Educação Financeira

Ex-seleção brasileira quer virar o jogo e ensinar atletas a investir

Guilherme Giovannoni, grande nome do basquete, quer ajudar atletas a se organizarem financeiramente

Ex-seleção brasileira quer virar o jogo e ensinar atletas a investir
Das quadras para o mercado financeiro, Giovannoni uniu duas paixões em uma missão: ajudar atletas a investir. (Foto: Divulgação)
  • Guilherme Giovannoni, natural de Piracicaba, foi um dos grandes nomes do basquete brasileiro enquanto jogou. Desde 2019, quando deixou as quadras após 22 anos de carreira, Giovannoni teve tempo de se aprofundar nos estudos de uma outra paixão, os investimentos. Agora, atua como agente autônomo e assessor de investimentos na B.Side Investimentos e tem uma nova missão: orientar atletas a investir melhor
  • Embora tenha tido incentivo dos pais para, desde cedo, aprender a poupar, o interesse em investir veio só depois, de uns dez anos para cá, quando Giovannoni foi conhecendo os diferentes tipos de ativos disponíveis no mercado financeiro e alocando o próprio dinheiro

Carreiras meteóricas, gastos extravagantes, desorganização com as contas e falta de preparo psicológico para lidar com o sucesso. Não faltam motivos e histórias de atletas, no Brasil e no mundo, que perderam tudo e se afundaram em dívidas depois que encerraram a trajetória esportiva.

Mas tem gente querendo mudar esse jogo. Guilherme Giovannoni, natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, foi um dos grandes nomes do basquete brasileiro enquanto jogou. Representou a seleção brasileira em duas Olimpíadas, uma edição dos Jogos Pan-Americanos, foi tricampeão da NBB (Novo Basquete Brasil) e eleito duas vezes como o melhor jogador da final do campeonato.

Desde 2019, quando deixou as quadras após 22 anos de carreira, Giovannoni teve tempo de se aprofundar nos estudos de uma outra paixão, os investimentos. Agora, há cerca de um ano, atua como agente autônomo e assessor de investimentos na B.Side Investimentos e tem uma nova missão: orientar atletas a investir melhor.

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“Desde o início da minha carreira, eu tinha a preocupação de que não queria ter sucesso apenas durante os anos que eu tinha jogado. Então eu comecei a ler sobre o assunto muito cedo”, conta.

Embora tenha tido incentivo dos pais para, desde cedo, aprender a poupar, o interesse em investir veio só depois, de uns dez anos para cá, quando Giovannoni foi conhecendo os diferentes tipos de ativos disponíveis no mercado financeiro e alocando o próprio dinheiro. A partir daí, foi ajudando pessoas próximas, companheiros de equipe e, aos poucos, a paixão foi virando uma nova carreira – agora direcionada principalmente a orientar outros atletas a organizarem os investimentos.

O atleta como investidor

A preocupação de um atleta de rendimento extrapola os treinamentos e resultados: é preciso também de um preparo psicológico e nutricional, por exemplo. Na visão de Giovannoni, esse também é um lugar para o planejamento financeiro e os investimentos. “O atleta tem que entender que hoje ele é como se fosse uma empresa, que precisa de uma assessoria em diversos pontos para que tenha um resultado melhor e dure o máximo possível no alto rendimento”, defende.

E esse entendimento passa pela fala. É preciso superar o tabu e falar de dinheiro. Mais que isso, é preciso pensar e planejar no longo prazo. “O atleta tem receio de falar isso, mas tem que falar. Até que idade você pensa em competir? Até os 35, até os 40, até quando te pagarem? O quanto você planeja ter de renda quando parar?”, enumera o ex-seleção de basquete.

Essas perguntas fazem parte do planejamento que faz, como assessor, para chegar ao montante que o atleta tem que economizar e investir todo mês. “Investimento é uma questão de disciplina e isso o atleta tem muito. Você não tem que treinar todo dia? Você tem que investir todo mês, é a mesma ideia”, diz.

Colocados esses pontos, como para qualquer investidor, é preciso determinar uma parte dos rendimentos para a rentabilização. Giovannoni explica que, dependendo dos casos, é possível separar até mais do que os 30% da renda geralmente recomendados. Isso porque, em muitos clubes do Brasil, é oferecido aos atletas alimentação, seguro saúde e moradia, os principais gastos mensais da maior parte das pessoas.

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Outro ponto importante para Giovannoni é saber “separar as caixinhas” entre os valores necessários para viver e para poupar, pensando na tranquilidade no futuro. E manter a cabeça no lugar para saber aproveitar o sucesso financeiro proporcionado pelo auge da carreira sem que isso comprometa a trajetória no longo prazo – coisa que, reconhece, nem sempre é fácil.

“É claro que no meu tempo também tive as minhas tentações, fiz as minhas vontades, mas depois fui entendendo que aquilo ali era tudo passageiro. Que eu podia ter alguns prazeres momentâneos ou uma tranquilidade longínqua. Pouco a pouco fui entendendo que essa tranquilidade era muito mais importante”, conta.

Mas tem espaço para tudo. Giovannoni reforça que dá para aproveitar o momento e investir sem precisar ficar “maluco” pensando somente nos investimentos.

De olho no futuro

Se a carreira de um atleta já não é fácil, a aposentadoria – essa fase que costuma representar uma oportunidade de reduzir o ritmo e aproveitar a vida fora do mercado de trabalho – também não é. O ex-volante da seleção brasileira, Paulo Roberto Falcão, costumava dizer que os jogadores de futebol morrem duas vezes: quando se aposentam e quando morrem realmente.

A máxima vale para todos os esportes. “É um momento psicológico muito duro para qualquer atleta, independentemente se é parou por lesão, porque não conseguiu mais nenhum contrato, ou se parou porque quis. Se você passa por isso ainda com uma dificuldade financeira, esse momento de vulnerabilidade eleva algumas potências”, afirma Giovannoni.

Daí a importância do planejamento financeiro: suavizar o processo de transição de carreiras – o ex-seleção de basquete não gosta de usar o termo aposentadoria, já que, após o fim da carreira esportiva, ainda tem muito tempo pela frente. A reserva financeira e os investimentos ajudam a cobrir um gap financeiro enquanto o, agora ex-atleta, começa uma nova carreira do zero.

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“Uma carreira mais tradicional, como um médico, um advogado, um administrador ou um ator, você pode trabalhar até os 70 anos se quiser. O atleta não tem isso. Então nesse período em que você para de jogar e tem que fazer essa transição de carreira, você precisa ter uma estabilidade financeira, se não você vai precisar pegar o primeiro emprego que tiver na sua frente para pagar as contas”, explica.

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