ao trilhar suas carreiras”, destaca.
Empreender para o social é possível?
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Para Monique Evelle, que fundou a plataforma Inventivos para ajudar na formação de novos empreendedores durante a pandemia, empreender é a atividade profissional que garante a maior satisfação. Com apenas cinco meses de empresa, a Inventivos conseguiu apoio do Black Founder do Google, fundo de investimentos que tem como foco apoiar pessoas negras no mercado de trabalho.
“Empreender é possível, mas não é fácil, principalmente para pessoas negras, mulheres, LGBTQIA + e PCDs”, afirma Evelle, que convive com um questionamento: “será que há espaço para todo mundo no futuro do trabalho? Será que o empreendedorismo pode ser por autonomia e oportunidade como foi pra mim?”
De acordo Evelle, há espaço tanto para o empreendedorismo de pessoas negras quanto para o social monetizado e sustentável. Ela, que também é jornalista, juntou a vontade de empreender com sua área de atuação profissional que era na comunicação social.
Por meio de cursos e palestras realizadas pela Inventivos, Monique aplica suas experiências e estratégias de análise de mercado, que usou inicialmente para “startar” sua empresa, e ainda mostrar como fazer um serviço que ajude outras pessoas a evoluírem no meio empreendedor.
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“Eu iniciei fazendo listas do que gosto de fazer e fui combinando a comunicação com o que eu queria trabalhar. O que a gente busca fazer também tem que ter um link com o que o mercado busca hoje”, afirma.
Monique aconselha para quem busca começar seu próprio negócio, a procurar pessoas complementares, fazer networking que agregue no seu aprendizado, dominar suas habilidades e ter um olhar atento para identificar os problemas ao seu redor e criar soluções para o mercado.
“Nós precisamos de soluções. Por isso é importante analisar os problemas que vemos no mercado e questionar: “estou resolvendo o problema?” e ter uma resposta positiva”, diz.
O combate ao racismo no mercado de trabalho
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Já a EmpregueAfro surgiu assim como a Inventivos, com o objetivo de ajudar a população negra a ser inserida no mercado de trabalho. A fundadora Patrícia Santos começou a empresa como projeto social em 2005, mas somente em 2013 conseguiu transformar a companhia em uma consultoria de recursos humanos.
Desde o início, Santos sabia das barreiras que precisaria enfrentar com o racismo e machismo, e também da responsabilidade por outras vidas. Além disso, ela afirma que hoje consegue oferecer oportunidades de trabalho para quem realmente precisa, e é isso que a faz feliz todos os dias.
A empreendedora diz que hoje, apesar de a EmpegueAfro ser uma microempresa com 13 funcionários, ajudar a comunidade negra a se posicionar no mercado de trabalho traz a sensação de estar vencendo uma batalha. “Estou puxando muitas pessoas negras para trabalhar comigo”, destaca.