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Educação Financeira

Renda fixa: o que é melhor, investir diretamente ou via fundos?

O investimento em renda fixa, apesar de parecer simples, demanda conhecimento

Renda fixa: o que é melhor, investir diretamente ou via fundos?
CDBs são títulos de renda fixa de emissão bancária (Imagem de Freepik)
  • O lado positivo de investir diretamente em títulos de renda fixa é a economia com as taxas de administração e performance cobrada pelos fundos
  • Com os fundos é possível manter uma diversificação maior de carteira, o que diminui o risco de emissor
  • Investidor pode compor portfolio de renda fixa com fundos e ativos investidos diretamente

Historicamente, o Brasil apresenta uma taxa Selic elevada, que atrai o investidor pessoa física para os produtos de renda fixa. São várias as opções: desde crédito bancário, passando pelos títulos públicos, debêntures e outros produtos mais estruturados, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e alguns com isenção de imposto de renda como os certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio CRIs e CRAs.

Diante de tantas opções, valeria a pena o investidor comprometer parte de seu ganho para aplicar em fundos de renda fixa que cobram taxa de administração?

O lado positivo de investir diretamente em títulos de renda fixa é a economia com encargos. “Nos fundos, você tem essa estrutura de taxas porque precisa remunerar os prestadores de serviço”, diz Vinícius Romano, especialista em renda fixa da Suno Research, comparando com o custo zero de quem faz os próprios investimentos. Em geral, ao investir diretamente você não paga taxa de administração e taxa de performance.

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Por outro lado, apesar de evitar custos, é preciso ponderar qual o objetivo de quem está aplicando o dinheiro. “Em cada produto, o investidor vai tomar tipo de riscos e retornos diferentes. Quanto maior for o prazo e mais sofisticada for a estruturação desses ativos, maior tem que ser o retorno em relação ao CDI“, comenta a head de Fundos e Previdência da Manchester Investimentos, Mayara Ranni Sekertzis.

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma taxa de referência para a renda fixa, reflete o custo do dinheiro entre bancos. O CDI acompanha de perto a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira definida pelo Banco Central. Investimentos atrelados ao CDI geralmente pagam 0,1 ponto percentual a menos que a Selic.

Neste sentido, investir diretamente nos produtos ou através de um fundo de renda fixa traz os mesmos benefícios, principalmente num cenário de taxa Selic elevada. “Independente de queda da Selic, ou não, você continua tendo um retorno atrativo”, avalia a especialista.

Diversificação e segurança

A diferença em alocar em ativos diretamente ou através de fundos é que, nesta segunda opção, é possível manter uma diversificação maior de carteira. Isso acaba diminuindo o risco de determinado emissor, no caso de produtos de crédito bancário ou dívida privada.

Além disso, muitos títulos privados costumam ter aplicações mínimas  acima de R$ 1 mil. “Se uma pessoa não tiver muitos recursos, ela não vai conseguir diversificar tanto”, alerta o especialista da Suno. “Comprando uma cota de um fundo, você já está diversificando”, pondera.  Os fundos costumam ter uma carteira bastante diversificada, incluindo prazos e indexadores, como IPCA +, CDI e prefixados, lembra.

Por outro lado, investir diretamente em títulos do Tesouro é um caminho seguro, pois são considerados ativos livres de risco. Sua emissão é garantida pelo governo, que tem o poder de criar dinheiro para honrar suas dívidas. Isso torna a probabilidade de inadimplência extremamente baixa, argumentam os especialistas.

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Na visão de Sekertzis, uma desvantagem em aplicar diretamente num ativo de renda fixa é deixar de ter uma a gestão ativa das alocações. Afinal, um gestor profissional está no dia a dia do mercado, atento ao melhor momento de comprar e vender de acordo com as marcações que acontecem nos títulos aplicados do fundo. “Ele consegue agregar um retorno mais elevado em vez de só comprar o ativo e carregar até o vencimento”, diz.

Além disso, fundos de renda fixa cobram taxas atrativas, que são compensadas pelo valor agregado acima do CDI. Na média de mercado, os fundos cobram o,5% de taxa.

Pagando pelo serviço qualificado

Romano também faz a mesma observação. Muitas vezes vale a pena pagar um pouco mais para ter um serviço qualificado. E aí entra a pesquisa. Gestores com bom histórico, que conseguem superar seus índices de referência (benchmark), merecem ser remunerados pelo serviço. “Tem que analisar fundo a fundo porque, dependendo da estratégia, pode fazer muito sentido para os investidores”, complementa.

Samuel Machado, sócio da One Investimentos, argumenta que não há vantagem em pagar taxa de administração, mas se o gestor for bom, o investidor está contratando um time de análise a serviço de seus investimentos, pessoas  que têm acesso a produtos que a pessoa física não consegue normalmente. “É mais custoso, por isso, não paga o CDI, é desvantagem”, afirma.

Por outro lado, quem investe diretamente tem mais personalização, já que pode escolher os ativos que se adequam melhor às suas necessidades e objetivos. Assim o investidor pode comprar  títulos com vencimentos diferentes, combinando prazos curtos com mais longos. Além de maior transparência. “Você faz da forma que bem entender e consegue saber exatamente como cada ativo está rendendo dentro da carteira“, diz Romano, da Suno.

Essa maior liberdade e controle, no entanto, não é exatamente de graça. Isso porque, investir em renda fixa, apesar de parecer simples, demanda conhecimento. “Então, você tem que dedicar um tempo ali, monitorar, para acompanhar os investimentos e ajustar conforme necessário”, diz o especialista. É válido lembrar, que no mercado financeiro tempo também é dinheiro.

Compondo a carteira

Mas é possível economizar com taxas mesmo investindo em fundos. Os mais simples, que só investem em um tipo de ativo, costumam ter taxas reduzidas. “Os fundos são uma boa para quem não sabe ou não tem tempo de acompanhar o mercado”, comenta Machado da One Investimentos.

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Porém, além das taxas, salienta o analista, o investidor também precisa ficar de olho nas cotas dos fundos, que têm marcação de mercado. Ou seja, há uma volatilidade que pode interferir na remuneração. Quem compra na alta, portanto, tem uma margem de sucesso menor em relação ao cotista que comprou na baixa.

O analista de investimentos Ricardo Schweitzer resume em três tópicos as vantagens de se investir em renda fixa através de fundos:

  • 1) Ganho de escala – Possibilita investimento em uma ampla gama de ativos ao mesmo tempo – mitigando riscos de concentração;
  • 2) Liquidez – Mesmo com prazos de resgate mais dilatados, são alternativa “infinitamente melhor” do que o mercado secundário de renda fixa, que para o investidor pessoa física oscila entre fraco e inexistente;
  • 3) Análise de risco de crédito – É um trabalho ingrato de se fazer individualmente

“Então, a depender dos objetivos do investidor com seus investimentos em renda fixa, eu acredito que (os fundos de investimento em renda fixa) podem, sim, fazer sentido. Lembrando sempre que as rentabilidades divulgadas já são líquidas de taxas”, comenta.

Um investimento, no entanto, não anula o outro. “Compor um portfolio de renda fixa com fundos e ativos investidos diretamente, de bons emissores, high grade, e boas taxas, faz muito sentido”, diz a profissional da Manchester Investimentos. Para ela, esse momento é de aproveitar bastante as oportunidades do IPCA +, que estão em patamares históricos muito atraentes, acima de 6% de juros reais. “Caso a curva (de juros) venha a fechar, a expectativa é de rentabilizar bem acima do CDI”, comenta referindo-se ao atual patamar dos títulos vinculados à inflação.

 

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