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- A Apple lança nesta segunda-feira (9) a nova linha de smartphones, do iPhone 16
- Nos últimos 17 anos, os preços dos iPhones dispararam no Brasil, diminuindo o poder de compra do consumidor do País
- O iPhone X, por exemplo, custava cerca de oito salários mínimos de um brasileiro em 2017
A Apple (AAPL34) lançou nesta segunda-feira (9) sua nova linha de iPhones, de número 16. Os smartphones da empresa de tecnologia são altamente procurados por seu desempenho, qualidade de imagens e espaço de armazenamento, além de outros benefícios que fazem com que a Apple tenha milhões consumidores ao redor do mundo. Porém, as grandes novidades também pesam no bolso de quem compra o aparelho, especialmente no Brasil.
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Os preços do iPhone 16 variam de cerca de R$ 7,8 mil a R$ 15,5 mil a depender do modelo desejado. Os valores da linha lançada no ano passado, do iPhone 15, variavam entre R$ 7,3 mil a R$ 14 mil, a depender do nível do aparelho. Com preços salgados, quem gosta de trocar o celular todos os anos pela versão mais nova deve ter um bom planejamento financeiro para conseguir realizar esses planos.
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No entanto, um brasileiro que quisesse comprar o primeiro lançamento de iPhone no Brasil, em 2008, poderia encontrar a versão mais barata a R$ 899. Em um contexto de variações econômicas constantes, o E-Investidor consultou alguns analistas sobre como o poder de compra do consumidor brasileiro evoluiu desde 2007 – lançamento do primeiro iPhone do mundo – e o que esperar em termos de planejamento financeiro para quem deseja o mais novo modelo da Apple.
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, explica que há 16 anos o Brasil vivia um momento de otimismo econômico, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e um real valorizado frente ao dólar. O iPhone 3G mais barato na época correspondia a cerca de dois salários mínimos, que naquele ano era de R$ 415. Embora fosse um esforço financeiro significativo, ainda assim era viável somente para uma parte da população.
“Hoje, a realidade é diferente. O cenário econômico do Brasil enfrentou crises que impactaram o poder de compra dos consumidores, especialmente no que diz respeito a produtos importados. A desvalorização cambial e a inflação corroeram a capacidade de adquirir itens de luxo, como o iPhone, tornando-o um produto acessível apenas para uma pequena parcela da população”, revela Moura.
O preço de um iPhone no Brasil é influenciado por fatores macroeconômicos, como a variação cambial e a carga tributária. A desvalorização do real frente ao dólar no período analisado saltou de R$ 1,80 em 2008 para mais de R$ 5,50 em 2023 – e cerca de R$ 5,59 em setembro de 2024 – , impactando diretamente o preço de produtos importados.
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Além disso, impostos sobre eletrônicos no Brasil, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), aumentam o custo final em até 80%. Portanto, para quem deseja adquirir um iPhone no Brasil, é importante compreender como essas forças econômicas afetam o preço e como a variação do dólar pode influenciar o momento da compra.
Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia da Segunda Região (Correcon SP), mostra que comprar um iPhone hoje é muito mais difícil em questão de renda e juros. Para ele, mesmo com um aumento de renda média do brasileiro no ano passado, aqueles que não fazem parte dos grupos mais ricos da população muito provavelmente terão de financiar a compra. Nesses casos, o juros serão altos, assim como as chances de endividamento.
“Embora em 2008 tivemos uma crise financeira internacional, o Brasil sofreu muito pouco naquele período. Porém, por vários motivos, os últimos anos não foram tão bons para a economia do País, embora exista uma retomada desde o ano passado. Então, não posso nem imaginar que alguém que comprava iPhone em 2008 vai continuar comprando em 2024”, comenta Gomes.
Leia mais: O dilema da Apple que exige um crescimento turbo para compensar o investimento nas ações; entenda
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Veja abaixo a evolução dos preços de iPhones ao longo dos últimos 17 anos, comparado com o poder de compra do brasileiro que recebia um salário mínimo em cada ano de lançamento. Vale destacar que os modelos considerados não são lançamentos consecutivos, mas mudanças significativas no software dos aparelhos ou momentos históricos da marca:
Ainda vale a pena comprar um iPhone fora do Brasil?
Com os altos preços dos smartphones da Apple no Brasil, muitos consumidores consideram fazer a compra em outros países, como os Estados Unidos, onde o valor é tradicionalmente mais baixo. No entanto, a viabilidade dessa opção depende de uma análise detalhada dos custos adicionais.
Um iPhone 15 nos EUA custa atualmente US$ 799 – o equivalente a R$ 4.474,40 na cotação atual do dólar – , comprando no site da Apple. O sócio da Matriz Capital lembra que a cota de isenção da Receita Federal para produtos comprados no exterior é de US$ 500 e ainda são cobrados 50% de imposto sobre o excedente.
Ou seja, serão cobrados mais US$ 149,5 pelo celular novo, ou R$ 837,20. No final, o valor pago apenas no aparelho junto esse imposto será de R$ 5.311,60.
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Embora o preço seja mais baixo, custos como passagens, hospedagem e alimentação, além da taxação ao retornar ao Brasil, devem ser considerados. “Para quem já planeja viajar, pode ser uma oportunidade, mas dificilmente compensa a viagem apenas para a compra”, revela o economista.
O planejamento para o iPhone
Após entender que o poder de compra do brasileiro não é favorável em relação ao iPhone, é importante destacar que um planejamento financeiro é essencial para ter um smartphone da empresa da maçã.
Em primeiro lugar, é preciso fazer uma análise minuciosa em relação às receitas e despesas mensais. Considere se, de fato, há espaço para o gasto de cerca de R$ 7 mil para a compra de um iPhone no lançamento.
Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, lembra que mesmo com o parcelamento da compra, é preciso verificar se esse valor não irá prejudicar as contas e pagamentos de despesas, podendo até mesmo causar possibilidade de dívida.
“É sempre importante lembrar que a reserva de emergência não deve, por exemplo, ser usada para esse tipo de gasto, já que, como o próprio nome diz, ela deve ser usada para situações de imprevistos. Por isso, é importante ter uma reserva de emergência antes de considerar ter um gasto que pode comprometer a renda e as contas”, revela Louzada.
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Para os investidores, Leonardo Andreoli, planejador financeiro da Hike Capital, indica que a primeira estratégia para adquirir um aparelho da Apple juntando dinheiro de aplicações seria fazer aportes mensais que não comprometam sua renda mensal e buscar investimentos com prazos de resgates maiores, porque tendem a oferecer rendimentos maiores.
No entanto, é essencial estar atento ao prazo de resgate para não correr o risco de ficar impossibilitado de acessar o montante final. Andreoli recomenda mudar o investimento para produtos com prazos de resgate mais curtos à medida que a data de lançamento do celular se aproxima.
Além disso, os especialistas afirmam que trocar de iPhone a cada lançamento exige uma avaliação cuidadosa do consumidor sobre as novidades do modelo e se elas realmente agregam valor a você. Atualizações de um ano para o outro podem não trazer mudanças significativas e, para a maioria das pessoas, não faz sentido gastar uma grande quantia anualmente com um aparelho.
O fundador da Eu me banco indica que o ideal é esperar cerca de dois anos ou mais pela troca, o que permite aproveitar um conjunto maior de novas funcionalidades e melhorias. Vale lembrar que algumas operadoras oferecem a possibilidade de trocar os modelos de iPhones todos os anos por meio de assinatura, que também deve ser analisada e planejada com cuidado para não causar danos às suas finanças.
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