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O que esperar das ações do Banco do Brasil (BBAS3) com a eventual saída do CEO

No fim do pregão de segunda-feira (1), as ações do BB estavam em baixa de 0,68%

O que esperar das ações do Banco do Brasil (BBAS3) com a eventual saída do CEO
André Brandão CEO do Banco do Brasil (FOTO:Dida Sampaio/Estadão
  • Saída de André Brandão é especulada há meses, por atritos com o presidente Jair Bolsonaro
  • A gestora do BB foi a que mais captou recursos em 2020. Segundo dados da Anbima, o patrimônio líquido do Banco do Brasil atingiu R$ 1,15 trilhão, muito acima do segundo colocado, o Itaú Unibanco, com R$ 733 bilhões
  • Segundo Fernando Siqueira, analista da Infinity Asset, as perspectivas para o Banco do Brasil não são muito favoráveis neste momento e o setor vem sofrendo bastante com a concorrência dos bancos digitais

A saída de André Brandão da presidência do Banco do Brasil (BBAS3) ainda é uma incógnita. Contudo, apesar das dúvidas, as ações da estatal sofreram com a especulação, fechando o pregão de sexta-feira (26) com queda de 5,27%. Por conta disso, o BB divulgou um comunicado afirmando que não houve pedido de renúncia por parte do CEO.

No fim do pregão de segunda-feira (1), as ações do BB estavam em baixa de 0,68% e, no acumulado do ano, os papéis vêm amargando queda de 28,20%.

O desgaste de Brandão, que está há seis meses no cargo, vem acontecendo desde o anúncio do plano de reorganização estrutural, que planejava economizar até R$ 2,7 bilhões até 2025. Na ocasião, o projeto – que propunha demitir 5 mil colaboradores e fechar 361 unidades do banco, entre elas agências, escritórios e postos de atendimento – não agradou o presidente Jair Bolsonaro.

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Com isso, o presidente resolveu demitir André Brandão. Coube, então, ao ministro da Economia Paulo Guedes acalmar Bolsonaro e dissuadi-lo da decisão.

Mas, afinal, o que podemos esperar das ações do Banco do Brasil? O E-Investidor conversou com especialistas para saber.

Perspectivas para o futuro

As estatais se tornaram a maior indefinição dos investidores brasileiros, principalmente pela posição do governo sobre o tema. De um lado, o presidente troca o comando da Petrobras. Do outro, vemos sinais de avanço referentes à privatização da Eletrobras.

“As perspectivas para o Banco do Brasil são positivas. É uma instituição de muita qualidade com uma carteira de crédito muito boa, com bons panoramas para as ações no médio e longo prazo. No curto prazo, por conta das notícias, a situação fica meio turbulenta”, diz Stefano Spinelli, analista da RB Investimentos.

A gestora do BB foi a que mais captou recursos em 2020. Segundo dados da Anbima, o patrimônio líquido do Banco do Brasil atingiu o R$ 1,15 trilhão, muito acima do segundo colocado, Itaú Unibanco, com R$ 733 bilhões.

Segundo Fernando Siqueira, analista da Infinity Asset, as perspectivas para o Banco do Brasil não são muito favoráveis neste momento e o setor vem sofrendo bastante com a concorrência dos bancos digitais.

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“Apesar da queda recente e do valuation descontado, como por exemplo, a relação preço/lucro do BB – que está bem abaixo dos outros bancos como Itaú e Bradesco -, a atividade econômica está fraca, o que prejudica as carteiras de crédito das instituições. De uma maneira geral, nós não estamos vendo as ações do banco como investimentos atrativos atualmente”, diz Siqueira.

Um dos principais pontos que a eventual saída do CEO coloca em xeque é se o plano de digitalização do BB terá continuidade nos moldes propostos por Brandão e, também, se a instituição continuará focada em gerar resultados para os acionistas.

Vale lembrar que, por se tratar de uma estatal, o Banco do Brasil negocia a múltiplos mais descontados do que seus pares privados, justamente pelo risco de interferência do governo na companhia.

“Com todos esses rumores, esse desconto aumentou ainda mais por conta do temor de quem poderia assumir essa posição. Os preços das ações devem sofrer com a volatilidade no curto prazo, tendo em vista as incertezas, até que haja um novo nome”, diz Fabrício Lodi, professor do Projeto 10%, Escola de Traders.

Na opinião de Siqueira, no caso do Banco do Brasil, a situação até poderia ser mais favorável, dado que o valuation está bem descontado. Porém, pesam as incertezas. “Ainda que não saibamos quem será o sucessor [de Brandão], dá para ver nas mudanças recentes das estatais que as empresas serão utilizadas politicamente em detrimento dos acionistas minoritários”, diz.

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Segundo Spinelli, o que move as ações do Banco do Brasil no curto prazo são as notícias. “Já no médio e longo prazo, os fundamentos do BB são, de fato, bem positivos”, conclui.

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