- O Ibovespa acumula uma baixa de 6,16% no ano - somente em abril, a desvalorização foi de 1,7%, aos 125.924,19 pontos
- Durante o mês, indicadores econômicos, como a inflação nos EUA, impactaram o desempenho do principal índice de ações da B3. Entretanto, não foram só dados numéricos que influenciaram os ânimos.
- Quatro nomes que balançaram o Ibov no mês foram: Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda; Jean Paul Prates, presidente da Petrobras (PETR4); Sergio Zimerman, CEO da Petz; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
O Ibovespa acumula uma baixa de 6,16% no ano – somente em abril, a desvalorização foi de 1,7%, aos 125.924,19 pontos. Durante o mês, indicadores econômicos, como a inflação nos EUA, impactaram o desempenho do principal índice de ações da B3. Entretanto, não foram só dados numéricos que influenciaram os ânimos.
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Há alguns personagens que foram importantes para definir o ritmo da Bolsa nos últimos 30 dias e cujas falas os investidores acompanharam de perto. Quatro desses nomes foram: Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda; Jean Paul Prates, presidente da Petrobras (PETR4); Sergio Zimerman, CEO da Petz (PETZ3); e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.
Abaixo, entenda o porquê desses personagens terem sido tão importantes para o mercado financeiro em abril.
Fernando Haddad
O petista Fernando Haddad é ministro da Fazenda do Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), o ex-prefeito de São Paulo entre 2012 e 2016 é agridoce para o mercado.
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Quando foi elevado à Ministro da Fazenda por Lula, os investidores reagiram com ceticismo. Entretanto, Haddad surpreendeu em partes, ao apresentar o Arcabouço Fiscal no ano passado e se mostrar como uma voz mais “pragmática” dentro do governo.
A entrega do projeto de lei que regulamenta a Reforma Tributária, na última quarta-feira (24), por exemplo, agradou. “Ele faz uma condução bem adequada, tentando de todos os modos articular entre mercado e governo. Mesmo não possuindo a palavra final, tem demonstrado interesse em avançar com pautas difíceis”, afirma Alexandre Pletes, chefe de renda variável da Faz Capital. “A permanência dele no cargo, talvez, seja o ponto mais estável do Governo até agora.”
Por outro lado, há uma visão de que ele está perdendo batalhas importantes. Uma delas foi consolidada com a mudança nas metas fiscais estabelecidas no Arcabouço Fiscal em 2023. Agora, em vez de déficit zero em 2024 e superávit de 0,5% em 2025, a expectativa é de déficit de 0,25% esse ano e zero somente no ano que vem. As alterações foram confirmadas por Haddad no dia 16 de abril. Em reação, o Ibov aprofundou as quedas, fechou em -0,75%, enquanto o dólar disparou 1,25%.
Os juros futuros oferecidos pelo Tesouro IPCA+, título público atrelado à inflação, bateram os 6%, patamar alcançado geralmente durante crises econômicas.
“O mercado já entendeu que não haverá uma meta fiscal condizente, tanto que você tem visto bolsa para baixo, dólar para cima, muito por conta das declarações do presidente Lula”, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos. “Então o Haddad está numa saia justa, é difícil até opinar sobre isso. É uma queda de braço que ele não está ganhando.”
Jean Paul Prates
Jean Paul Prates foi eleito para a presidência da Petrobras em 26 de janeiro do ano passado, data em que as ações fecharam em queda de 2,75%. A reação do mercado aconteceu em função do suposto alinhamento entre Prates e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Isto porque, além de advogado, mestre em economia e gestão de petróleo, gás e motores, ter ocupado vários cargos de liderança ao longo da carreira, Prates também foi senador pelo Rio Grande do Norte, filiado ao PT. Entretanto, apesar do “susto” inicial do mercado com a indicação do nome dele para CEO da petroleira, hoje a visão a respeito do executivo é diferente.
“Apesar de ser ex-senador petista, o mercado vê ele com certa razoabilidade, principalmente por ter uma visão mais alinhada ao mercado. É um perfil técnico, que tem muitos anos de experiência na área de óleo e gás”, diz Meira, da Valor Investimentos.
