- Ex-proprietário de time de futebol de Israel é acusado de dar golpe com criptoativos
- Especialista em inovação financeira, Bruno Diniz, e diretor-presidente da ABCripto, Bernardo Srur, dão dicas para evitar ciladas
A polícia de Israel recomendou na última quarta-feira (23) a acusação de Moshe Hogeg, ex-proprietário do time de futebol Beitar Jerusalem. As autoridades acusam o empresário de crimes como fraude, roubo e lavagem de dinheiro.
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Ele é suspeito de fraude na arrecadação de US$ 290 milhões de investidores ao redor do mundo sob pretexto de utilizar o recurso em projetos da Sirin Labs, startup de smartphones de blockchain (tecnologia que fundamenta os criptoativos), com a qual ele estava envolvido. A polícia israelense entrevistou cerca de 180 envolvidos no caso e encontraram aproximadamente 900 evidências de crime, de acordo com o jornal Times of Israel.
Golpes envolvendo criptoativos são registrados a todo momento. Confira algumas dicas para se esquivar das fraudes:
1. Pesquise sobre o projeto
O universo dos criptoativos apesar de dinâmico, também pode ser complexo. É fundamental fazer pesquisas profundas a respeito das equipes por trás do projeto.
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De acordo com o especialista em inovação financeira Bruno Diniz também é imprescindível analisar o whitepaper, um documento que descreve o projeto, seus riscos e particularidades. “Ele oferece detalhes técnicos, objetivos e um mapa dos próximos passos”, explica.
2 . Verifique os procedimentos seguidos pela empresaEx-dono de time de futebol foi acusado fraude, roubo, lavagem de dinheiro envolvendo criptoativos
É importante entender se a companhia segue procedimentos de KYC (sigla para Know Your Customer, ou conheça seu cliente, em tradução livre) e AML (Anti-Money Laundering, que significa anti-lavagem de dinheiro, também em tradução livre), segundo Diniz.
“Além disso, manter registros detalhados de todas as transações e realizar auditorias frequentes é uma prática recomendada. Muitos atores do setor, sobretudo corretoras, fazem reportes frequentes às autoridades “, afirma Diniz.
3. Consulte mecanismos de transparência
A transparência é alcançada buscando atualizações regulares à comunidade e entendendo se existem sistemas de governança que permitam o feedback. O especialista em inovação financeira ressalta que é “crucial que o projeto disponibilize ferramentas que possam dar clareza dos seu roadmap e próximos passos, bem como efetuar auditorias periódicas e colocar o resultado de tais auditorias à disposição dos clientes e potenciais clientes”.
4. Verifique os registros legais
Para identificar potenciais riscos de fraude, é necessário desenvolver práticas que incluam um processo padrão de revisão que inclui verificação de registros legais relacionadas ao projeto. Ou seja, verificando quem são os parceiros envolvidos e comentários da comunidade envolvida.
Bruno Diniz afirma que, nesse sentido, a pesquisa inclui não só o mundo cripto, mas portais como o Reclame Aqui. “Também é vital monitorar os movimentos de fundos usando ferramentas de análise de blockchain, pois isso pode revelar atividades suspeitas”.
5. Escolha empresas que tenham compromisso com a segurança
De acordo com Diniz, para comunicar efetivamente as práticas de compliance – conjunto de disciplinas que mantêm o empreendimento em conformidade com leis, normas e regras – as empresas devem ser proativas na divulgação de suas políticas, usando linguagem clara e acessível. “É benéfico disponibilizar relatórios de auditoria e promover eventos educacionais para clientes, demonstrando o compromisso com a segurança e integridade”, reitera.
6. Fique atento à autorregulação
Segundo Bernardo Srur, diretor-presidente da Associação Brasileira de Criptomoeda (ABCripto), a autorregulação auxilia no combate a todas as formas de atos ilegais ou criminosos. No contexto do Brasil, ele destaca a Lei 14.478/22, que estabelece diretrizes para a prestação de serviços de ativos virtuais e a regulamentação das empresas que oferecem esses serviços.
“Com o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no curto prazo as empresas estão cada vez mais preparadas para operar no mercado com a chancela da regulação”, afirma.
7. Observe os canais de comunicação
Outra dica de Bernardo Srur é se atentar aos canais de comunicação da empresa. “Empresas mais sólidas costumam ter comunidades maiores e uma base de investidores estruturada e ativa. Isso também deve ser considerado quando investir”, diz. Srur destaca que por meio desses canais o investidor visualiza informações claras e acessíveis sobre a empresa e investimentos.
8. Verifique os códigos e as regras da empresa
O conhecimento do mercado em relação aos riscos e às oportunidades é premissa básica para um bom investimento. O diretor-presidente da ABCripto salienta que “quando falamos de pontos de decisão para investir é preciso verificar os códigos e as regras das corretoras ou empresas que o investidor deseja colocar seu dinheiro, a fim de garantir a mesma segurança que existe no mercado financeiro, de capitais tradicional”.
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Além disso, é importante procurar por empresas que tenham administradores e equipes qualificadas, com responsabilidade e experiência para auxiliar em um investimento seguro.
9. Invista em educação financeira
O mercado de criptoativos está em crescimento. É importante investir em educação financeira para saber onde alocar os investimentos com segurança. Além disso, ter compreensão sólida dos conceitos financeiros ajuda a tomar decisões informadas, gerenciar riscos e identificar oportunidades. Fique atualizado sobre estratégias, termos e tendências do mercado para fortalecer sua capacidade de investimento.
Não menos importante, não é difícil encontrar alguém que investiu em ativos digitais sem entender muito bem como funciona a dinâmica do mercado. Nunca deixe de desconfiar das promessas de dinheiro fácil e lucros exorbitantes.