- Com o aumento da taxa Selic, o investidor brasileiro aumentou o volume de aplicações em títulos de renda fixa prefixados e pós-fixados.
- O papel prefixado permite conhecer o rendimento final, enquanto o pós-fixado acompanha as variações de indicadores econômicos.
- O título híbrido oferece uma rentabilidade fixa acrescida de um indexador, o que garante a proteção do patrimônio do investidor.
As aplicações de renda fixa, sejam prefixadas, sejam pós-fixadas, representaram 86% das emissões de títulos do mercado de capitais do primeiro semestre de 2022, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O volume aplicado foi de R$ 202 bilhões, um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior.
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O setor tem sido impulsionado pela alta da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Os juros básicos da economia brasileira saíram de 2% ao ano em março de 2021 para 13,25% ao ano em junho de 2022, na tentativa de controlar os efeitos da inflação.
Nesse cenário, o investidor busca aplicações que possam garantir rendimento real para manter o poder de compra.
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Confira o que são e como funcionam os investimentos prefixados e os pós-fixados.
O que é um título prefixado?
Os títulos prefixados têm taxa fixa determinada no momento da compra. Quando o investidor aplica o recurso, já sabe exatamente quanto o título vai render, independentemente de as taxas de juros de mercado caírem ou subirem.
“A vantagem é conhecer desde o início qual será o retorno ao fim do investimento”, explica Luciana Campos Machado, professora de Finanças da Faculdade FIPECAFI.
Se o investidor precisar resgatar o valor antes do vencimento, estará sujeito ao preço do dia, uma vez que o mercado secundário de títulos sofre variação diária, de acordo com as expectativas do mercado.
“Basta imaginar um exemplo em que você adquiriu um título cuja taxa de remuneração era de 13%, e a taxa praticada no mercado passou a ser de 15%”, diz Machado.
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Com isso, o título prefixado passa a valer menos no mercado, o que derrubará o preço de venda, pois a remuneração vai diminuir e pode até se tornar negativa, caso o título na carteira não seja mantido até o vencimento.
O que é um título pós-fixado?
Os títulos pós-fixados têm rendimento atrelado a um indicador, como o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou a taxa Selic. “Nesse caso, a rentabilidade depende do comportamento das taxas de juros e da inflação acompanhando o mercado”, comenta Machado.
Apesar de o investidor não saber exatamente qual será o rendimento final da aplicação, o volume tende a estar protegido contra as variações da economia, assegurando o patrimônio. Por isso, em um momento de instabilidade, com aumento da inflação e da Selic, o volume de investimentos em pós-fixados cresce.
Como funciona um título híbrido?
“Os títulos híbridos têm um componente prefixado a uma taxa contratada acrescidos a um componente pós-fixado, que é indexado a um índice como o IPCA”, afirma a professora. Dessa forma, o investidor tem a garantia de um rendimento acima do indexador.
Esse mercado ainda está iniciando no Brasil. Entre janeiro e junho de 2022, apenas 5,3% do volume de aplicação foram em papéis híbridos, um número inferior ao investido em renda variável (8,1%), conforme a Anbima.
Títulos de renda fixa disponíveis no mercado
Os títulos de renda fixa geralmente oferecem opções de versões prefixadas e pós-fixadas, como debêntures, Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).
Já os títulos híbridos são menos comuns e geralmente têm prazo mais longo de vencimento, mas são bastantes atrativos para o investidor. Um dos principais exemplos é o Tesouro IPCA+, que garante rentabilidade média de 6% ao ano acima da inflação.
Qual é o melhor investimento em renda fixa?
A decisão de investimento entre títulos prefixados, pós-fixados ou híbridos deve considerar alguns fatores, como a expectativa em relação às taxas de juros futuras, o risco de necessidade de resgate antes do vencimento e o interesse dos investidores em negociar o papel no mercado secundário, onde se costuma ter um desconto sobre o valor da aplicação.
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“O ideal é pensar em uma diversificação, mesmo quando se trata de renda fixa”, defende Machado. Para uma reserva de emergência, por exemplo, são recomendados os títulos pós-fixados, que acompanham o comportamento de mercado e são mais conservadores.
Já para parte do investimento com menos necessidade de liquidez, pode-se pensar em títulos pós-fixados ou híbridos. “Mantendo a diversificação de portfólio, em uma eventual necessidade de resgate, é possível tomar uma decisão mais acertada, sem perda do principal investido”, completa a professora.