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Comportamento

Por que os bilionários apostam no setor espacial?

Entenda o papel das principais fortunas na corrida espacial e por que o espaço é um negócio tão central

Por que os bilionários apostam no setor espacial?
Setor espacial atrai grande fluxo de investimentos de bilionários. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • Após fracasso de missão da NASA, os Estados Unidos permitem investimento privado na exploração espacial. Desde então, bilionários como Musk, Bezos e Branson têm tornado o céu um destino bem mais tangível.
  • O interesse dos bilionários no setor passa por liderar o controle do espaço, mas também se apropriar de uma série de tecnologias que são parte do processo de visitar a estratosfera.
  • Investir em empresas ligadas ao setor aeroespacial pode ser uma boa ideia. Nesse caso, vale a pena pesquisar e ser cauteloso na composição da carteira, por conta dos riscos.

Bilionários têm fama de excêntricos e, de uns anos para cá, chamá-los de lunáticos não é nenhum tipo de exagero.

Algumas das pessoas mais ricas do mundo têm investido na economia do espaço, levando a cabo a máxima de que quando há dinheiro, não há fronteiras.

Mas, afinal, como funciona esse mercado? Em termos práticos, o que significa a ideia de colonizar o espaço? Esse é um objetivo verossímil, um sonho romântico ou uma demonstração de força de uma nova corrida espacial?

Entenda o investimento dos bilionários no espaço

Spacex, de Elon Musk, está entre as empresas com tecnologia embarcada mais sofisticada do mundo. (Fonte: Spacex/Reprodução)

A exploração espacial vai muito além de foguetes. Ela desencadeia um fluxo de investimentos permanente e os bilionários estão de olho na ampla gama de negócios de alta tecnologia que a economia do espaço concentra.

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De acordo com Cleonir Tumelero, doutor em Administração e professor da Universidade Positivo (UP), a indústria aeroespacial e de defesa engloba o desenvolvimento de uma série de tecnologias da informação e comunicação, incluindo novos materiais, energias limpas, robótica avançada, alimentos, biotecnologia, nanomateriais, eletroeletrônica avançada, mecânica fina, entre outros setores.

“A exploração espacial ocorre em uma das indústrias mais poderosas do planeta e a chamada economia do espaço poderá chegar a investimentos superiores a 1 trilhão de dólares até 2040″, comenta Tumelero.

A entrada dos bilionários responde a uma mudança importante no setor. Até a virada deste século, eram as grandes potências que concentravam o investimento no espaço; agora, alguns poucos bilionários lideram o mercado celeste.

Desde a explosão do ônibus espacial Columbia, em 2003, a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos enfrenta dificuldades com a exploração espacial tripulada, abrindo espaço para novos modos de financiamento.

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“A NASA precisou do apoio dos russos e dos chineses para enviar e trazer seus astronautas da Estação Espacial Internacional. O modelo estadunidense de exploração espacial pública chegou ao seu esgotamento e deu origem a um novo modelo fortemente baseado em parcerias privadas“, diz Tumelero.

Quem são os principais bilionários que investem no mercado espacial?

Segundo Caio Mastrodomenico, analista econômico e diretor-executivo (CEO) da Vallus Capital, Elon Musk e Jeff Bezos são os principais bilionários que investem no mercado espacial. “Eles não conseguiram seus patrimônios nesse nicho, mas utilizam suas fortunas para investirem nessa corrida espacial para maximizarem suas riquezas”, diz o CEO.

Tumelero acrescenta que esses investidores mesclam investimentos alavancando o aporte na exploração espacial. Musk, que tem sido notícia pelo processo de compra do Twitter, é o fundador do PayPal e da Tesla; Bezos é o fundador da Amazon, além de investir no Washington Post; e Richard Branson, outro “figurão” do ramo, é o criador do conglomerado Virgin, que tem em torno de 400 empresas na holding.

Quando os bilionários entraram em cena?

Os aportes na corrida espacial são recentes. Tumelero comenta que, em 2019, o governo americano alterou a legislação do setor e passou a viabilizar parcerias privadas para essa exploração. É aí que entram a Spacex, de Musk, uma das startups mais valorizadas dos Estados Unidos; a Blue Origin, de Bezos; e a Virgin Galactic, de Branson.

