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Educação Financeira

Como o corte na taxa de juros Selic vai chegar no bolso do consumidor?

Confira o impacto nas principais modalidades usadas pelo brasileiro, como cartão de crédito e cheque especial

Como o corte na taxa de juros Selic vai chegar no bolso do consumidor?
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
O que este conteúdo fez por você?
  • O Copom cortou os juros do país em 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano
  • Ainda que uma queda significativa para o mercado financeiro, o consumidor final pode não ser impactado de imediato
  • Especialistas explicam que os juros permanecem altos e o risco de inadimplência ainda existe

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou os juros do país em 0,50%, de 13,75% para 13,25% ao ano, em decisão tomada na última quarta-feira (2). Esta foi a primeira redução desde agosto de 2020, quando a autoridade monetária baixou a Selic para a mínima histórica do ano.

De acordo com o boletim Focus – relatório semanal do BC que contém as expectativas do mercado a respeito de indicadores da economia brasileira – desta segunda-feira (7), a previsão para a Selic no encerramento de 2023 caiu de 12,00% para 11,75% ao ano. Para o término de 2024, houve queda de 9,25% para 9,00% ao ano. Há um mês, as estimativas eram de 12,00% e 9,50%, nessa ordem.

De acordo com a estimativa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), vai ocorrer uma pequena queda nas principais modalidades de crédito usadas pelo consumidor brasileiro como o cartão de crédito e o cheque especial.

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No cartão de crédito, ocorrerá uma redução de 2,2 ponto porcentuais, para 425,1% ao ano, seguido do cheque especial que ficará em 155,8% ao ano, empréstimo pessoal em financeiras (132,1% ao ano), juros do comércio (91,6% ao ano), empréstimo pessoal em bancos (61,8% ao ano) e crédito direto ao consumidor em 28,5% ao ano, conforme a organização.

Por exemplo, com a nova taxa de juros, o cliente que entrar no cheque especial em R$ 1.000 por 30 dias iria pagar R$ 130,70 de juros, mas com o movimento da Selic ele passará a arcar com R$ 129,80 de juros na operação, uma diferença de apenas R$ 0,90. Para aquele que comprar uma geladeira de R$ 2.000 e dividir o valor em 12 vezes, as parcelas de R$ 405,91 agora chegarão aos R$ 402, 76, uma redução de R$ 3,15, segundo a Anefac.

O que dizem os especialistas 

De acordo com Fernando Lamounier, especialista em educação financeira e diretor de novos negócios da Multimarcas, a decisão do Copom pode gerar mais empregos na economia brasileira, assim como a redução de preços. O acesso a créditos mais baratos motiva as empresas a investir em equipamentos e contratações, afetando diretamente no custo das operações e colaborando com a diminuição dos preços ao consumidor final.

“A redução da taxa Selic causará uma eventual e pequena queda nos juros do cartão de crédito e cheque especial cobrados ao consumidor brasileiro, porém será a longo prazo, porque existem outros fatores que influenciam no valor final das prestações. Uma redução de 0,5 ponto porcentual não vai refletir na ponta de uma forma significativa, pois a taxa não cai na mesma proporção e é somente uma referência para os bancos que, obviamente, podem rentabilizar os dois produtos da forma que quiserem de acordo com a sua estratégia”, afirma.

O economista-chefe da SuperRico, Jayme Carvalho, também não acredita que o consumo nessas duas modalidades de crédito possa crescer mesmo com a perspectiva de uma taxa de juros a 11,75% no final de 2023. “Por mais que a Selic caia de uma forma significativa, ela não é o principal componente dos juros ao consumidor. O principal componente é inadimplência e a ela está no maior nível histórico. Então, na verdade, está muito difícil a ter acesso a crédito”, comenta.

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Para aqueles que procuram novos créditos, Carvalho recomenda pesquisar por bancos que ofereçam uma pequena diminuição na parcela, trocando juros caros por mais baixos.

Planejamento

Por fim, o especialista Guilherme Casagrande, educador financeiro da Creditas, revela não acreditar que o consumidor vai perceber essa mudança tão rapidamente ainda que a queda da Selic represente um marco muito importante para o mercado de crédito. Ele alerta que muitos fatores da “engrenagem econômica” são necessários para definir se a queda da taxa básica de juros pode gerar um estímulo ao consumo, destacando que os níveis de inflação ainda estão altos.

Nesse cenário, Casagrande afirma que é essencial ter planejamento para não cair no vermelho com essas modalidades de crédito, procurando sempre por novas que não tenham taxas muito altas. “É importante entender que, do mesmo jeito que fazemos um orçamento para comprar alguma coisa que é importante para nós, devemos sempre buscar o melhor crédito e entender como esse mercado funciona. Nem sempre a melhor taxa é o melhor crédito, então é muito importante entender todos os custos envolvidos”, afirma.

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