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Educação Financeira

FGV: 24% dos investidores desconhecem recomendações do assessor

Estudo mostra que mais da metade escolhe uma aplicação por sua rentabilidade passada

FGV: 24% dos investidores desconhecem recomendações do assessor
Foto: Pixabay
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  • Segundo dados da FGVcef, mais da metade dos brasileiros tem como principal fator para decidir uma aplicação sua rentabilidade passada, enquanto apenas 20% levam em conta a recomendação de seu assessor
  • Pesquisa aponta que, apesar da maioria recomendar e entender a importância do assessor, grande parte das pessoas raramente solicita orientação
  • Especialistas afirmam que estes números refletem a falta de educação financeira dos brasileiros e dão dicas de como investir melhor

(Jenne Andrade e Mateus Apud) – A educação financeira do brasileiro nunca foi das melhores e isso não é novidade para ninguém. A crise causada pela pandemia da covid-19 fez muitos mudarem os hábitos, mas a realidade ainda está longe do ideal. Um estudo do Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcef) em parceria com a plataforma Toluna, obtido com exclusividade pelo E-Investidor, revela dados preocupantes.

De acordo com a pesquisa, apenas 20% dos investidores do País levam em conta a recomendação do assessor na hora de aplicar o dinheiro. Enquanto isso, mais da metade diz que se baseia, principalmente, na rentabilidade passada dos ativos.

Para piorar, entre aqueles que consultam assessores de investimentos, 26% não concordam ou não sabem se as aplicações recomendadas estão de acordo com seus objetivos. Além disso, outros 24% admitem que não sabem se conhecem ou de fato desconhecem os produtos recomendados pelo assessor.

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Em outro dado, sobre a frequência com que recebe orientações do assessor, mais de 25% responderam “raramente” quando questionados. Mesmo assim, a maioria dos consultados (70%) da pesquisa afirma que recomendaria o assessor ou gerente para um amigo, apontando que o papel do profissional é decisivo nos resultados (60%).

Os especialistas consultados pelo E-Investidor acreditam que o estudo reforça ainda mais a importância de um amplo debate sobre a educação financeira no Brasil.

“É um movimento que está começando a acontecer”, afirma Leandro Benincá, educador financeiro da Messem Investimentos. Ele diz que, historicamente, esta preocupação não faz parte da cultura do brasileiro, mas que aos pouco o cenário está mudando.

Fernando Bueno, especialista de investimentos da Ágora Investimentos, chama a atenção para o dado sobre os fatores mais considerados na hora de investir. “Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Investimentos não podem ser feitos olhando para trás. No futuro, o cenário e as oportunidades serão outras”, afirma.

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Abaixo, separamos os tópicos mais sensíveis relatados pelos educadores que prejudicam muitos investidores brasileiros.

Não pule etapas

Segundo os especialistas, para que seus investimentos sejam bem-sucedidos, uma série de passos devem ser seguidos. São eles: descobrir seu perfil de investidor, definir um objetivo e um prazo para alcançá-lo e, por fim, escolher as aplicações.

Bueno, da Ágora, ressalta que todos as etapas são essenciais. Seguindo a cartilha, as chances de sucesso são maiores. “Assim, o investidor fica mais racional e tem mais chances de trazer melhores retornos”.

Ele frisa que os problemas começam justamente quando os investidores mais ansiosos escolhem os produtos antes de se conhecer melhor e definir suas metas. “Essas pessoas podem se decepcionar com os investimentos e ter problemas sérios depois”, diz Bueno.

Autoconhecimento

Já Benincá compara investir com uma ferramenta: ele lembra que existem várias e que nenhuma é perfeita para cada situação. Por isso, é importante que  a pessoa saiba o que espera da aplicação antes de escolhê-la. “Tem que entender sua vida para alinhar seus investimentos a ela, mas sem educação financeira as pessoas não se perguntam isso”, afirma o educador da Messem.

Assim, o processo de autoconhecimento antes de investir, segundo o especialista, diminui os riscos de aplicar em produtos não indicados. Benincá diz que o brasileiro precisa “entender seu momento de vida” para depois descobrir os investimentos mais adequados.

A escolha do produto

Para ser o mais certeiro possível, é fundamental cumprir à risca todas as etapas anteriores. Em seguida, a escolha de produtos é um processo constante, de acompanhar o mercado de ativos, o cenário macroeconômico e diversas variáveis que impactam os investimentos.

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No dia a dia, é natural que nem todos tenham tempo de estudar e se especializar em investimentos, lembra Bueno, da Ágora. Por isso, os educadores ressaltam a importância da avaliação dos assessores de investimentos. “É normal. Existe alguém para ajudar”, diz Bueno.

Além de escolher uma corretora que mais lhe agrade, com condições mais favoráveis para as aplicações, o investidor também precisa conhecer bem seu assessor e confiar no seu trabalho. “Por questão de ética os assessores não podem indicar algo que não esteja de acordo com o perfil e o objetivo da pessoa”, explica o especialista da Ágora.

*A pesquisa coletou 512 respostas, no início de junho de 2020, de todas as regiões do Brasil, sendo 41% homens e 59% mulheres, maiores de 18 anos. A renda familiar anual dos participantes varia de R$ 28 mil a mais de R$ 470 mil.

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