Educação Financeira

Vale a pena optar pelo saque-aniversário do FGTS? Confira prós e contras

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor recomendam os melhores caminhos para sacar parte do fundo de garantia antes do previsto

Vale a pena optar pelo saque-aniversário do FGTS? Confira prós e contras
Foto: Envato Elements
  • O saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) possibilita aos trabalhadores de carteira assinada retirar uma parcela do recurso anualmente no mês de aniversário
  • A medida serve como uma válvula de escape em situações de emergência financeira, em especial na falta de fontes de renda extra, como uma reserva, por exemplo
  • Optar pela modalidade, no entanto, exige cuidados e nem sempre pode ser vantajoso

Criado em 2019, o saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) possibilita aos trabalhadores de carteira assinada retirar uma parcela do recurso anualmente no mês de aniversário. Na última segunda-feira (3), a Caixa Econômica Federal liberou o saque para os trabalhadores nascidos em julho. A medida serve como uma válvula de escape em situações de emergência financeira, em especial na falta de fontes de renda extra, como uma reserva, por exemplo.

Optar pela modalidade, no entanto, exige cuidados e nem sempre pode ser vantajoso. Após solicitar a adesão, ainda é possível voltar atrás e pedir o retorno ao saque-rescisão. Porém, os efeitos não serão imediatos: será necessário aguardar o primeiro dia útil do 25º mês após a solicitação para que a mudança seja efetivada, o que pode prejudicar trabalhadores demitidos sem justa causa sob o regime da CLT, que terão acesso apenas à multa de 40% sobre o valor retido.

Especialistas ouvidos pelo E-Investidor ressaltam a importância de se ter cautela antes de aderir ao saque-aniversário. Conforme a economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, caso o trabalhador não tenha nenhum tipo de poupança ou dinheiro guardado e esteja preocupado com um eventual desligamento, é melhor deixar o recurso depositado.

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O mesmo vale caso o saldo nas contas do fundo de garantia não seja alto. “Se o trabalhador tiver pouco tempo de carteira assinada em um determinado emprego, como sete ou oito meses, por exemplo, o valor é muito baixo. Nesse caso, é melhor deixá-lo acumulando para, no futuro, decidir o que ele vai fazer de melhor”, recomenda.

Se o valor acumulado no FGTS for relevante e a necessidade do momento ‘falar mais alto’, como no caso de pagamento de dívidas, Beni pontua que o saque-aniversário pode ser uma alternativa, considerando as altas taxas de juros que são possíveis de serem encontradas em empréstimos bancários. A especialista, porém, lembra que é necessário cuidar da saúde financeira logo em seguida.

“Isso só é válido caso o trabalhador faça um ajuste nas suas receitas e despesas porque ele se usar um dinheiro do FGTS, que é para uma reserva, para quitar uma dívida e depois de alguns meses entrar de novo na inadimplência, esse dinheiro foi perdido”, enfatiza. A economista também não vê com bons olhos retirar parte do recurso para consumo imediato, especialmente em compras supérfluas. “Usar o saque para comprar uma roupa, um móvel, fazer uma viagem, não é recomendado porque o dinheiro tem valor no tempo”, adiciona.

Já o planejador financeiro Carlos Castro, sócio-fundador da SuperRico , alerta que optar pelo saque na modalidade envolve um risco quando se está empregado. “Há o agravante de perder a renda com a demissão, pois parte desse dinheiro teria que ser usada para equilibrar as finanças. Do contrário, haverá uma série de efeitos prejudiciais em relação à saúde financeira pela falta de crédito”, avalia, recomendando ainda a criação de uma reserva própria em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Tesouro Selic, por exemplo, já que o FGTS possui rentabilidade de 3% ao ano + taxa referencial (TR), enquanto a poupança rende 6,17% ao ano + TR.

“Com isso, a pessoa estará cuidando melhor desse dinheiro com mais liquidez e rendendo mais, o que significa que, se ela é demitida, pelo menos parte dele já está nesse colchão, em um período de transição até conseguir retomar o emprego e a renda”, aconselha.

O que você precisa saber sobre o saque-aniversário do FGTS

Aderir ao saque-aniversário é uma medida opcional e pode ser realizada pelo aplicativo do FGTS, disponível nos sistemas operacionais Android e iOS. Na plataforma, basta o usuário acessar o menu “Meu FGTS”, ir até a aba “saque-aniversário” e, em seguida, ler os termos e condições da modalidade. Caso concorde com eles, é só aderir.

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O valor disponível para ser sacado depende, entretanto, do saldo total da conta de cada trabalhador, de uma alíquota que incide sobre ele e de uma parcela adicional. Caso o total nas contas do fundo seja entre R$ 1.000,01 e 5.000,00, por exemplo, é cobrada uma alíquota de 30% e soma-se uma parcela adicional de R$ 150.

No caso de um trabalhador com saldo de R$ 1.250,00, a alíquota de 30% incide sobre o valor total, gerando um valor de R$ 375. Somada a parcela adicional de R$ 150, o valor final da parcela a ser recebida é de R$ 525. Nesse caso, quanto maior o saldo, menor o percentual permitido para o saque.

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