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Educação Financeira

CDB ou LCI e LCA, em qual renda fixa vale mais a pena investir? Veja a simulação

Escolha depende de vários fatores, incluindo os objetivos financeiros do investidor. Confira todos eles aqui para tomar a decisão correta

CDB ou LCI e LCA, em qual renda fixa vale mais a pena investir? Veja a simulação
CDB é uma aplicação indicada para todos os perfis de investidor. (Foto: Envato Elements)
  • Quando a pessoa investe em CDB está emprestando dinheiro ao banco que paga uma remuneração ao longo do tempo
  • LCIs são títulos emitidos por bancos que buscam arrecadar fundos para o setor imobiliário. São considerados um investimento seguro
  • Assim como a LCI, cada título de LCA possui suas próprias regras, com variações de remuneração Prefixada, Pós-fixada e híbrida

Os produtos de renda fixa ficam mais atrativos quando a Selic está em alta. Atualmente, o Banco Central (BC) está em ciclo de corte de juros, mas a previsão é que essa fase termine no final do ano com as taxas acima dos 10% ao ano.

Ainda que os títulos de baixo risco paguem uma remuneração atrativa, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) aparecem como opção para bater a Selic, justamente porque os bancos precisam pagar um prêmio para atrair o investidor da maior segurança dos títulos públicos.

Este mercado de emissões bancárias ainda conta com as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) que podem entregar remunerações ainda melhores porque isentam o investidor do Imposto de Renda (IR). Mas, nesta comparação, qual é o melhor investimento, CDB ou LCI/LCA?

A escolha depende de vários fatores, incluindo os objetivos financeiros do investidor, o prazo pelo qual deseja investir, o valor mínimo da aplicação, a classificação de crédito do investimento, a diversificação de carteira e o custo de oportunidade.

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O CDB é uma forma de os bancos arrecadarem fundos. Quando o investidor adquire um deles, está essencialmente emprestando dinheiro à instituição financeira que, por sua vez, paga uma remuneração por esse empréstimo. A remuneração varia do valor investido, do prazo do investimento e das flutuações em indicadores econômicos, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), principal parâmetro para medir a rentabilidade dos investimentos financeiros.

Entendendo as sopas de letrinhas: CDB, CDI, LCI, e LCA

O CDI, para quem não está familiarizado, está diretamente influenciado pela Selic, a taxa básica de juros da economia. Portanto, quando alguém diz que investiu em um “CDB de um ano que paga 120% do CDI”, isso significa que o dinheiro aplicado renderá o equivalente ao porcentual dessa taxa durante aquele período contratado. Por exemplo, se o CDI anual for de 10%, então o rendimento seria de 120% de 10%. Ou seja, 12%.

Assim, quem aplica R$ 1.000, teria ao final de um ano, um lucro de R$ 120 (12% de 1.000 = 120). Desse ganho será descontando o Imposto de Renda, que é cobrado de forma regressiva.

Por outro lado, as LCIs são títulos emitidos por bancos que buscam arrecadar fundos para o setor imobiliário. Como estão lastreadas por imóveis, são consideradas um investimento seguro. A dinâmica funciona de forma semelhante à de um CDB: o investidor escolhe uma LCI, o prazo e o índice ao qual o título está indexado, que pode ser o CDI, o Índice Geral de Preços – Mercado(IGP-M) ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo.

As LCAs também são  emitidas por instituições financeiras. Quando o investidor aplica numa LCA está emprestando dinheiro para o banco, que se compromete a investir em atividades agrícolas. Assim como a LCI, cada título de LCA possui suas próprias regras, com variações de remuneração prefixada, pós-fixada e híbrida (IPCA + %). Na modalidade pós-fixada, as LCAs e LCIs geralmente geram retornos entre 90% e 100% do CDI, com a vantagem de serem isentos de Imposto de Renda.

Calculando o melhor rendimento

Determinar qual é o melhor investimento entre CDBs e LCIs/LCAs não é tão simples quanto parece ao olhar para a rentabilidade bruta, por causa do impacto do Imposto de Renda, especialmente nos CDBs, em que a taxa de imposto diminui com o tempo.

