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Comportamento

Como fazer um planejamento financeiro para ser um nômade digital

A vontade de conhecer lugares novos ou de estar longe do agito de grandes cidades motivam a adoção do estilo

Como fazer um planejamento financeiro para ser um nômade digital
Davi "Cabeça para Baixo" em Spitzkoppe, Namíbia Foto: Arquivo Pessoal
  • Nômades digitais são pessoas sem habitação fixa que conseguem trabalhar pela internet, seja de forma remota para empresas e instituições ou como autônomo
  • “A primeira dica é ter na mente, com clareza, que vida nômade não é férias", aconselha nômade digital que passou por 54 países
  • "Se for para nos mudarmos, vamos viver com uma mochila”, avaliou estatística capixaba que adotou o modelo de vida trocando grandes centros urbanos por cidades pequenas

Entre diferentes influências de comportamento que a pandemia estabeleceu, o trabalho remoto passou a ser visto como uma possibilidade, ampliando formatos de carreira. É o caso dos nômades digitais. Para quem vê de fora, pode parecer quase férias, mas disposição para flexibilidade e um bom planejamento financeiro são essenciais para quem quiser viver nesse modelo.

O que é um nômade digital?

O termo “nômades digitais” refere-se a pessoas sem habitação fixa que conseguem trabalhar pela internet, seja de forma remota para empresas e instituições ou como autônomo.

Se, em geral, os gastos fixos podem ajudar na hora de gerir o orçamento, a flexibilidade é um dos pontos fundamentais para o planejamento dos gastos com as viagens e hospedagens.

Seja no Brasil ou no exterior, a vontade de conhecer lugares novos ou de estar longe do agito de grandes cidades motivam os brasileiros que tomam essa decisão.

Do escritório ao giro no mundo de cabeça para baixo

Com o desejo de dar uma volta ao mundo, Davi Montenegro (@cabeca.pra.baixo) partiu para uma viagem pela Ásia em 2014, aos 24 anos. Durante 8 meses, conheceu diversos países e culturas, mas acima de tudo, o período foi de lições e ensinamentos.

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Além do aprendizado, a viagem foi a oficialização do apelido “Cabeça pra baixo”, por fazer registros, literalmente, de cabeça para baixo. Porém, faltou planejamento, que serviu de lição para futuras aventuras. “Eu ainda era muito jovem, sem muita organização e não consegui usar o dinheiro de forma sustentável. Voltei com apenas R$ 1 mil e precisei voltar para a casa da família, em Fortaleza”, narra.

Engenheiro por formação, Montenegro voltou para São Paulo, onde morou desde os 17 anos, para trabalhar na área. “Passei três anos e meio trabalhando em escritório para juntar dinheiro e investir. Até que chegou o momento que decidi que precisava de uma nova experiência”, explica.

Em 2018, seguiu para uma nova aventura por um ano e meio. Iniciando a viagem na Rússia durante a Copa do Mundo, ele cruzou o Leste Europeu, visitou países do Oriente Médio e atravessou a África de Norte a Sul.

Foi nessa fase, com maior preparação e aprendizados, que decidiu buscar fontes de renda enquanto estava fora, dessa forma, não correria o risco de acabar com todas as economias. “Comecei a estudar sobre edição de fotos de vídeos para redes sociais, passei a buscar parcerias de empresas do setor de turismo e hospedagem para não passar o mesmo perrengue da viagem anterior”, destaca.

Um dos resultados do trabalho remoto foram os livros “O Guia Completo do Mochileiro Raiz” e “O Mundo de Cabeça pra Baixo”, onde detalha os desafios, as descobertas e lições de planejamento por onde passou.

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Por conta da pandemia, retornou ao Brasil para rever amigos e familiares, e visitou diferentes estados, à medida que havia flexibilização, seguindo a vida nômade. Em fevereiro, foi para a Colômbia, de onde pretende seguir para outras nações, sem data para retorno. Ao todo, Montenegro já visitou 54 países.

