- Os trabalhadores que foram demitidos e receberam a indenização pela rescisão contratual precisam se organizar financeiramente para gerar rendimentos e pagar as contas
- É importante fazer uma reserva de emergência enquanto outra fonte de renda recorrente não é encontrada
- Os recursos devem ser investidos em aplicações com liquidez e baixo risco
Cerca de 10 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma parte dessas pessoas recebeu o valor respectivo à rescisão de contrato de trabalho, que pode ser alto dependendo do tempo de emprego, das férias acumuladas e dos rendimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Leia também
Algumas pessoas podem ver a “bolada” como um prêmio da loteria, mas esquecem que podem estar sem remuneração nos próximos meses. Por isso, é preciso se preparar para enfrentar as possíveis adversidades sem aperto, enquanto uma nova fonte de renda não aparece, ou fazer um investimento para aumentar o patrimônio caso um negócio já esteja em vista.
“O trabalhador não deve gastar de maneira irracional”, alerta o economista Eduardo Edart. A aquisição de bens, sejam imóveis ou móveis, só deve ser realizada se a pessoa tiver outra fonte de recursos; do contrário, corre o risco de se descapitalizar.
Publicidade
Conteúdos e análises exclusivas para ajudar você a investir. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Saiba o que fazer com o dinheiro que recebeu da rescisão.
Fiquei desempregado, o que devo fazer com minhas finanças?
A primeira ação quando receber a notícia do desligamento da empresa é verificar quais são os gastos mensais e qual é o tamanho do “colchão” contra momentos de crise. “A reserva de emergência deve equivaler a seis meses dos custos mensais”, explica Edart. Dentro desse orçamento, devem ser incluídos apenas os gastos necessários e obrigatórios, como conta de luz, água e alimentação.
A pessoa tem de se adequar à nova realidade e procurar alternativas que não comprometam tanto a qualidade de vida e sejam mais baratas. A assinatura dos serviços de streaming, o jantar fora de casa no fim de semana e o cinema com pipoca e refrigerante devem ser revistos, pois são gastos supérfluos.
O que faço com o dinheiro da rescisão?
Tendo consciência do orçamento pessoal, os custos do primeiro mês devem ser separados para uma utilização imediata. O resto da reserva de emergência pode ser aplicado em um investimento com alta liquidez. “As opções são diversas: poupança, Certificado de Depósito Bancário (CDB), contas remuneradas, entre outros”, exemplifica o economista.
Se as contas mensais forem pagas com o seguro-desemprego ou outra forma de remuneração recorrente, ainda melhor, porque então o dinheiro recebido pela rescisão pode ser aplicado em um investimento de longo prazo e contribuir para proteger o patrimônio da inflação.
É vantagem adiantar parcelas de dívidas?
Utilizar o valor da rescisão para reduzir dívidas vai depender das condições de financiamento, sobretudo dos juros a serem pagos. Um empréstimo para a compra de um imóvel ou um veículo geralmente conta com taxas menores, podendo ser melhor manter dentro do orçamento mensal.
No entanto, não é bom, por exemplo, deixar de pagar a fatura do cartão de crédito, pois os juros por atraso são altíssimos. O limite do crédito deve ser, no máximo, de 30% da renda do consumidor. Como não há renda no momento de desemprego, o ideal é quitar integralmente e abandonar, por enquanto, o “dinheiro de plástico”.
A rescisão pode garantir minha aposentadoria?
Se a rescisão for alta e a rentabilidade conseguir pagar todas as contas, sobrando um pouco, isso pode ser uma opção. Durante os anos, a aplicação terá correção de juros, mas a inflação fará os custos aumentarem.
Quem tem um custo de vida mensal de R$ 5 mil e recebeu R$ 1 milhão, por exemplo, consegue rendimentos de R$ 10 mil mensais, com a Taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) a 13,75% ao ano. Porém, a taxa de juros é cíclica, e a alta atual não deve se manter durante todos os anos. “Por isso, é importante diversificar os investimentos, buscando maior rentabilidade e mitigando o risco concentrado”, recomenda Edart.
Como investir o dinheiro da rescisão?
O investidor, antes de tudo, deve ser organizado financeiramente para entender qual é a realidade dele, definir um plano e garantir a reserva de emergência. Caso o fluxo esteja garantido, buscar aplicações com liquidez e sem risco. “O dinheiro pode ser incluído na estratégia da carteira, alavancando as posições e otimizando os rendimentos”, orienta o economista.
Publicidade