Criptomoedas

A febre das criptomoedas vai voltar até o fim de 2023?

Alta na cotação da principal cripto do mercado ainda não levou nova onda de investidores ao BTC; entenda

A febre das criptomoedas vai voltar até o fim de 2023?
Alta da cotação ainda não atraiu nova onda de investidores para o BTC. (Foto: Shutterstock)
  • Com uma alta de 68,54% em 6 meses, o bitcoin foi o melhor investimento do primeiro semestre de 2023
  • Para o 2º semestre, especialistas veem perspectivas positivas para a cripto com melhora do cenário macro e 'halving' no radar
  • Ainda assim, o BTC tem alguns desafios para reconquistar nova onda de investidores pessoa física

Com uma alta de 68,5% em 6 meses, o Bitcoin foi o melhor investimento do primeiro semestre de 2023. O desempenho é quase dez vezes superior ao registrado na Bolsa de Valores brasileira, cujo índice de referência Ibovespa subiu 7,61% no mesmo período. A cotação da maior criptomoeda do mercado saiu da casa de US$ 16 mil no início do ano para os atuais US$ 31 mil.

O resultado reflete uma série de fatores positivos que se alinharam ao mesmo tempo, diz Lendel Vaz Lucas, Co-CEO iVi Technologies, gestora de investimentos quantitativos. O principal deles? A maior previsibilidade em relação ao ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. “A inflação está sendo controlada ao redor do mundo após a sequência de altas nas taxas de juros, o que levou a uma retomada dos ativos de risco no primeiro semestre de 2023”, afirma.

Dentro do mundo cripto, há ainda uma expectativa positiva para o halving do bitcoin marcado para 2024. Uma operação que acontece a cada quatro anos e reduz pela metade a quantidade de moedas que os mineradores recebem por recompensa de bloco, diminuindo a oferta da cripto e, por consequência, levando o preço do ativo a uma valorização. “Historicamente esse evento traz forte alta de preços a reboque”, afirma Fabricio Tota, diretor de novos negócios do MB.

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Com a melhora do cenário macroeconômico ajudando os ativos de risco, um halving no radar e outros avanços no mundo cripto em discussão – como a crescente participação de players institucionais no mercado –, especialistas esperam um 2º semestre positivo para o bitcoin.

Na visão de Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, a principal criptomoeda do mercado deve encerrar 2023 entre US$ 35 mil e US$ 40 mil.

Nova febre no mundo cripto?

As criptomoedas foram uma febre entre os investidores brasileiros nos últimos anos. A pesquisa mais recente do Raio X do Investidor, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostra que a quantidade de brasileiros com alocação em criptos (3%) é superior ao número de investidores de ações (2%) – uma classe de ativos presente no mercado há muito mais tempo.

Boa parte desses investidores foram atraídos pelas histórias de ganhos estratosféricos que surgiram quando a cotação do bitcoin atingiu um recorde de US$ 68 mil em outubro de 2021. Quem tinha a cripto na carteira há muitos anos, como aqueles pioneiros que investiram quando o BTC ainda valia “uma pizza”, conseguiu obter um retorno que dificilmente é visto no mercado financeiro. Um movimento de valorização que atraiu muitos investidores para esse mercado nos últimos anos.

“O bom desempenho de um mercado sempre vai aumentar o interesse por ele”, destaca Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores. “Isso acontece por uma questão de psicologia financeira, as pessoas tendem a querer se posicionar em um ativo quando conseguem perceber que outras pessoas estão ganhando dinheiro ali.”

De outubro de 2021 para cá, no entanto, o interesse por essa classe de ativos andou de lado à medida que o “inverno cripto” se instaurou. Em 2022, o bitcoin foi considerado o pior investimento do ano, com uma queda acumulada de 66%.

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Outros fatores também contribuíram para afastar investidores desse mercado no período: a quebra da FTX, o colapso da Terra (LUNA), a desvalorização das NTFs, além dos diferentes casos de golpes envolvendo as criptomoedas. Relembre alguns deles.

Para Alexandre Ludolf, da QR Asset, passados esses eventos, ainda é possível observar um interesse de investidores em relação à tese das criptomoedas, especialmente no que diz respeito à aplicabilidade das infraestruturas e à tokenização. “Iniciativas de educação estão prosperando e vemos importantes atores globais anunciando iniciativas no setor. Acredito que o desempenho do último semestre evidencia que as criptomoedas vieram para ficar”, destaca.

Mas o interesse dos brasileiros pelo tema vai voltar ao auge? Somente quando as cotações também voltarem a seu patamar histórico, opina Fabrícia Tota, do Mercado Bitcoin. Segundo ele, o desempenho positivo do bitcoin no semestre ainda não foi suficiente para atrair uma onda de novos investidores pessoa física para esse mercado.

“As pessoas costumam ficar ancoradas em preços que já viram anteriormente. Por mais que tenhamos uma alta significativa ainda esse ano, somente a possibilidade de novas máximas históricas devem trazer uma nova onda de investidores individuais”, diz Tota.

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