Há quatro anos sem vínculos empregatícios, ele se reconhece como nômade digital antes mesmo de conhecer o conceito do termo.

Como economizar

“A primeira dica é ter na mente, com clareza, que vida nômade não é férias. Viver em ritmo de férias por vários meses não é viável. É preciso abrir mão de conforto, determinadas atividades e restaurantes mais caros para que o orçamento seja suficiente”, aconselha.

Uma dica, segundo ele, é não passar mais tempo em cidades onde o custo de vida é maior. Mesmo quando há o desejo de conhecer o lugar, passar poucos dias pode ser uma saída. Além disso, ele comenta que prefere viajar por terra para evitar gastos mais elevados com passagens aéreas. Quando estiver no Panamá, um dos destinos da sua atual jornada, ele pretende comprar uma bicicleta para chegar ao México.

Sobre os investimentos, Montenegro explica que a segurança é o ponto principal. Para não correr risco de ter perdas no momento da viagem, ativos de renda fixa são os que mais se encaixam no perfil para manter o poder de compra das reservas.

Vida nômade e educação financeira

A junção da vida nômade com educação financeira atraiu a estatística capixaba Jacqueline Ferreira e e a arquiteta cearense Luna Lyra.  Enquanto Ferreira já possuía experiência no mercado financeiro, Lyra passou a pesquisar sobre o tema para a melhor administração das próprias finanças.

Em contato com outras pessoas, viram que o trabalho conjunto poderia ajudar outras pessoas em volta delas. Foi quando decidiram, inicialmente, ajudar amigos e a rede próxima de contato a fazer um planejamento financeiro, lançando o Guarda o Troco  (@guardaotroco), para oferecer conteúdo de educação financeira e dar consultorias de planejamento.

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Segundo elas, o interesse sobre orçamento e planejamento financeiro surgiu para atender demandas próprias. Começaram a estudar após identificarem melhores oportunidades de contas bancárias, com taxas mais justas e melhores rendimentos.

“Dinheiro é um grande tabu. Muitas vezes, só em falar o quanto você paga em uma taxa ou em contas essenciais com outra pessoa, já é possível conhecer novas possibilidades”, aponta Lyra.

Após Lyra finalizar o doutorado em Arquitetura, as duas decidiram fazer uma transição de carreira. “Nós estávamos muito tempo isoladas, por conta da pandemia, trabalhando e estudando em home office. Por conta disso, tivemos a vontade de mudar de casa e ficar mais perto do mar”, explica a arquiteta.

“Se for para nos mudarmos, vamos viver com uma mochila”, sugeriu Ferreira.

Por conta do trabalho nas redes sociais e atendimentos remotos, elas decidiram trocar Belo Horizonte por temporadas em diferentes cidades, de preferência perto do mar. Para dar certo, flexibilidade e planejamento financeiro cauteloso são as principais dicas delas.

Pesquise sobre os lugares

Elas explicam que, antes de chegar ao novo lugar, pesquisam sobre o custo de vida e diferentes possibilidades. De acordo com Ferreira, embora elas não tenham gastos ‘fixos’, por ser diferentes em cada local, elas orçam um teto em que é preciso encaixar os custos com a moradia, alimentação e transporte, além de reservas para imprevistos.

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Entendemos que era necessário pagar um pouco mais para ter um lugar com infraestrutura para o trabalho remoto, como internet rápida e mesas. Isso encarece cerca de 20%, que tentamos economizar na alimentação, por exemplo, evitando comer em restaurantes”, explica.

Outro ponto de atenção é sobre os reajustes de preços. Se o aluguel sofre alteração anualmente, os valores de hospedagens podem variar de qualquer época do ano. Por conta disso, elas ressaltam a importância de visualizar todos os gastos para identificar o que pode ser balanceado com os gastos inesperados.

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