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Educação Financeira

Este título público oferece chance de dobrar capital acima da inflação em 10 anos

Investidores brasileiros encontram uma oportunidade rara para dobrar seu capital, líquido de inflação e com segurança

Este título público oferece chance de dobrar capital acima da inflação em 10 anos
Entenda quais títulos ficam mais atrativos (Foto: AdobeStock)
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  • Os títulos do Tesouro IPCA+ 2035 oferecem hoje rendimentos reais próximos a 7% ao ano, taxa que possibilita dobrar o capital em uma década
  • Dobrar o capital em até 10 anos com risco soberano é oportunidade rara
  • No atual patamar de juros, Renda fixa também teria bom potencial de valorização no curto prazo, no caso de um ajuste fiscal por parte do governo

Em um cenário de juros reais historicamente altos, investidores brasileiros encontram uma oportunidade rara para dobrar seu capital, líquido de inflação e com segurança, em até 10 anos. Os títulos públicos do Tesouro IPCA+ 2035 oferecem hoje rendimentos reais próximos a 7% ao ano, taxa que possibilita o crescimento neste prazo com a estabilidade de um investimento de risco soberano.

Segundo o professor Guilherme Zanin, CFA, professor na Eu Me Banco, esse quadro resulta de uma combinação única de fatores, com os juros ainda elevados nos Estados Unidos e o estresse fiscal do governo brasileiro pressionando a política monetária do Banco Central. “Nos últimos 20 anos, raramente vimos juros nesse nível”, observa. Zanin cita um estudo do Itaú Unibanco mostrando que, neste período, em menos de 10% do tempo abriu-se a janela de ganhos acima de 6% além do IPCA.

O Tesouro IPCA 2035 é um papel que oferece o menor risco do mercado para quem quer passar 10 anos abraçado com ele. Mas existem outras opções de renda fixa que podem dar o retorno de 100% em até menos tempo. Neste caso, antes de buscar  rendimentos mais rápidos, o investidor precisa analisar a segurança e a liquidez das aplicações – observa Giordano Gorham Miolo, especialista em Investimentos do Sistema Ailos -, de forma a assegurar os objetivos financeiros.

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“É importante lembrar que essa meta de dobrar o capital em dez anos é viável considerando que o investidor já possui uma reserva de emergência e investimentos de curto e médio prazo bem estruturados”, destaca Miolo. Sem essa base, a estratégia de crescimento no longo prazo pode ficar comprometida.

Papeis privados pagam melhor

Com o CDI pagando no atual patamar de 11,15% ao ano, Miolo avalia que também é possível dobrar o capital com produtos como Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio (LCI/LCA) prefixadas a 64% do CDI. As LCI e LCAs são investimentos com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e têm isenção de Imposto de Renda. Para investimentos que não são isentos do IR, o objetivo de dobrar o capital em 10 anos exigiria um investimento pagando 76% do CDI, considerando o atual CDI.

João Neves, analista da EQI Research, reforça que o o mercado oferece títulos de crédito privado que funcionam de maneira similar às NTN-Bs,  com retornos de IPCA mais uma taxa de juros pré-fixada. “Em sua maioria, esses títulos oferecem taxas superiores às do Tesouro Direto”, diz. “No entanto, é importante destacar que eles também envolvem outros riscos, pois seu desempenho também depende da capacidade das empresas de cumprirem suas obrigações financeiras.”

Com o CDI em 11,15% ao ano, produtos financeiros comuns podem dobrar o capital do investidor em menos de 10 anos. Segundo estudo de Giordano Gorham Miolo, um RDC (Recibo de Depósito Cooperativo) similar ao CDB (Certificado de Depósito Bancário) dos bancos tradicionais, a 100% do CDI atinge essa meta em 92 meses (cerca de 7 anos e 8 meses), já descontando o imposto de renda de 15%.

Em uma LCI, a 90% do CDI, esse prazo cai para 87 meses (7 anos e 3 meses), devido à isenção de IR. “No longo prazo, títulos isentos oferecem uma rentabilidade líquida mais interessante”, comenta Miolo.

Títulos públicos seriam melhor opção

Além dos créditos privados isentos de IR, emitidos com taxas próximas às de títulos públicos, Zanin lembra dos títulos de dívida privada, como as debêntures. Na visão do professor, no entanto, as taxas desses produtos estariam comprimidas. “São retornos similares aos dos títulos públicos, mas com mais risco. Portanto, para quem pensa a longo prazo, não faz sentido assumir o risco de empresas, quando o governo oferece uma taxa próxima com risco soberano, que é menor do que o risco corporativo”, pondera.

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Mesmo os outros títulos do Tesouro apresentam hoje uma rentabilidade melhor do que o ICPA+2035. Com taxa anual de 12,92%, os prefixados (LTNs), que também apresentam risco soberano, permitem dobrar o capital investido em aproximadamente seis anos, mas em termos nominais. “Nesse caso, os investidores assumem o risco de uma inflação futura superior ao esperado, o que pode impactar o retorno real desses títulos”, diz João Neves.

Miolo reforça que a rentabilidade prefixada não garante proteção contra a inflação. Apesar de dobrar o capital nominal, o poder de compra pode não acompanhar o aumento dos preços.

Cuidado com a inflação

Com a Selic a 11,25% ao ano, os papéis do Tesouro Selic 2027 apresentam um retorno de aproximadamente 11,3% ao ano, pagando Selic + 0,06%, podendo superar ligeiramente o IPCA+. Assim como os prefixados, os títulos pós não protegem diretamente contra a inflação. Sua vantagem é proporcionar bons rendimentos em períodos de Selic alta, baixo risco e liquidez imediata.

Zanin reforça que a oportunidade aberta pelos juros altos se configura como o maior programa de transferência de renda ao contrário, que beneficia os poupadores pacientes e, até mesmo, aqueles que buscam liquidez num prazo menor. “Caso o governo implemente os ajustes fiscais necessários e os juros americanos comecem a cair, haverá um ganho expressivo de valorização desses papéis”, considera. “O banco central americano (Fed) está baixando juros e o governo brasileiro parece disposto a resolver o arcabouço fiscal. Isso torna a renda fixa, como os títulos públicos, ainda mais atrativa e com potencial de valorização no curto prazo.”