Educação Financeira

PL das Fake News: relembre casos famosos do mercado financeiro

O intuito do PL é estabelecer regras para evitar a disseminação de informações falsas nas redes sociais

PL das Fake News: relembre casos famosos do mercado financeiro
Foto: @pixabay
  • O caso Bernie Madoff atingiu um valor de US$ 64 bilhões em um esquema de fraude
  • O esquema de Ponzi foi o precursor das pirâmides financeiras.
  • A mentira de que a Petrobras teria uma dívida de R$ 900 bilhões foi propagada pelo ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) durante sua campanha eleitoral.

A Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de lei das Fake News (2630/2020) na terça-feira (25), o que permite ao PL ser votado sem precisar passar pelas comissões da Câmara. A votação deve acontecer na próxima terça-feira (2).

O pedido de urgência vem na esteira da onda de fake news vivida no País, que influenciou desde as eleições, com a mentira de que a Petrobras (PETR4) teria uma dívida de R$ 900 bilhões, até o bolso dos investidores, promessas irreais de lucros, como no caso do ex-jogador do Palmeiras, Gustavo Scarpa.

O intuito do PL é estabelecer regras para evitar a disseminação de informações falsas nas redes sociais. Alguns dos pontos a serem debatidos no projeto será a criação de uma agência reguladora de conteúdos falsos, a aplicação de multas para os propagadores e transparência nos conteúdos.

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Para ilustrar a necessidade do projeto, o E-Investidor selecionou alguns dos casos mais famosos de fake news na história do mercado financeiro. Fraudes que poderiam ter sido evitadas, e milhares de reais que ainda poderiam estar no bolso dos investidores, caso houvesse a regulação.

Esquema de Ponzi

A coletânea de fake news do mercado financeiro não poderia começar por outro lugar além do esquema de Ponzi, o precursor das pirâmides financeiras. O golpe criado por Charles Ponzi prometia lucros irreais para investidores que trouxessem outras pessoas para a sua operação.

O esquema ocorria dentro do ramo de empréstimos, com Ponzi prometendo juros de 50% em 45 dias ou de 100% em 90 dias. O golpe funcionava assim: Ponzi pagava juros elevados aos investidores mais antigos com o dinheiro que ganhava dos novos investidores trazidos pelos integrantes.

No entanto, se pessoas parassem de entrar no esquema, não haveria mais dinheiro para pagar os integrantes mais antigos, e foi isso que aconteceu.

O dinheiro também era usado para investir em cupons de selos postais, que eram adquiridos com baixo custo em outros países e revendidos por muito mais nos EUA, o que ajudava Ponzi a pagar os clientes.

Uma das partes mais curiosas do caso é que Ponzi faleceu em 1949, no Brasil, em um abrigo para indigentes.

Caso Bernie Madoff

O caso Bernie Madoff é considerado o maior golpe financeiro da história de Wall Street. O guru dos investimentos criou um esquema de fraude no valor de US$ 64 bilhões. A relevância de Madoff era tão grande na época que ele ajudou a lançar a Nasdaq, a primeira bolsa de valores eletrônica.

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A fraude de Madoff foi exposta em 2008 como um esquema Ponzi multibilionário que destruiu a fortuna das pessoas e arruinou instituições de caridade e fundações.

Uma das práticas de Madoff era contratar pessoas desqualificadas e que não entendiam o funcionamento do mercado financeiro para que elas emitissem extratos falsos de contas simulando retornos elevados.

Para entender mais sobre o caso, recomenda-se assistir a série da Netflix “Madoff: o Monstro de Wall Street”.

Faraó dos Bitcoins

As fake news do mercado financeiro não se restringem, apenas, aos Estados Unidos. O caso do Faraó dos Bitcoins aconteceu aqui no Brasil, há apenas dois anos, e foi protagonizada por Glaidson Acácio dos Santos.