A head de Investimentos Internacionais da Nomos, Bruna Allemann, ensinou para os leitores do E-Investidor nesta matéria uma fórmula para comparar a taxa líquida do CDB (depois do desconto do IR) com aqueles LCIs/LCAs que aparecem com a rentabilidade isenta.

Para fazer este cálculo, no entanto, o investidor precisa saber que o CDB possui tabela regressiva de Imposto de Renda. Caso faça o resgate em até 180 dias, o IR terá o maior peso sobre os rendimentos: 22,5%. De 181 a 360 dias, a mordida do Leão cai para 20%, de 361 a 720 dias o imposto chega a 17,5% e, depois disso, 15%, a menor alíquota.

Prazo da aplicação (em dias corridos) – Alíquota de IR

  • Menos de 180 dias (6 meses): 22,5%
  • De 181 a 360 dias (6 meses a um ano): 20,0%
  • De 361 a 720 dias (um a dois anos):  17,5%
  • Mais de 720 dias (dois anos):  15,0%

Fica evidente, portanto, que o prazo de investimento interfere na conta da rentabilidade. “Quanto mais tempo investindo no CDB, menor o imposto, e essa é uma vantagem”, diz Andressa Bergamo, fundadora da AVG Capital.  Por conta desse maior impacto do IR no curto prazo, as LCIs e as LCAs costumam ser uma melhor opção para investimentos de até dois anos, diz a especialista em Investimentos do Ailos, Josiane Righi.

Os efeitos das alíquotas do IR

Em termos práticos, um CDB com uma rentabilidade de 12% ao ano em um prazo de menos de um ano daria um lucro líquido de 9,6%, considerando uma alíquota de IR de 20%. Portanto, uma LCI ou LCA precisaria oferecer uma rentabilidade mínima de 9,6% ao ano para ter um retorno equivalente, considerando níveis de risco semelhantes e o mesmo prazo. Além disso, é importante considerar os efeitos da inflação esperada pelo mercado para saber qual será o retorno real do investimento.

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Para conseguir fazer a comparação em todos os cenários, o investidor pode usar a fórmula na calculadora, digitando 1-(alíquota do IR / 100) =. O produto deste cálculo vai mostrar o desconto do imposto sobre o rendimento do CDB e assim compará-lo com a rentabilidade de LCI/LCA.

No caso de um resgate de até 180 dias, o investidor deve digitar 1-(22,5/100)=. O resultado dessa operação será 0,775. Este valor deverá ser multiplicado pelo porcentual do CDI  prometido no CDB. Dessa forma, se chega ao seu rendimento líquido, que poderá ser comparado com o retorno do LCI ou da LCA que são isentos de IR. Os outros prazos dariam os resultados de o,800 para investimentos até um ano, 0,825 para até dois anos e 0,8500 para depois de dois anos.

Então, colocando na prática, o que seria mais interessante, um CDB pagando 120% do CDI ou uma LCI / LCA isenta de IR pagando 95% do CDI?

Usando a solução da fórmula, é possível averiguar que o CDB seria a melhor opção num prazo de investimento superior a um ano pois, em até 180 dias, o IR de 22,5% iria transformar a rentabilidade de 120% do CDI em 93% (120 x 0,775=93). A alíquota de 20% (para um investimento de até 360 dias) daria um lucro líquido de 96% do CDI (120 x 0,800 = 96), enquanto que 17,5% de IR (até dois anos) devolveria 99% do CDI de rentabilidade (120 x 0,825 = 99).  Com 15% de imposto (para CDB acima de dois anos), a rentabilidade líquida seria de 102% do CDI (120 x 0,850 = 102).

A importância de se fazer a diversificação

A pedido do E-Investidor, o planejador financeiro do C6 Bank Rafael Haddad montou uma simulação comparando os produtos isentos e não isentos de Imposto de Renda após um ano de investimento:

Na tabela é possível verificar que a maior rentabilidade bruta é a do CDB pós-fixado que paga 111% do CDI, considerando uma taxa esperada de 10,36% no período. Dessa forma, o título teria um retorno esperados de 11,5%.

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Esse retorno se mostra, como esperado, melhor do que a poupança, ganha do Tesouro Direto, também um resultado normal, ao se considerar que um papel de crédito privado tende a pagar mais do que um título público devido ao maior risco de calote.