Entretanto, assim como Haddad, a visão dos investidores e analistas é de que Prates equilibra “pratos” dentro da estatal. No começo de abril, rumores de que Prates seria demitido da estatal acabaram provocando uma queda de 1,4% das ações.
“Tem sido uma atuação bem pragmática, inclusive surpreendendo quanto a condução dos preços praticados pela Petrobras. Atualmente vê-se uma forte atuação da cúpula do Governo sobre ele, o que tem dificultado sua manutenção no cargo”, ressalta Pletes, da Faz Capital.
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Esses rumores se intensificaram a partir do dia 8 de março, quando a empresa chegou a anunciar que represaria os proventos extraordinários. O anúncio provocou uma queda de mais de 10% nos papéis PETR4, entretanto, a administração da companhia voltou atrás. No dia 25 deste mês, a gestão sinalizou distribuir 50% deste capital, o que engatilhou uma sequência de altas nos papéis do estatal. No acumulado de abril, a valorização foi de 18,42%, a maior entre as empresas do Ibov.
Sergio Zimerman
O CEO da Petz (PETZ3), Sergio Zimerman, é uma figura peculiar do mercado financeiro. Desde o ano passado, o executivo vem avançando cada vez mais sobre o capital da companhia e desafiando os vendidos no papel. No acumulado de 2023, as ações da empresa afundaram 36,7%, passando de R$ 6,24 para R$ 3,95.
No mesmo período, a fatia do chairman na rede de pet shops saiu de 26,42% para 29% – e continuou avançando. Em fevereiro, o CEO chegou a 43% de participação na companhia por meio de uma estratégia com derivativos.
As aquisições agressivas chamaram a atenção para a empresa e geraram uma expectativa positiva para as ações no futuro – que logo se confirmaram. No dia 19 de abril, a Petz comunicou uma combinação de negócios com a Cobasi. A notícia fez os papéis dispararem 37% no pregão, para R$ 5,14. Cerca de uma semana depois, em 25 de abril, a companhia anunciou mais uma aquisição relevante feita por Zimerman, que agora beira os 50% do capital da empresa.
“Ele fez uma jogada muito boa, porque abriu o IPO da empresa e captou dinheiro barato. Depois, a ação caiu e ele recomprou tudo. Enquanto executivo, foi uma ótima decisão e agora a fusão vem para facilitar ainda mais o crescimento da empresa”, diz Meira, da Valor Investimentos. “Tem que entender como vai ser a sinergia dessa fusão nos próximos meses.”
Essa também é a visão de Pletes, da Faz Capital. “Vemos como positiva a atuação dele, considerando que possui informações operacionais que são desconhecidas do mercado”, diz. “Se o ‘dono’ da empresa acredita que o custo de oportunidade está valendo a pena, não vejo motivos para discordar.” No acumulado de abril, a PETZ3 sobe 8,74%, a quarta companhia do Ibovespa com maior valorização no mês. Perde apenas para Petrobras, IRB e JBS.
Tarcísio de Freitas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem agradando o mercado. Mestre em engenharia de transportes, especialista em gerenciamento de projetos e ex-ministro da Infraestrutura no Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele conseguiu privatizar a última estatal de energia de São Paulo, a Emae (EMAE4). O leilão foi realizado em 19 de abril.
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Tarcísio também caminha para fechar a aguardada privatização da companhia de saneamento básico Sabesp (SBSP3). No dia 17 de abril, a Câmara Municipal de SP aprovou a adesão à desestatização, em primeira votação. A expectativa é de que a segunda votação aconteça nesta quinta-feira (2). As ações SBSP3 acumulam uma valorização de 9,72% no ano e de 83,5% em 12 meses.
“O mercado gosta bastante e entende ele como um dos presidenciáveis para a próxima eleição presidencial. É um cara que tem todo um histórico interessante. Quando foi ministro de infraestrutura, tocou projetos enormes, fez com que eles rodassem, coisas que estavam travadas há muitos anos”, ressalta Meira, da Valor Investimentos.
A visão positiva é compartilhada por Pletes, da Faz Capital. “O governador paulista já chegou ao posto com a missão de organizar a casa, tornando a atuação do estado menor. As privatizações nada mais são do que o cumprimento de promessas de campanha”, diz.