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- Se algum desavisado entrou no mundo dos criptoativos sem saber que a volatilidade é uma de suas principais características, 2021 tratou de resolver isso
- Muitos analistas estimavam que a criptomoeda poderia alcançar os US$ 100 mil ainda este ano
(Aramis Merki II) — Se algum desavisado entrou no mundo dos criptoativos sem saber que a volatilidade é uma de suas principais características, 2021 tratou de resolver isso.
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Se fosse um carrinho de montanha russa, o preço da moeda digital teria começado o passeio com uma alegre subida de janeiro a abril. A corretora Coinbase foi listada na Bolsa de Nova York, um marco para a indústria que levou o bitcoin à sua máxima até ali, US$ 64.854.
O que veio a seguir não foi só um movimento de realização, mas um longo inverno. As críticas ao consumo de energia para a geração de bitcoin dominaram o cenário. Elon Musk, CEO da Tesla que foi um dos protagonistas da escalada dos preços, ajudou também na forte queda ao suspender o recebimento da criptomoeda como pagamento para os carros elétricos que produz.
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“Estamos preocupados com o uso crescente de combustíveis fósseis para mineração e transações com bitcoins, especialmente carvão, que tem as piores emissões que qualquer combustível”, declarou Musk pelo Twitter. Pouco mais de dois meses depois de atingir o maior valor histórico, o ativo bateu em US$ 28.805, um recuo de mais de 55%.
Medidas regulatórias também passaram a pressionar os preços na mesma época, estendendo o ‘longo inverno’ do bitcoin. O segundo semestre foi de recuperação mais sustentada ao longo do tempo, com uma correção em setembro antes da disparada que levou o ativo ao seu máximo histórico de US$ 68.530 em 9 de novembro.
Muitos analistas estimavam que a criptomoeda poderia alcançar os US$ 100 mil ainda em 2021. Em projeção de setembro, a unidade de pesquisa cripto do banco Standard Chartered disse que o nível poderia ser alcançado no fim deste ano ou no começo de 2022.
Por outro lado, uma pesquisa da gestora Natixis Investment Managers com investidores institucionais de 29 países indica que a maioria deles espera que as criptomoedas tenham correções no próximo ano.
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Rafaela Romano, antropóloga especialista em cripto e metaverso e cofundadora da invert, prefere fazer uma análise conjuntural em vez de estimar quando o bitcoin baterá os seis dígitos. Ela explica que o bitcoin está em seu terceiro grande ciclo de alta, que está menos acentuado, mas mais longo. A tendência é que após este ciclo venha uma correção, diz Romano.
Mas há um fator que pode levar a uma mudança: a adoção institucional do bitcoin. “Ano que vem será momento chave para entender se os institucionais vão segurar essa queda”, afirma.
A entrada destes investidores de grande porte, chamados de baleias, em 2021 pode ser ilustrada por El Salvador, país da América Central que adotou o bitcoin como moeda corrente em setembro.
“Provavelmente veremos cada vez mais empresas relevantes, países e possivelmente bancos centrais adicionando as principais criptomoedas em suas reservas”, diz Bruno Milanello, executivo de novos negócios da corretora cripto brasileira Mercado Bitcoin.
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A expansão de produtos financeiros convencionais com oferta de criptomoedas se consolidou, além do uso da tecnologia blockchain pelas maiores instituições financeiras do mundo. “Uma possível baixa dos preços não significa baixa do desenvolvimento da indústria”, ressalta Romano.
Foi um marco a listagem de contratos futuros e opções de bitcoin e ethereum nos Estados Unidos, assim como o lançamento de cinco fundos de índice (ETFs) cripto na Bolsa brasileira. O ritmo por aqui não deve diminuir, tendo em vista que semana passada o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, anunciou planos de lançar um ETF de ativos digitais.
Metaverso, um universo em expansão
A ideia de Web 3.0, uma próxima geração da internet, ganhou firmeza com as propostas do Meta, novo nome do Facebook, para construir novas “realidades virtuais”, ou melhor, metaversos.
No anúncio de Mark Zuckerberg, a novidade é descrita como a próxima evolução da conexão social. “Você poderá socializar, aprender, colaborar e brincar de maneiras que vão além do que é possível hoje.” Diante disso, é claro que o potencial para novas relações econômicas será explorado, e o mercado de criptoativos deve participar desta evolução, aponta o analista Orlando Telles, da Mercurius Crypto.
A empresa Solana Ventures, responsável pela moeda Solana – top 5 entre os criptoativos com maior negociação -, anunciou investimentos de US$ 150 milhões para o desenvolvimento de plataforma de jogos com a tecnologia blockchain para a Web 3.0.
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O modelo de game que recompensa os jogadores com cripto, chamado play-to-earn, já possui tokens entre os mais importantes do mercado, como o Axie Infinity. Esta temática vai continuar em evidência, mas não necessariamente o projeto mais destacado hoje vai se beneficiar do crescimento, aponta Rafaela Romano.