Educação Financeira

Descubra qual o melhor investimento para a sua restituição do IR

Especialistas fazem recomendações e simulações de investimentos para três cenários diferentes

Descubra qual o melhor investimento para a sua restituição do IR
Pagamento de dívidas deve ser prioridade. (Foto: Envato)
  • As restituições do Imposto de Renda começam em 31 de maio deste ano e seguem critério de grupos prioritários
  • Todos os contribuintes que pagaram mais impostos do que deviam no decorrer do ano, considerando deduções de gastos garantidas por lei, têm direito à restituição
  • Especialistas indicam que novos investidores deem preferência à reserva de emergência e, seguindo seu perfil de risco e objetivos, diversifiquem a carteira caso valores recebidos na restituição sejam mais altos

O período de declaração do Imposto de Renda (IR) 2023 se encerra no dia 31 de maio. A data também marca o início do pagamento dos lotes de restituição para contribuintes que tenham direito aos valores — e, quem sabe, uma oportunidade de usar o dinheiro extra para começar a desbravar possibilidades de investimentos.

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor indicam que aqueles que desejam começar a investir com o retorno de valores do IR devem priorizar a composição de um reserva de emergência, além de ponderarem sobre a sua situação financeira atual. Dívidas a curto prazo, por exemplo, podem ser prioridades antes mesmo de qualquer investimento.

Mas antes de abordar as opções de investimentos, entenda como funciona a restituição e quem têm direito a receber os retornos da Receita Federal. Além disso, nesta publicação você pode conferir qual é o calendário de lotes de restituição definido para o ano de 2023.

Quem tem direito à restituição do IR

No decorrer do ano, diversos tipos de rendimento são retidos na fonte. Trabalhadores de carteira assinada, por exemplo, estão acostumados a ver a retenção de Imposto de Renda no seu holerite. Mas o mesmo ocorre para alguns tipos de investimento, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Tesouro Direto.

  • Entenda como aumentar a dedução do seu Imposto de Renda.

Quando o imposto retido na fonte supera o valor que o contribuinte deveria pagar no ano, após as deduções legais, o próprio programa de declaração anual do IR calcula a restituição de uma parte do valor. De maneira simples, a restituição é a devolução do valor de imposto pago indevidamente.

Existe um limite de restituição?

A Receita Federal disponibiliza dois tipos de declaração: a simplificada e a completa. No caso do modelo simplificado, há um abatimento padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis, diminuindo a soma da base de cálculo do IR devido. Mas esse tipo de declaração possui um teto de R$ 16.754,34.

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Aqueles que tiveram gastos dedutíveis superiores ao valor do teto podem optar pela declaração completa. No limite, esse tipo de declaração garantiria uma restituição equivalente ao total pago em impostos durante o ano-calendário.

Como começar a investir com a restituição

Para quem deseja começar a investir, o retorno dos valores pagos em Imposto de Renda podem ser uma boa possibilidade, já que são valores não recorrentes. Mas algumas ponderações importantes precisam ser levadas em consideração antes de começar a fazer as aplicações.

“Antes de começar a investir qualquer valor, é muito importante ter a consciência do atual momento financeiro pessoal”, diz Alexandre Santiago, mentor e planejador financeiro Fiduc. O especialista recomenda que investidores iniciantes consultem profissionais de planejamento para conseguirem diagnósticos sobre sua atual saúde financeira.

Esse tipo de avaliação ajuda a traçar o perfil de risco do novo investidor: espécie de categorização que determina quais são os investimentos mais adequados de acordo com a disposição da pessoa em expor seu dinheiro em aplicações mais ou menos seguras.

Santiago ainda avalia que quitar dívidas de curto prazo, como cheques especiais, cartões de crédito ou empréstimos pessoais, deve ser uma prioridade caso um dinheiro extra chegue no caixa, já que os juros cobrados nesse tipo de negócio dificilmente serão superados por qualquer investimento.

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor dão dicas de possibilidades para utilizar os valores recebidos na restituição. Para isso, a sugestão foi partir de três faixas de restituição diferentes

No primeiro cenário, foi considerada a média de restituição observada nos lotes pagos no ano de 2022. Entram na conta todos os lotes programados e residuais distribuídos pela Receita Federal no decorrer do ano passado. Para chegar à média de R$ 1.577, o volume de dinheiro restituído pelo Fisco foi dividido pela quantidade de contribuintes beneficiados, sempre considerando dados disponibilizados pela própria receita.

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A segunda simulação utiliza um valor um pouco superior, de R$ 5 mil, que fica entre a média paga no último ano e o limite do teto de dedução da declaração simples. O valor do teto, R$ 16.754,34,  por fim, foi utilizado como a base para a simulação do último grupo de cálculo.

