A conta da aposentadoria dos brasileiros não fecha. Pelo menos é isso que fica claro nos últimos dados do Censo de 2022, os mais recentes divulgados pelo IBGE. Com o aumento populacional no menor patamar da história, o País caminha para um maior número de pessoas em idade ativa aptas a trabalhar. Ou seja, o cenário lança sombras sobre o modelo de previdência social baseado na repartição simples, onde os trabalhadores ativos sustentam os benefícios dos aposentados.
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Em paralelo, os planos de previdência privada ainda não conquistaram a adesão massiva, com apenas 5,3% da população optando por essa forma de investimento, de acordo com um levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
Diante desse contexto, podem surgir algumas perguntas: como planejar alternativas que assegurem uma aposentadoria sólida, independentemente da previdência social, e mais atrativa do que os tradicionais planos de previdência privada?
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Conversamos com Pierre Oberson, professor de finanças da FGV, e André Sandri, educador financeiro e sócio da AVG Capital, fundador do Educa$, uma instituição sem fins lucrativos dedicada à educação financeira, para entender como construir uma carteira de investimentos que faça sentido a longo prazo no contexto da aposentadoria.
O primeiro passo para fazer um investimento voltado para a aposentadoria é se familiarizar com o planejamento de longo prazo. “Muitas pessoas começam a pensar no tema apenas quando se aproximam da idade de se aposentar, geralmente aos 50 ou 60 anos, o que torna o desafio ainda maior”. diz Oberson. Ele reforça que a necessidade de economizar grandes quantias de dinheiro em um curto período pode ser esmagadora e resultar na necessidade de continuar trabalhando além do desejado. Portanto, a recomendação para uma aposentadoria tranquila é começar a economizar desde cedo, mesmo que sejam valores mais baixos.
Atualmente, as opções de aportes mínimos para investimentos são mais acessíveis, permitindo que mais pessoas, de diferentes estratos sociais, consigam se planejar financeiramente para o futuro.
“Os investimentos estão mais democráticos e é possível começar com R$ 50 por mês em uma variedade de produtos financeiros. No entanto, é importante reconhecer que a educação financeira na população em geral ainda é baixa, o que gera incerteza e receio em relação ao mundo dos investimentos”, afirma Oberson, da FGV.
Para atender a demanda, o Tesouro Nacional tem aumentado a oferta de produtos voltados para a aposentadoria. Em janeiro deste ano, por exemplo, o órgão lançou um novo título voltado para complementar a renda na aposentadoria: o Tesouro Renda+. O produto entrega uma rentabilidade acima da inflação e em toda data de vencimento o investidor também recebe o valor acumulado em parcelas mensais com correção monetária pelo prazo de 20 anos.
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Na prática, é possível começar a investir com R$ 30 por mês, programar os aportes mensais e ir aumentando o caixa do seu patrimônio. No vencimento desse título você começa a receber o dinheiro em parcelas, de forma que funcione como uma espécie de “salário” durante a sua aposentadoria.
Essas alternativas visam proporcionar uma renda passiva sem a necessidade de gerenciar ativamente os seus investimentos, tornando o planejamento financeiro mais acessível para os brasileiros que ainda não estão familiarizados com o mercado financeiro.
Começando a investir
Com a ajuda de André Sandri, educador financeiro e sócio da AVG Capital, elencamos 4 investimentos alternativos à previdência privada que podem te ajudar a começar a planejar a sua aposentadoria:
Tesouro Direto: os títulos públicos federais são considerados um dos mais seguros do mercado por serem garantidos pelo Governo Federal. A rentabilidade varia de acordo com o título escolhido. Sandri ressalta que esta opção oferece maior controle, possibilidade de diversificação e, muitas vezes, custos mais baixos em comparação com a previdência privada. “O investimento em previdência privada muitas vezes têm taxas mais elevadas e menos flexibilidade em comparação com outras opções. Por que pagar todas essas taxas se você pode obter conhecimento e fazer as aplicações diretamente?”, questiona Sandri;
Fundos Imobiliários (FIIs): Investimento em ativos imobiliários que oferecem rendimentos provenientes de aluguéis e valorização dos imóveis. A vantagem dos FIIs é a liquidez, já que eles podem ser negociados em bolsa, proporcionando resgates rápidos em comparação com planos de previdência com prazos de carência e possíveis tributações no resgate.
Ações: Investir em empresas listadas na bolsa de valores. Embora as ações possuam volatilidade e riscos associados ao desempenho das empresas e ao mercado em geral, elas podem oferecer retornos significativos no longo prazo.
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Fundos de Investimento: nesta modalidade é possível investir em diversas classes de ativos, como ações, renda fixa e câmbio. O risco e o retorno variam conforme a estratégia do fundo. A diversificação por meio de investimentos alternativos ajuda a proteger o investidor contra a baixa performance de um setor específico.
Sandri destaca ainda a importância de focar na diversificação em diferentes classes de ativos e monitorar as implicações fiscais, ao planejar a aposentadoria. “É necessário investir em diferentes produtos para proteger-se contra riscos e maximizar retornos, pois um planejamento de aposentadoria sólido é construído com base em uma diversa e com entendimento das necessidades futuras”, afirma.
Portanto, antes de começar as aplicações, faça uma avaliação do seu perfil de risco como investidor e pesquise sobre a diferença dos investimentos de curto, médio e longo prazos. De acordo com os especialistas, a disciplina, a diversificação e o estudo são os pilares que podem garantir um futuro financeiramente seguro, independentemente de momentos de alta ou baixa nos mercados.