Por uma distância de horas, Light e Marisa (AMAR3) foram notícia devido a complicações financeiras graves. A companhia de energia elétrica entregou, nesta sexta-feira (12), o seu pedido de Recuperação Judicial. O fato ocorreu um dia depois de credores da empresa de moda feminina entrarem na Justiça pedindo a sua falência.
A Light informou por meio de fato relevante que as obrigações com eventual possibilidade de renegociação por meio da recuperação chegam a R$ 11 bilhões, aproximadamente. Já os credores da Marisa que foram à justiça apontam que a dívida da empresa com eles, somada, chega a R$ 882.797.84.
Os pedidos ocorrem poucos meses após o emblemático caso das Americanas. A varejista também precisou ir à justiça pedir sua recuperação, devido a créditos que somam R$ 43 bilhões.
Relembre, a seguir, cinco pedidos de recuperação judicial ocorridos nos últimos tempos.
Americanas
O caso Americanas tem como um dos seus primeiros desenrolares o anúncio feito pela empresa, em 11 de janeiro de 2023, de “inconsistências contábeis” em seus balanços, com um rombo que, à época, era relatado em R$ 20 bilhões. O fato gerou a renuncia do CEO da companhia, Sérgio Rial, e do diretor de relações com investidores, André Covre, que haviam sido empossados 10 dias antes.
Em 13 de janeiro, um novo capítulo: a empresa declarou que as dívidas chegam a R$ 40 bilhões e entram na Justiça com uma “medida de tutela de urgência cautelar”. A empresa pede pela recuperação judicial no dia 19 daquele mês. Em fato relevante, a Americanas anuncia um total de créditos listados nos documentos com o pedido de recuperação judicial de aproximadamente R$ 43 bilhões.
Hoje, a empresa trabalha na aceitação do seu plano de recuperação judicial, que propõe a entrada de capital patrocinado pelos acionistas de referência e deságios de 50% a 80% nas dívidas com os credores que não aderirem às proposições da companhia.
Oi
A Oi já passou pelo processo duas vezes: em 2016 e novamente neste ano, 2023.
Na primeira vez, a crise da empresa teve como agravante o anúncio de fusão com a Portugal Telecom (PT), em 2013. Um calote de € 900 milhões de uma das acionistas da PT levou a Oi a fazer uma capitalização de R$ 14 bilhões, em valores da época. A relação com os acionistas portugueses piorou, e a crise foi agravada. Em 2016, a empresa pediu uma recuperação judicial de R$ 65,4 bilhões, o maior solicitado no Brasil até então.
A sentença de encerramento do processo saiu em dezembro de 2022, mas a empresa de telecomunicações seguiu com uma dívida de R$ 43,7 bilhões. Após não obter sucesso em acordos com os credores no começo do ano, no período de uma tutela de urgência dada pela Justiça, a Oi pediu nova recuperação em março deste ano.
Grupo Petrópolis
A cervejaria dona de marcas como Itaipava, Crystal e Petra também pediu Recuperação Judicial. A empresa entrou com o pedido junto à Justiça do Rio de Janeiro em março de 2023.
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O pedido veio na esteira de uma dívida de R$ 4,2 bilhões. A cervejeira afirmou passar por uma crise de liquidez que durava 18 meses, em função de quedas na receita. A Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido em 13 de abril deste ano.
Samarco
Responsável pela tragédia do rompimento da barreira de Mariana (MG), em novembro de 2015, que resultou em um desastre ambiental e 19 mortes, a Samarco entrou em recuperação judicial em abril de 2021.
A empresa, uma sociedade da Vale (VALE3) com o grupo anglo-australiano BHP, teve suas operações paralisadas até 2020. A aprovação do plano de recuperação judicial da empresa passou por diversas recursas dos credores. A Samarco tem uma dívida de R$ 50 bilhões.
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A última audiência entre as partes, em abril deste ano, foi suspensa. Uma nova reunião deve ser feita ainda em 24 de maio para buscar a conciliação das partes.
Ricardo Eletro
A Ricardo Eletro, um grande nome do varejo brasileiro, parece ter passado por tudo. A Máquina de Vendas, dona da marca, pediu recuperação judicial em agosto de 2020, alegando impactos da pandemia de covid-19 para os negócios e devendo R$ 4 bilhões.
A Máquina de Vendas chegou a ter sua falência decretada pela 1ª Vara de Falências de São Paulo em junho de 2022. Segundo relatos do Estadão, a decisão foi uma surpresa para os credores. Mas o caso não terminou aí. A empresa chegou ter, apenas naquele ano, três declarações de falência — revertidas posteriormente. Hoje, a empresa segue no processo de recuperação judicial.