O que este conteúdo fez por você?
- Uma simples decisão política pode desencadear vários outros dispositivos até impactar a sua carteira de investimentos e o seu bolso
- Veja como a política afeta seus investimentos e como se preparar
Já ouviu falar de “efeito borboleta”, não é? A teoria criada pelo meteorologista Edward Lorenz afirma que se o pequeno animal bater as suas asas numa hora e lugar específicos, pode causar um furacão a milhares de quilômetros de distância. Algo semelhante pode ocorrer no mercado financeiro. Uma simples decisão política pode desencadear em vários outros dispositivos até impactar a sua carteira de investimentos e o seu bolso.
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A mais recente pesquisa da Genial Investimentos/Quaest, realizada entre os dias 14 e 19 de março de 2024, aponta que 57% dos representantes do mercado alteraram as carteiras após as declarações do presidente Lula sobre a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3);(PETR4). Em geral, 89% dos entrevistados acreditam que uma intervenção do governo vai diminuir investimentos estrangeiros no Brasil. Além disso, a avaliação negativa da governo Lula 3 passou de 52% para 64%.
De acordo com o analista político da XP Investimentos, Erich Decat, as tentativas de influenciar no processo de sucessão do diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, e a resistência de não pagar os dividendos extraordinários da Petrobras aos investidores estremeceram o sentimento de confiança em relação ao governo.
No mundo financeiro, embora haja variações na operação de país para país, é comum observar um conjunto de regras e comportamentos que tendem a prevalecer. Uma das principais missões desse ambiente é sustentar a economia nacional, assegurando o bem-estar da população e seus investimentos.
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Nesse sentido, os Bancos Centrais assumem um papel crucial ao analisar uma série de indicadores, como o índice de consumo das famílias, taxa de emprego e desemprego, bens duráveis e o Produto Interno Bruto (PIB). Com base nessas informações, eles decidem se aumentam, diminuem ou mantêm as taxas de juros. Além disso, essas instituições financeiras desempenham um papel de supervisão no mercado, garantindo transparência e segurança aos investidores.
Como a política impacta o mercado financeiro
As políticas econômicas dos governos, que englobam taxas de juros, políticas fiscais (gastos e impostos) e políticas monetárias (controle da oferta de dinheiro), exercem uma influência direta sobre o mercado financeiro. Portanto, as decisões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como o arcabouço fiscal ou o projeto de reforma tributária, impactam não apenas a inflação, o crescimento econômico e a estabilidade financeira, mas também repercutem nos preços dos ativos financeiros. Leia esta matéria: Haddad entrega projeto da reforma tributária. O que o mercado espera?
Segundo Decat, isso é perceptível nos comunicados publicados por diretores do BC após se reunirem para tomar uma decisão. “Há várias citações diretas e indiretas da política nas atas do Copom, Comitê de Política Monetária que sempre introduzem análises de cenários políticos, de Brasília e do Congresso”, afirma.
Além disso, a regulação governamental das instituições financeiras desempenha um papel fundamental. Mudanças nas regulamentações têm o potencial de influenciar a volatilidade dos preços das ações, o acesso ao crédito e a disponibilidade de produtos financeiros, como a alteração no Imposto de Renda (IR) que fez as pessoas migrarem para fundos de crédito privado.
Também é importante ressaltar as incertezas provocadas por eventos políticos de grande relevância, como eleições, mudanças de governo, crises geopolíticas e conflitos comerciais entre países. Um exemplo recente seria o ataque do Irã a Israel, que fez as criptomoedas desabarem em bloco.
Acontecimentos políticos interferem nos investimentos?
O analista político Erich Decat afirma que muitas pessoas poderiam aproveitar as oportunidades de cada ciclo econômico se entendessem que o mundo dos investimentos e da B3 (a bolsa de valores) não é alheio à política. “Não faz o menor sentido aquele senso comum das pessoas que não investem, de que ‘mercado financeiro não tem nada a ver com a economia real’. Esse olhar é um erro terrível” salienta.
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Deve-se estar atento tanto às decisões nacionais, quanto internacionais. Por ser um País em desenvolvimento, a economia brasileira ainda possui grande dependência do que ocorre nos mercados globais, e qualquer alteração no fluxo de capitais impacta o câmbio, as importações e exportações e, por consequência, a balança comercial.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está mantendo uma postura resistente contra a inflação, ao passo que sua taxa de juros é a maior da história no momento, entre 5,25% e 5,50% ao ano. Atento a isso, o BC brasileiro definiu a taxa Selic em 10,75% ao ano, após decisão no dia 20 de março de 2024.
Tais fatos afetam vários setores do mercado, como rendimentos dos investimentos em renda fixa (títulos do governo e certificados de depósito); valoração de ativos financeiros, como ações e imóveis; ajustes nas expectativas da inflação; e até custos de capital de empresas, que podem influenciar debêntures e empréstimos.
Por que todo investidor precisa acompanhar a agenda política?
Informação é poder. Não é preciso ser um expert em finanças e investimentos para perceber os rumos da economia. Porém, não se vai muito longe sem um ponto muito importante: é preciso acompanhar o noticiário!
As informações sobre conflitos militares, acordos comerciais entre nações, fusões e aquisições entre grandes empresas, assim como a entrada ou saída de empresas na bolsa de valores, e o lançamento de novos empreendimentos em diversos setores, são apenas alguns exemplos do que é coberto por veículos de imprensa econômicos. São esses os fatores que ditam o caminho para o qual os ventos sopram.
É dessa forma que o investidor consegue fazer escolhas de investimento mais embasadas. Ao criar o hábito de ler, logo será possível fazer correlações entre os fatos e compreender quais aspectos são afetados, bem como saber se um movimento de alta e queda é temporário ou permanente. Dessa forma, é possível tanto enxergar oportunidades quanto se proteger tomando atitudes mais incisivas em relação à carteira.
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No entanto, também é preciso compreender que não é necessário se desesperar a cada notícia ou projeção de economistas. Deve-se entender o que a informação realmente significa. Afinal, já dizia Warren Buffet: “A melhor qualidade para um investidor é temperamento, não inteligência.”