Os resultados já aparecem: as três maiores do mercado espacial já fizeram lançamentos tripulados com sucesso e se preparam para tornar essas viagens “acessíveis” (com muitas aspas). Os voos abertos a civis ainda estão na casa das dezenas de milhões de reais.

Vale a pena investir no mercado espacial?

Liderar a corrida espacial ou passar férias fora da órbita terrestre é algo inusitado. Por isso, fica a questão: vale a pena comprar ações de empresas ligadas ao setor? Há boa expectativa de retorno?

Para Mastrodomenico, é importante estudar as oportunidades desse mercado, mas quem deseja ter ações no segmento deve inclui-las em uma carteira diversificada.

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Os ganhos podem ser interessantes, mas é preciso ter cautela, mesmo no caso de players com mais “apetite para o risco. 

Os próximos anos devem apresentar uma aceleração do setor e, ainda que o risco seja alto, é provável que os negócios sejam promissores. “Em uma corrida espacial, os valores são exorbitantes e os desafios, imensuráveis. O investimento ainda não chegou ao seu payback”, afirma Mastrodomenico.

O analista cria um paralelo com o mercado de carros elétricos. Há dez anos, a Tesla poderia parecer uma ideia extravagante, mas o fato é que os veículos do segmento ganharam espaço e a cadeia automobilística global vive uma transformação. “Ir ao espaço é mais complexo, mas os últimos feitos já provaram que é possível”, avalia.

Tumelero concorda. O professor acredita que a conquista espacial é um projeto sem volta e que o setor aeroespacial e de defesa tendem a se fortalecer, melhorando a qualidade de vida da população pelo incremento tecnológico que gera para várias áreas.

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“Esse é um setor portador de futuro, com alto potencial empreendedor. Apesar dos riscos inerentes a investimentos em negócios de alto impacto, o setor tem potencial de sucesso pela inovação, pela tecnologia e pelo escalonamento do modelo de negócios”, diz Tumelero.

Ao mesmo tempo, o docente lembra que o risco acompanha projetos como esse, com alto grau de escalabilidade. Um exemplo são os papéis da Virgin Galactic, que despencaram após a empresa anunciar dívidas de quase meio bilhão de dólares.

Brasil

Para quem deseja apostar em uma rota nacional, Tumelero indica a Embraer. No País, é ela quem puxa o setor aeroespacial e tem uma seletiva cadeia de parceiros tecnológicos, incluindo startups.

“Apesar de ainda não ter decolado, literalmente, o setor aeroespacial de pequenos players tenta se organizar no Brasil. Fundou, inclusive, a Aliança das Startups Espaciais Brasileiras (ASB)”, ele observa.

A exploração humana no espaço é mesmo viável?

Enquanto colônias no espaço são obras de ficção, bilionários que lideram a corrida espacial controlam tecnologia de vanguarda. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Que se trata de um mercado promissor, não há dúvida. Mas qual é o limite para o céu ser efetivamente explorado? Para Danilo Capelari, assessor de Física do Sistema Positivo de Ensino (SPE), as viagens espaciais são uma realidade que tende a se confirmar. Mas, para colonizar de fato, algumas questões ainda precisam ser definidas, a exemplo da radiação e da gravidade.

“Precisaríamos simular a gravidade terrestre, com uma nave com grande aceleração, por exemplo, mas o consumo de combustível seria inviável; ou ainda um local com rotação, onde o puxão que sentiríamos para fora estaria simulando nossa gravidade”, ele comenta.

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Mastrodomenico também avalia o cenário com cautela. Ainda é prematuro dizer o que efetivamente será possível, já que o cenário é exploratório. Ele comenta que pesquisadores da Flórida conseguiram pela primeira vez cultivar uma planta na Lua, mas tudo é muito novo, e mesmo testes como esse precisam de tempo de maturação.

Capelari acrescenta que, seja qual for o desfecho da aposta no espaço, lançamentos devem ser mais baratos e viáveis. Por isso, mesmo que viver em outro planeta continue sendo um objetivo para a ficção a curto prazo, os ganhos relacionados ao setor são bem-vindos.

“Todo investimento em pesquisa, seja ele na área que for, é muito bem-vindo. Os investimentos possibilitam que as tecnologias sejam aplicadas em situações que muitas vezes nem eram imaginadas no início da pesquisa”, diz o assessor.

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