Importante destacar que as explicações dos especialistas para cada cenário são apenas ilustrativas. Uma decisão sobre alocação de dinheiro em ativos deve ser tomada pelo próprio investidor ou seus gestores.

Começar a investir com R$ 1.577

Os especialistas consultados convergem sobre a recomendação de utilizar a primeira faixa de valor para a composição de uma reserva de emergência. Como o nome sugere, esse é um fundo financeiro para cobrir imprevistos financeiros, com o intuito de cobrir as despesas mensais por algum período caso seja necessário.

Para esse fim, são recomendados investimentos mais conservadores e com maior liquidez — ou seja, possam ser transformados em dinheiro em conta rapidamente.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, acredita que fundos referenciados DI, Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Tesouro pós-fixado seriam boas opções. “No geral, são bem conservadores e dificilmente terão alguma janela com rentabilidade negativa.”

  • Entenda melhor o que é renda fixa.

Todos esses são investimentos de renda fixa, o que significa que a sua rentabilidade fica definida no momento da compra do ativo, gerando maior previsibilidade. Alexandre Santiago, do Fiduc, adiciona ainda a indicação de Letras de Câmbio Imobiliário (LCIs) e Letras de Câmbio do Agronegócio (LCAs), investimentos de renda fixa que funcionam como “empréstimos” para financiar os setores imobiliários e do agro.

“É importante atentar para o Imposto de Renda devido na tabela regressiva para essa modalidade (título de renda fixa mencionados) que começa em 22,5% nos primeiros 180 dias e cai até 15% após 720 dias, exceto para LCI e LCA, que são isentos de IR”, diz Santiago.

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Com base na expectativa de juros do mercado, Komura avaliou que uma aplicação de R$ 1.577 em um CDB rendendo a 100% do CDI, com a expectativa de juros para 13,2% ao fim de 2023, renderia R$ 208,16 no final do ano. Em um fundo referenciado de 105% do CDI, a mesma quantidade chegaria a R$ 218,57.

Começar a investir com R$ 5 mil

Para essa faixa de valor, o investimento em uma reserva de emergência segue sendo indicado. Mas caso esse fundo já esteja montado, existem possibilidades de diversificação.

Komura diz que há possibilidade de adição de risco com outra parcela do valor, por exemplo, com investimentos de prazo de vencimento mais longos, variando entre 3 a 5 anos. Nesses casos pode valer a pena ter CDBs que pagam em torno de 120% do CDI, mais seguros, alega o especialista.

“Os títulos indexados à inflação estão com taxas atrativas, que não devem se manter neste nível por muito tempo”, aponta Komura como uma possibilidade. Estes títulos possuem a rentabilidade atrelada à taxa de inflação anual somada a uma parte de juros fixos. Hoje, o Tesouro Direto tem opções de Tesouro IPCA que oferecem como retorno a inflação mais taxas de 5,55% a 6,04%.

  • Entenda melhor a diferença entre títulos prefixados e IPCA+.

Segundo Komura, um título IPCA com uma taxa de inflação média de 4,5% e juros fixos em 7% teria um rendimento de R$ 590,75 anualmente. Importante destacar que existem variações na inflação medida anualmente, e um valor médio foi utilizado.

Santiago vai na mesma linha. O especialista indica que , dependendo da composição do perfil e o objetivo do investidor, há possibilidade de se atrelar a ativos além da renda fixa, com um pouco mais de risco. “Fundos de fundos com boa diversificação de carteira, considerando um horizonte mais de médio prazo, entre dois até cinco anos”, exemplifica. Como diz o especialista, nessa modalidade o risco é um pouco maior, portanto, a oscilação e expectativa de retorno também.

Começar a investir com R$ 16.754,34

Com um valor maior para investir, a indicação de manter a reserva de emergências não se altera. No entanto, as possibilidades de diversificação aumentam com mais recursos.

“Considerando esse montante já é possível diversificar um pouco mais uma carteira de investimentos em classes de ativos como renda fixa, renda variável e multimercados, ou até mesmo com alguma exposição internacional”, avalia Santiago.

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O novo investidor pode buscar a diversificação considerando seu próprio perfil e também seus objetivos. Uma possibilidade, de acordo com Santiago, é reservar uma parcela do valor pensando já em complementar uma previdência privada no futuro.

Caso o investidor queira manter todo o seu investimento em renda fixa, um investimento de R$ 16.754,34 teria, para fins de explicação, um rendimento anual de R$ 2.211,57, caso investido em um título prefixado com rentabilidade de 13,2%, por exemplo.

Títulos prefixados são aqueles em que a taxa de juros fica “travada” no valor contratado. Isso é, a rentabilidade definida na compra do título se mantém até o vencimento, independentemente de variações nas taxas de juros de títulos pós-fixados.

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