A fraude veio a público em agosto de 2021, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos e revelou um esquema bilionário de transações fraudulentas no mercado de criptomoedas. Ele prometia rendimentos mensais de 10% aos clientes.

O esquema de pirâmide de Santos também levou sua empresa à falência, a GAS Consultoria e Tecnologia, que tem cerca de 127 mil credores e dívida estimada em R$ 9,9 bilhões. A Polícia Federal afirma que a GAS movimentou quase R$ 40 bilhões em uma década.

Golpe nos jogadores do Palmeiras

Por mais que esse caso seja o que menos movimentou dinheiro entre todos os mencionados acima, ele é uma dos mais recentes e tomou grandes proporções, devido aos nomes envolvidos.

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Ainda neste ano, os atletas Mayke (lateral-direito do Palmeiras) e Gustavo Scarpa (ex-jogador do time que hoje joga para o Nottingham, na Inglaterra) foram convencidos por Willian Gomes de Siqueira, conhecido por Willian Bigode, ex-atacante do Palmeiras, a investir em criptomoedas. No entanto, os atletas não conseguiram, até o momento, sacar os recursos.

Segundo informações da ESPN, que também teve acesso aos autos, Scarpa exige o ressarcimento de R$ 6,3 milhões que foram investidos, enquanto Mayke pede o reembolso de R$ 4,5 milhões. As empresas responsáveis pelo investimento prometiam retornos de 3,5% a 5% ao mês.

Willian Bigode, por sua vez, também diz ter sido vítima do golpe, e não uma parte ativa da fraude.

A apuração, realizada pelo Fantástico, mostra que foram movidos três processos pelos jogadores após o golpe sofrido: Xland, responsável pelo pagamento do investimento; WLJC, empresa que indicou as outras empresas parceiras, e Soluções Tecnologia Eireli, empresa responsável pela transformação da moeda corrente em criptomoedas.

A dívida de R$ 900 bilhões da Petrobras (PETR4)

Essa fake news, por sua vez, pode ser considerada como uma das piores na lista, mesmo que ela não tenha custado diretamente dinheiro a nenhum investidor. A mentira de que a Petrobras teria uma dívida de R$ 900 bilhões foi propagada pelo ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) durante sua campanha eleitoral.

Espalhar fake news sobre a Petrobras foi uma das armas do ex-presidente no para ganhar a corrida eleitoral contra o atual chefe de estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo em vista que ela foi objeto central nos planos econômicos de ambos os presidenciáveis, mas com propostas opostas.

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Lula defendia a manutenção da Petrobras como uma companhia estatal e uma mudança na política de Preço de Paridade Internacional, feita durante o governo de Michel Temer, enquanto Bolsonaro pretendia privatizar a companhia e manter a paridade.

O Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos (Dieese) teve de desmentir Bolsonaro. O ápice da dívida líquida da estatal foi em 2015, atingindo R$ 392 bilhões, logo após os efeitos da Operação Lava Jato no País e na estatal.

Warren Buffett e IRB Brasil (IRBR3)

Outro destaque entre as fake news no mercado financeiro brasileiro vai para a resseguradora IRB Brasil (IRBR3), que voltará ao Ibovespa a partir do dia 2 de maio. Entre fevereiro e março de 2020 a mídia brasileira publicou notícias alegando que a  Berkshire Hathaway, holding do megainvestidor Warren Buffett, tinha praticamente triplicado a fatia que detinha na companhia. No entanto, isso foi uma manobra para aumentar o valor da empresa em um período de crise.

Na época, o grupo de Buffett desmentiu a informação, enfatizando que nunca teve intenção de ser acionista da companhia.

O IRB Brasil (IRBR3) anunciou na segunda-feira (24) que um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla em inglês), e a empresa brasileira terá de pagar US$ 5 milhões a título de compensação. O esquema foi visto pelo governo norte-americano como uma forma fraudulenta de elevar o preço das ações do IRB em um período de crise para a resseguradora.

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