- Segundo levantamento da Solidus Labs,, o uso de informações privilegiadas para ter lucros é frequente em plataformas descentralizadas de criptomoedas
- Os criminosos costumavam comprar um token horas ou dias antes de ele ser listado em uma exchange centralizada e, depois, vendê-lo assim que o preço subisse em uma bolsa descentralizada
- Solucionar essa questão é um dos obstáculos para conseguir fazer com que os criptoativos tenham mais sucesso
O uso de informações privilegiadas para ter lucros é frequente em uma área do mercado de criptomoedas. É o que diz a Solidus Labs, empresa com sede em Nova York especializada em soluções para monitorar transações suspeitas com criptoativos. Seus fundadores incluem Asaf Meir e Praveen Kumar, dois ex-funcionários das operações de tecnologia para trading do Goldman Sachs.
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Em um estudo que focou em dados que remontam a janeiro de 2021, a empresa disse ter encontrado suspeitas de insider trading envolvendo 56% dos tokens ERC-20 na época em que foram listados pela primeira vez nas três principais exchanges de criptomoedas centralizadas. Os ERC-20s são o tipo mais popular de tokens relacionados com o ethereum.
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“Se mais da metade de todos os tokens listados não é daqueles que você pode comprar com confiança, este é um mercado menos eficaz”, disse Chen Arad, cofundador da Solidus, em uma entrevista. “Solucionar isso é um dos obstáculos para conseguir fazer com que os criptoativos tenham mais sucesso.”
A atividade foi detectada em transações realizadas não nas exchanges centralizadas, mas em plataformas descentralizadas onde os tokens já estavam disponíveis e eram negociados, com 411 transações atreladas a mais de cem insiders, de acordo com um relatório divulgado na semana passada. Muitas das entidades – carteiras individuais ou de grupos com criptoativos – usaram as exchanges DeFi para comprar tokens antes de serem listados, com o objetivo de lucrar com a venda deles depois que os preços subissem com o anúncio das listagens.
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As descobertas corroboram suspeitas de manipulação generalizada de tokens nas exchanges DeFi, onde os usuários negociam diretamente entre si e muitas vezes não são obrigados a divulgar suas identidades.
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) começou a fechar o cerco contra o uso de informações privilegiadas em exchanges centralizadas como a Coinbase Global. A SEC também impediu o lançamento de dezenas de propostas de fundos para serem negociados em exchanges de criptomoedas, em parte devido a preocupações com a manipulação do mercado. As DeFi não foram poupadas: a agência sinalizou que também está de olho nas exchanges descentralizadas.
O volume de insider trading nas exchanges descentralizadas sugerido pelo relatório da Solidus excede bastante o do mercado de ações. Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney calculam que o uso de informações privilegiadas no mercado de ações ocorre em 5% das divulgações de resultados e em 20% das fusões e aquisições.
Em maio, um ex-gerente de produto da Coinbase e seu irmão concordaram em resolver as acusações de insider trading da SEC relacionadas à negociação de tokens com um acordo. No mesmo mês, um ex-funcionário do marketplace OpenSea foi condenado por fraude eletrônica e lavagem de dinheiro relacionadas com o uso de informações privilegiadas.
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A Solidus analisou 234 anúncios de listagem de tokens ERC- 20 – sem incluir categorias como stablecoins, cujos preços supostamente deveriam permanecer estáveis – em três das maiores exchanges centralizadas do mundo e como elas foram aproveitadas por insiders. Estima-se que eles tenham conseguido cerca de US$ 24 milhões em lucros totais com as transações ilegais, disse Arad.
Eles costumavam comprar um token horas ou dias antes de ele ser listado em uma exchange centralizada e, depois, vendê-lo assim que o preço subisse em uma bolsa descentralizada. Vários dos donos de carteiras suspeitas também usaram ferramentas e técnicas de ofuscação, como administrar seus ativos por meio do protocolo de privacidade autorizado Tornado Cash.
Os insiders podem ser funcionários de bolsas centralizadas ou pessoas envolvidas com emissores de tokens, formadores de mercado ou empresas de capital de risco relacionadas, segundo a Solidus. Algumas transações com uso de insider trading envolveram mais de uma exchange descentralizada, disse Arad. Nenhuma pessoa ou empresa específica foi apontada por possíveis irregularidades.
O problema do uso de informações privilegiadas nas exchanges DeFi pode ser combatido se os participantes do setor redobrarem seus esforços para evitá-lo, assim como com fiscalizações cross-market e medidas coercitivas, disse Arad. As exchanges DeFi são responsáveis por cerca de 16% do volume total de criptoativos negociados, de acordo com a DeFi Llama.
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A Solidus foi fundada em 2018 por Arad e Kumar, ex-vice-presidente do Goldman que desenvolveu sistemas de negociação, e Meir, ex-engenheiro do Goldman que agora é o CEO da empresa. A Solidus tem aproximadamente cem funcionários e cerca de 80 clientes, entre eles exchanges de criptomoedas e formadores de mercado, assim como instituições financeiras tradicionais e agências governamentais de aplicação da lei, disse Arad.