- Os argentinos foram às urnas neste domingo (19) e elegeram o libertário, e oposicionista ao atual governo, Javier Milei presidente da Argentina
- Milei pretende solucionar os problemas econômicos dolarizando a economia, o que na prática significa que todas as transações passariam a ser em dólar
- A expectativa é que o peso argentino perca ainda mais valor, mas isso não significa que o país ficará barato para os turistas
Os argentinos foram às urnas neste domingo (19) e elegeram o libertário, e oposicionista ao atual governo, Javier Milei presidente da Argentina com uma vantagem histórica sobre o rival, o peronista Sergio Massa.
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O próximo presidente da República terá como missão solucionar a profunda crise econômica do país. Hiperinflação, câmbio desvalorizado, escassez de dólar, juros a 133% ao ano e pobreza em 40% da população listam os principais problemas econômicos que tornam o dia a dia dos ‘hermanos’ mais difícil. Milei pretende solucionar os problemas econômicos dolarizando a economia, o que na prática significa que todas as transações passariam a ser em dólar, desde o comércio, até o pagamento de salários.
Para os turistas, portanto, o dólar passaria a ser a moeda usada na viagem, e não o peso. “O brasileiro já usa o dólar como referência para ir para Argentina, então tudo indica que nada mudaria nesse sentido. Mas só o fato de haver uma sinalização de que a economia do país pode ser dolarizada poderá valorizar a moeda americana, que pode se tornar ainda mais cara para os brasileiros”, explica Glauber Mota, CEO do app financeiro global Revolut.
Para Milei, a ideia é que a dolarização acabe com o problema da hiperinflação no país, que registrou alta de 142,7% nos preços em outubro, no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec). Apenas em um mês, de setembro para outubro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do país avançou 8,3%, quase o dobro da inflação brasileira para o ano todo.
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No caso em que a moeda oficial da Argentina continue sendo o peso, o mercado projeta uma desvalorização ainda maior da moeda, mas isso não significa que o país ficará mais barato para os brasileiros.
Segundo os dados da Economatica, o dólar norte-americano subiu 99% em relação à moeda da Argentina no acumulado de 2023. Já em relação ao real, o movimento foi o inverso: dólar caiu 6,38% durante o mesmo período. Em relatório divulgado em agosto deste ano, o Bank of America projeta uma desvalorização de até 70% para o peso argentino até 2024. Para especialistas, porém, isso não significa que os preços ficarão mais baixos na Argentina para os turistas.
“A desvalorização do peso argentino aconteceria em ambos os cenários, mas o turista brasileiro não deve notar grandes diferenças, principalmente com popularização do câmbio não oficial. A inflação vai aumentar o preço dos produtos e serviços em peso, igualando novamente o cenário econômico. Os importadores e exportadores podem notar maiores mudanças, já que utilizam o câmbio oficial”, argumenta Marcos Weigt, head da tesouraria do Travelex Bank.
Para Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, os dois presidenciáveis representavam incertezas ao mercado sobre a capacidade de solucionar os problemas econômicos do país. A preocupação do mercado com Milei é a sua postura mais radical nas propostas econômicas, como a dolarização da economia.
A desconfiança prevalece devido ao atual cenário global com juros elevados nos Estados Unidos e com o surgimento de novos conflitos geopolíticos. “O mercado não costuma reagir bem a medidas extremas. A Argentina não reserva suficiente dólar para poder sustentar a mudança”, diz Luis Felipe Miquilini, especialista em Investimentos Internacionais da Blue3 Investimentos.