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Comportamento

Viajar para a Argentina vai continuar barato após a posse de Javier Milei?

Novo presidente tomou posse neste domingo (10) deixando claro que o país "não tem dinheiro"

Viajar para a Argentina vai continuar barato após a posse de Javier Milei?
Javier Milei, o novo presidente da Argentina (Foto: Reuters/Matias Baglietto)
  • Javier Milei, tomou posse neste domingo (10) como presidente da Argentina, após uma campanha que prometeu dolarizar a economia e acabar com a hiperinflação.
  • Especialistas afirmam que, ao menos no curto prazo, a perspectiva é que a Argentina não fique mais barata, nem mais cara para os brasileiros.

O novo presidente da Argentina, Javier Milei, tomou posse neste domingo (10) deixando claro que o país “não tem dinheiro” e que no curto prazo a situação deve piorar para a população local até que se comecem a sentir os resultados das primeiras medidas de ajuste fiscal. Mas o que isso significa para os turistas brasileiros? A Argentina continuará sendo um país barato para viajar?

Milei afirmou que o país continuará passando pelo processo de estagflação, ou seja, de inflação alta sem crescimento econômico, mas que esse será “o último gole amargo para começar a reconstruir a Argentina”. Logo, a expectativa é de que os preços continuem subindo e o peso argentino caindo.

Uma das principais propostas do polêmico economista durante sua campanha é a de dolarização da economia, o que na prática significa que todas as transações passariam a ocorrer na moeda americana, desde o comércio até o pagamento de salários. Há dúvidas, no entanto, se o presidente conseguirá colocar esse plano em prática. Além de não ter reservas de dólar suficientes, a perspectiva é que a proposta enfrente resistência no Congresso, impedindo a sua aprovação.

Para o novo presidente, a dolarização vai acabar com o problema da hiperinflação no país, que registrou alta de 142,7% nos preços em outubro, no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec). Caso a mudança seja, de fato aprovada, isso significa que os turistas usariam o dólar durante a viagem à Argentina, em vez do peso.

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“O brasileiro já usa o dólar como referência para ir para Argentina. Então, tudo indica que nada mudaria nesse sentido. Mas só o fato de haver uma sinalização de que a economia do país pode ser dolarizada poderá valorizar a moeda americana, que pode se tornar ainda mais cara para os brasileiros”, explica Glauber Mota, CEO do app financeiro global Revolut.

Segundo os dados da Economatica, o dólar norte-americano subiu 99% em relação à moeda da Argentina no acumulado de 2023. Já em relação ao real, o movimento foi o inverso: dólar caiu 6,38% durante o mesmo período.

Dólar blue, o câmbio não oficial

No caso mais provável de a moeda do país continuar sendo o peso argentino, contudo, especialistas acreditam que pode haver ainda mais desvalorização. Em relatório divulgado em agosto deste ano, o Bank of America projetou uma queda de até 70% para o peso argentino até 2024. Isso não quer dizer, porém, que o país se tornará mais barato para os brasileiros.

Marcos Weigt, head da Tesouraria do Travelex Bank, afirma que uma possível valorização do real em relação ao peso acabaria sendo corroída pela inflação argentina. “O turista brasileiro não deve notar grandes diferenças, principalmente com popularização do câmbio não oficial, o dólar blue. A inflação vai aumentar o preço dos produtos e serviços em peso, igualando novamente o cenário econômico. Os importadores e exportadores podem notar maiores mudanças, já que utilizam o câmbio oficial”, argumenta Weigt.

Para os especialistas, é pouco provável que haja mudanças significativas, pelo menos no curto prazo, no custo das viagens à Argentina para os brasileiros. O ideal, para quem busca economizar, é fugir dos períodos de alta temporada, que variam de acordo com o destino argentino. Em Buenos Aires, por exemplo, os preços ficam mais altos no verão, de dezembro a fevereiro. Já em Bariloche, que é um destino de neve, os preços sobem no inverno, entre maio e agosto.

  • Saiba mais: Eleições na Argentina: bolsa e renda fixa têm retornos de até 300%. Vale investir?

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