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Educação Financeira

Como driblar a inadimplência ou sair dela? Especialistas orientam

Segundo o Serasa, 70 milhões de brasileiros têm dívidas em atraso. Seguir estes passos ajudam a sair da situação

Como driblar a inadimplência ou sair dela? Especialistas orientam
Foto: Envato Elements
  • Quase um terço dos brasileiros estão inadimplentes em março de 2023, de acordo com dados do Serasa. Ou seja, pouco mais de 70 milhões de pessoas contraíram dívidas e não conseguiram pagá-las a tempo
  • Segundo o Serasa, o cartão de crédito é responsável por 31,03% do endividamento da população.
  • Na entrada do ano de 2023, a parcela da população que mais se endividou foi a que recebe até três salários-mínimos mensais, com 79,2%.

Quase um terço dos brasileiros estão inadimplentes, de acordo com dados do Serasa até março de 2023. Ou seja, pouco mais de 70 milhões de pessoas contraíram dívidas e não conseguiram pagá-las antes do vencimento. Além disso, o montante de inadimplentes segue em uma crescente: só no último ano foram 5 milhões de novos CPFs.

Segundo o Serasa, o cartão de crédito é responsável por 31,03% do endividamento da população – e, por consequência, da inadimplência. Veja nesta reportagem um retrato do comportamento de consumo e da inadimplência por gerações. 

Luiz Fernando Marchiori, Head de Negócios e Estratégia da QuiteJá, fintech especialista em renegociação de dívidas, destaca o cartão de crédito como o maior vilão. “O negócio é tentar fugir do cartão, porque a dívida vence em trinta dias e o rotativo tem a taxa muito alta. Então, ele segue como o grande vilão do endividamento”, disse.

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Contas em atraso do cartão de crédito estão sujeitas a juros do crédito rotativo – oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura até o vencimento – de até 430,5% ao ano, de acordo com dados do Banco Central. Dessa forma, o E-Investidor consultou especialistas em educação financeira e endividamento para apresentar as melhores orientações sobre como sair das dívidas em atraso e manter as contas em dia.

Como evitar a inadimplência?

A primeira orientação de todos educadores financeiros consultados para evitar tanto o endividamento quanto a inadimplência foi a mesma: tenha um planejamento financeiro com ganhos e gastos todos os meses.

Para Marlon Glaciano, especialista em finanças e planejador financeiro, essa organização vai mais além. Segundo ele, o consumidor deve segurar suas despesas até, no máximo, 70% dos seus ganhos mensais e fugir das linhas de crédito. “É importante não ultrapassar o volume de 70% da receita mensal com as despesas. Se planeje financeiramente para a aquisição de um bem evitando tomar empréstimos ou qualquer operação financeira que gere juros. Neste momento, com taxa Selic em 13,75%, não é uma opção realizar essas transações”, disse.

Marchiori ainda completa dizendo que o ideal seria não tomar as linhas de crédito, mas caso tenha optado por esse caminho, o consumidor precisa de um planejamento para pagá-las. “Em um primeiro momento as pessoas se sentem confortáveis ao tomar o crédito, como se o problema estivesse resolvido, mas esquecem do planejamento financeiro para pagar a dívida e com as altas taxas de juros, elas entram em inadimplência”.

Glaciano vai na mesma linha. “O cartão de crédito é um meio de pagamento e não deve ser visto como vilão. Na realidade, a falta de planejamento que se torna uma vilã nessa equação”, afirmou.

O que fazer quando já está inadimplente?

Na situação de inadimplência se encontram mais de 70 milhões de brasileiros, conforme os dados do Serasa. Marchiori destaca que a melhor saída está na renegociação. “Existe a possibilidade de renegociar essa dívida. Na renegociação dá para obter um desconto grande nos juros, nas multas e uma maior flexibilidade para aumentar o prazo de pagamento”, disse.

Buscar novas fontes de renda também pode ser uma saída. Benefícios do governo, como o Sistema de Valores a Receber (SVR) do Banco Central, o abono salarial do PIS/Pasep e a restituição Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) podem dar um desafogo ao consumidor, por mais que eles não possam ser considerados como fontes de renda constantes.

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Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, explica que outras formas de conseguir fontes de renda devem ser construídas antes de utilizar o crédito. “Fazer outros trabalhos e conseguir fontes de renda alternativas ajudam a sair da inadimplência. Deixe para usar os instrumentos de financiamento, como o cartão de crédito, em último caso”, orienta.

A inadimplência nas população mais pobre

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na entrada do ano de 2023, a parcela da população que mais se endividou foi a que recebe até três salários-mínimos mensais. Dentro desta faixa salarial, 79,2% está endividada.

Benedito explica que a população desta faixa salarial têm mais chances de se endividar porque utilizam modalidades de crédito para itens e serviços básicos de sobrevivência. “Essas pessoas se endividam porque elas não têm os recursos necessários para manter o padrão mínimo que precisam para viver, como vestimenta, educação e contas. Elas acabam usando recursos que parecem facilitadores, como o cartão de crédito e linhas no banco”, disse.

No entanto, Marchiori traz um outro lado do endividamento. De acordo com ele, a população das classes D e E são melhores pagadores que a população de renda superior. O motivo? Os baixos valores de inadimplemento. “As dívidas menores são mantidas sob controle muito mais facilmente que as dívidas maiores”, explicou.

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