Ganha também do CDB de liquidez diária, justamente pelo risco de liquidez, já que o investidor não vai conseguir resgatá-lo antes do prazo de vencimento. Mas esse papel perde para LCI/ LCA que tem uma taxa bruta menor. "Mesmo com uma taxa menor, e portanto uma rentabilidade bruta menor, a LCI vale mais a pena que o CDB para esse prazo e com essas taxas por ser isenta de imposto", diz Haddad.

Neste período de um ano (365 dias), o investidor de CDB paga 17,5% sobre os rendimentos.

O especialista destaca que a sua projeção leva em consideração um cenário provável, mas que pode não acontecer. Ele diz que o investidor não pode descartar o risco de a inflação ultrapassar os 4%, dado o cenário de juros mais altos nos EUA por mais tempo e outras incertezas globais e locais. No Brasil, há preocupações sobre a condução fiscal e, mais recentemente, sobre a política monetária do Banco Central.

"A palavra-chave para tudo isso é a diversificação", afirma. "Cada investimento vai se beneficiar em algum cenário. E acho que a melhor forma de se proteger é entender os riscos de cada um deles e não colocar todos os ovos na mesma cesta."

Liquidez tem que entrar no cálculo

Ao avaliar CDBs, LCIs e LCAs, a rentabilidade não é o único fator a ser considerado. Os CDBs pós-fixados geralmente oferecem liquidez diária e por isso aparecem como uma opção de reserva de emergência.

As LCIs e LCAs não têm essa característica e possuem um período de carência de 90 dias. Só após esse período, podem ou não oferecer liquidez diária. No entanto, muitos desses títulos, especialmente os que oferecem maior rentabilidade, só permitem o resgate no vencimento.

CDBs, LCIs e LCAs têm garantia de até R$ 250 mil

Uma característica que une os três produtos bancários é o chamado Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma entidade privada que protege os investidores contra possíveis perdas em investimentos. Neste contexto, o FGC garante o risco de calote até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira. Por isso, esses investimentos são considerados seguros até esse limite. Desde 2017 o Conselho Monetário Nacional (CMN) criou um teto de R$ 1 milhão a cada quatro anos, por CPF ou CNPJ, para as garantias pagas pelo FGC.

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O FGC foi criado em 1995 com o objetivo de preservar a estabilidade do sistema financeiro, estimulando a confiança da população nos produtos bancários.

Entendendo os riscos do emissor

O risco de crédito é uma variável importante para o investidor analisar. Geralmente, os maiores retornos são oferecidos por instituições menores e, no caso dos bancos, tamanho é documento. No início de maio de 2024, por exemplo, era possível encontrar um CDB do banco Master de Investimentos pagando 127% do CDI com aplicação mínima de R$ 1 mil e vencimento em maio de 2029.

Em outubro de 2023, a Fitch elevou o rating do Banco Master S.A. para  "BBB, ante BBB-", na escala  local. Segundo a agência de risco, a mudança "reflete a estabilização de seu perfil financeiro, com bons patamares de liquidez, qualidade de ativos e rentabilidade, quando comparados aos pares". No mesmo período, o Banco Volkswagen, uma instituição classificada como AAA pela agência S&P, pagava 100,75% do CDI para uma aplicação mínima de R$ 10 mil com prazo até maio de 2025.

O rating de crédito reflete a solidez financeira e a capacidade de um banco ou instituição financeira de honrar suas dívidas. Na classificação dos títulos é possível acessar a informação sobre o rating, assim como prazo, quantidade, preço unitário, carência e vencimento do título.

Uma nota mais alta, como AAA, sugere uma maior segurança e menor risco de inadimplência, o que pode ser um fator decisivo para o investidor escolher entre diferentes opções de renda fixa.

É válido salientar as outras informações contidas, como carência do papel, que se refere ao período mínimo em que o dinheiro deve permanecer investido, e vencimento, que é a data final do contrato, quando o investidor faz o resgate do valor total aplicado, acrescido dos juros acordados. Preço unitário é o valor em reais da quantidade mínima que pode ser investida.

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