- Os CBDCs são representações digitais das moedas tradicionais, como o real e o dólar
- O desenvolvimento dessas moedas digitais pode reduzir custos das autoridades monetárias e otimizar as transações financeiras
- O Brasil é um dos países do mundo que está desenvolvendo a sua própria moeda digital. Neste momento, o Banco Central brasileiro estuda as possíveis aplicações da tecnologia
A popularização das criptomoedas estimulou os Bancos Centrais de vários países a tentar remodelar os seus sistemas financeiros para o mundo digital. O processo inclui o desenvolvimento de CBDCs (Central Bank Digital Currency, na sigla em inglês) que são formatos virtuais de moedas tradicionais, mas que carregam a mesma credibilidade monetária. A nova tecnologia além de possibilitar mais agilidade para as transações financeiras pode auxiliar no combate a crimes de lavagem de dinheiro e trazer redução de gastos às instituições.
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Até o momento, nove países já lançaram suas moedas digitais, segundo Atlantic Council, organização internacional e apartidária dos Estados Unidos. A lista inclui países como o Bahamas, que lançou Sand Sollar em março do ano passado. Outras nações caribenhas também seguiram o mesmo percurso. Além disso, outros 14 países, incluindo China e Coréia do Sul, estão com seus CBDCs em estágio piloto e preparando para um possível lançamento das suas moedas.
O movimento atual corresponde a uma necessidade dos Bancos Centrais de modernizar e manter a soberania do sistema financeiro. De acordo com Willer Marcondes, sócio da PwC Brasil, as autoridades monetárias precisam liderar esse processo para garantir o controle das transações financeiras. “Se os ativos digitais (criptomoedas) ganharem força e os BCs não liderarem a iniciativa no começo, eles (as instituições financeiras) não vão conseguir manter os seus modelos (os CBDCs) como preponderantes”, avalia
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Mas para além disso, a mudança traz benefícios tanto para as autoridades monetárias quanto para a sociedade. De acordo com Fernanda Mansano, economista chefe do TC, com os CBDCs, as instituições financeiras terão mais facilidade de rastrear as transações financeiras dentro de um país, o que pode contribuir para o combate de crimes, como a lavagem de dinheiro.
“Com certeza, o Banco Central terá um controle maior dessas transações. Então, pode contribuir no combate aos crimes financeiros”, afirma. A redução de custos também entra na lista dos benefícios já que a moeda digital não precisa ser impressa pelas autoridades monetárias.
O Brasil é um dos países que segue no processo de desenvolvimento da sua própria moeda digital. No fim de novembro, o Banco Central anunciou que pretende estudar a viabilidade de uso do real digital e abriu um edital para receber as propostas de aplicabilidade. As inscrições para o envio das possibilidades iniciam no dia 10 de janeiro, segundo o cronograma do BC.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) pretende enviar três propostas que enxergam ser as mais viáveis para solucionar e facilitar o dia a dia dos brasileiros. Uma deles é a Entrega contra Pagamento ou Delivery Versus Payment (DvP).
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De acordo com Leandro Vilain, diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban, a proposta pode trazer mais segurança nas transações financeiras durante as vendas que envolvem valores altos. “É quando você garante que tem o dinheiro para aquela transação e o recurso fica na conta do vendedor, mas bloqueado. O desbloqueio só acontece quando tiver um “sinal verde” como a finalização dos contratos, por exemplo”, explica Vilain.
Outra possibilidade sugerida pela Febraban é a utilização das moedas digitais para o câmbio de pessoas físicas. De acordo com o diretor executivo, o real digital pode permitir que o processo de conversão da moeda nacional para moedas estrangeiras aconteça de forma on-line. Ao viajar, o visitante poderá levar a moeda estrangeira na carteira digital e sacar apenas quando for conveniente durante a viagem.
“Quando você fecha um câmbio, é preciso transportar os dólares dentro de um carro forte para uma agência em uma data específica para o cliente pegar. Então, há uma logística por trás muito complicada”, acrescenta. Mas a conversão só é possível caso a moeda oficial do país de destino tenha a sua versão digital. Sem isso, o processo se torna inviável.
A previsão é que os primeiros testes com o CBDC aconteçam no fim de 2022 ou no início de 2023. Segundo Tasso Lago, especialista em criptomoedas, o desenvolvimento da própria moeda digital não se trata apenas de uma inovação tecnológica, mas de uma necessidade do Brasil. Sem a tecnologia, o País pode ser excluído da dinâmica econômica mundial no futuro.
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“Todos os países conversando e negociando bem entre si com suas moedas digitais, mas o Brasil não conseguiria participar porque não tem a sua. Isso sairia caro e dificulta o fluxo de mercado”, ressalta Lago.
Os 4 benefícios dos CBDCs, segundo Chainalysis
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Criptomoeda x CBDCs
São dois modelos de moedas digitais que podem confundir os usuários, mas cada um possui suas particularidades mesmo utilizando a estrutura de blockchain. A principal diferença se trata no modelo de sistema em que se encontram. As criptomoedas são descentralizadas, ou seja, não possuem um órgão responsável para controlar as transações, ao contrário dos CBDCs que são desenvolvidos e controlados por autoridades monetárias.
“CBDCs são representações digitais das moedas fiduciárias tradicionais (como o real ou o dólar) que podem ou não ser integrados a essa infraestrutura de blockchains públicas”, explica Carlos Eduardo Gomes, head de research da Hashdex.