O que este conteúdo fez por você?
- As ações BBAS3 sofrem impacto de acontecimentos do mercado financeiro e da economia, como as demais instituições bancárias, e também de decisões governamentais
- A maior parcela de negócios do Banco do Brasil tem origem nas operações de crédito no varejo, atacado e governo
- O maior risco enfrentado pelos acionistas do Banco do Brasil é a falta de governança, provocada pela ingerência política nos rumos da companhia
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) – O Banco do Brasil (BBAS3) foi a primeira instituição bancária a operar no País, fundada em 1808 com a chegada de Dom João VI ao Rio de Janeiro. A trajetória da empresa está diretamente ligada ao desenvolvimento do mercado nacional de capitais, sendo responsável pelo financiamento da primeira bolsa de valores brasileira.
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Durante quase um século, o banco se tornou o único emissor de papel-moeda do Brasil — função que cumpriu até a criação do Banco Central do Brasil. A instituição também contribuiu para o desenvolvimento de diversos ciclos econômicos ligados a commodities agrícolas, como a cana-de-açúcar e o café, bem como foi o principal financiador da mão de obra assalariada para substituir os escravizados.
As ações da empresa começaram a ser negociadas na bolsa a partir de 1906. Desde então, os ativos se mantêm entre os de maior liquidez do pregão. Atualmente, o BBAS3 responde por 1,87% da carteira teórica do Ibovespa, com um volume de negociação diária de R$ 500 milhões, mas não é raro ultrapassar os R$ 700 milhões em dias mais agitados do mercado.
O que influencia nas ações do Banco do Brasil?
O Banco do Brasil é uma empresa pública de economia mista. Isso significa que, embora parte de suas ações sejam negociadas na bolsa de valores, o maior acionista da companhia é o governo federal, que detêm cerca de 50% dos papéis da instituição. Na prática, a atuação do banco se pauta por uma estratégia comercial, mas pode ser utilizada como instrumento de políticas públicas.
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Com isso, as ações BBAS3 sofrem impacto de acontecimentos do mercado financeiro e da economia, como as demais instituições bancárias, e também de decisões governamentais. Isso acontece especialmente quando se trata da influência sobre a gestão da companhia, como a indicação de membros de sua diretoria.
Mercado de crédito
A maior parcela de negócios do Banco do Brasil tem origem nas operações de crédito no varejo, atacado e governo. Dessa forma, a valorização das ações BBAS3 está ligada ao spread bancário, isto é, a diferença entre as taxas de juros oferecidas nos empréstimos e os juros pagos aos investidores na captação de recursos.
A elevação da taxa Selic, os juros básicos da economia brasileira, costuma ser positiva para o resultado dos bancos, porque o reajuste dos empréstimos costuma ser mais rápido do que a mudança nas taxas de captação de recursos.recurso. Dessa forma, o spread bancário fica momentaneamente maior, permitindo uma margem de lucro mais ampla para as instituições financeiras.
A longo prazo, porém, uma alta constante da Selic pode significar uma recessão econômica, com retração de crédito, prejudicando o resultado do Banco do Brasil. Isso acontece porque o setor bancário também ganha com o crescimento da economia e os juros altos podem frear a expansão dos negócios.
Em um cenário de baixa inflação, com perspectivas de aumento do PIB, as empresas e as pessoas podem precisar de mais crédito para a ampliação das atividades, impactando favoravelmente no resultado do banco. Já no cenário contrário, os negócios bancários tendem a perder.
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Documentos contábeis
Os financiamentos têm um peso na valorização das ações do Banco do Brasil, mas o que tem maior impacto na cotação do BBAS3 são os documentos contábeis apresentados pela companhia. Um aumento do lucro líquido, causado tanto pela redução das despesas quanto pelo crescimento da receita, certamente vai despertar um maior interesse dos investidores nos papéis do banco.
É importante acompanhar o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa da empresa, divulgados normalmente de três em três meses. Os documentos contábeis fornecem uma espécie de retrato, que é utilizado pelos especialistas para verificar a saúde financeira da companhia, como a capacidade de honrar compromissos e realizar investimentos.
Alguns indicadores, como o Índice de Basileia, que estabelece uma relação entre o Patrimônio de Referência e os ativos ponderados pelo Risco (RWA) dos bancos, são bastante observados. Isso porque indicam a capacidade da instituição honrar com seus compromissos. Quanto menor o índice, mais seguro é investir no banco.
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Parcerias
O mercado financeiro está ficando cada vez mais competitivo com a chegada das fintechs. Essas startups financeiras oferecem serviços bancários mais baratos e têm uma maior agilidade para abocanhar uma carteira de clientes. Neste horizonte, a realização de acordos e parcerias com outras instituições é vista como positiva para a consolidação do Banco do Brasil.
O último grande acordo realizado pelo BBAS3 foi a joint venture entre a sua subsidiária BB Investimentos com a corretora de investimentos UBS, um negócio que movimentou R$ 1 bilhão. No dia de anúncio da autorização do Banco Central para o negócio, em setembro de 2020, as ações do banco tiveram uma valorização expressiva.
Risco político
O maior risco enfrentado pelos acionistas do Banco do Brasil é a falta de governança, provocada pela ingerência política nos rumos da companhia. Como o governo federal detêm o controle da empresa, normalmente os cargos de direção são negociados em troca de apoio dos partidos.
Quanto maior essa influência, é mais provável que as ações caiam. Isso porque nem sempre os executivos nomeados têm experiência no setor, o que pode levar a decisões equivocadas que geram prejuízos para a companhia.
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O mercado é bem sensível a esta relação, e o impacto da atuação política na empresa pode ser sentida de diversas maneiras. Uma mudança na direção de outra estatal com ações negociadas na bolsa de valores, como a Petrobras (PETR3; PETR4), pode levar a um recuo na cotação do BBAS3 de forma indireta.
Vale a pena investir no BBAS3?
As ações do Banco do Brasil estão com um desconto considerável devido a inúmeros fatos ocorridos nos últimos dois anos, o que pode significar um ótimo ponto para compra de ações a longo prazo.
Apesar da baixa causada pela pandemia, pela instabilidade política e dificuldades da economia brasileira, os fundamentos do BBAS3, ou seja, seus números contábeis, dão um indicativo sólido de que a companhia tem tudo para vencer este momento e encontrar a rota da valorização.
O lucro do segundo trimestre de 2021, de R$ 5 bilhões, superou as expectativas do mercado, que estava em torno de R$ 4,4 bilhões. A cotação do BBAS3, que tem ficado em um patamar um pouco inferior a R$ 30, está bem longe do preço-alvo definido pelas principais corretoras do País, que apontam uma cotação justa próxima dos R$ 50.
No entanto, os investidores devem ficar atentos com o risco de queda nas receitas de empréstimos por conta da elevação muito rápida da Selic e com o crescimento do risco político diante da proximidade das eleições presidenciais de 2022.
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