O que este conteúdo fez por você?
- As últimas semanas do mercado financeiro foram marcadas pela abertura da curva de juros brasileira, em meio à piora do sentimento em relação ao fiscal e ao futuro da inflação no País
- O movimento abriu uma oportunidade "única" para investidores da renda fixa: a alocação em títulos do Tesouro Direto com um juro real acima de 6% ao ano
- Especialistas veem retorno atrativo e destacam papel do ativo em uma carteira com foco no longo prazo em busca do primeiro R$ 1 milhão
As últimas semanas no mercado financeiro foram marcadas pela abertura da curva de juros brasileira, em meio à piora do sentimento em relação ao cenário fiscal e ao futuro da inflação no País. De um lado, isso penalizou os investimentos de renda variável em abril, do outro, abriu uma oportunidade para os investidores da renda fixa: a alocação em títulos do Tesouro Direto com um juro real acima de 6% ao ano.
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O IPCA + 6% é considerado um “juros de crise“, uma oportunidade rara no mercado e bastante atrativa para investidores com foco no longo prazo. Na terça-feira (14), todos os títulos do Tesouro IPCA+, Tesouro Renda+ e Tesouro Educa+ eram negociados a um retorno IPCA somado a uma taxa acima de 6% ao ano. Especialistas são unânimes em dizer que as taxas atuais são atrativas e podem ser boas aliadas de objetivos financeiros como a aposentadoria ou o tão sonhado primeiro milhão.
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“Se olharmos o histórico de negociação dos títulos públicos, em pouquíssimos períodos de tempo tivemos oferta de taxas reais pagando acima de 6% ao ano. Considerando os últimos cinco anos, em menos de 10% do tempo tivemos oportunidade de adquiri-los”, diz Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.
Ela faz um cálculo de rendimento tendo em comparação o “1% de retorno ao mês”, um dos objetivos de retorno nominal de investidores mais conservadores em momentos em que a taxa de juros está elevada. Considerando, por exemplo, o IPCA de fevereiro deste ano, com variação mensal de 0,83%, o investidor que teve um ganho nominal de 1% teve, em contrapartida, um ganho real de 0,17%, tendo em vista o desconto da inflação. Na faixa dos 6% ao ano, oferecido pelo Tesouro, a rentabilidade mensal real, acima da inflação, fica em torno de 0,49%.
“Pensando em longo prazo, não podemos nunca desconsiderar o poder que a inflação tem em corroer o poder de compra do capital. Os títulos atrelados à inflação são um dos melhores aliados, portanto, para a construção e manutenção do capital no longo prazo, principalmente no Brasil, considerando que os choques de inflação são extremamente difíceis de serem previstos com antecedência pelos economistas”, explica Kist.
Os títulos atrelados ao IPCA são considerados uma estratégia de proteção do portfólio. Como o Brasil é um País com um histórico de inflação alta, um ativo que remunere ao investidor um juro real, além da variação de inflação, garante a manutenção do poder de compra ao longo do tempo; um ponto especialmente importante para vencimentos de longo prazo.
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“Ter o patrimônio protegido pela inflação e ainda gerar um ganho real do seu dinheiro ao longo do tempo é algo que atrai boa parte da população investidora”, diz Fábio Cabral, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Como se aproximar do sonho do R$ 1 milhão
Conquistar o primeiro milhão é um dos grandes objetivos que leva muita gente ao mercado de capitais. A marca é tida como uma meta de independência financeira a ser construída no longo prazo com a ajuda de aportes constantes e retornos reais – por isso, o IPCA + 6% pode ajudar.
“Investir em Tesouro IPCA+ com taxas elevadas é ideal para metas de longo prazo, como aposentadoria ou educação dos filhos, porque a rentabilidade real positiva e a proteção contra a inflação asseguram que o poder de compra do dinheiro será preservado ao longo dos anos”, explica Gabriel Lago, planejador financeiro e sócio-fundador da The Hill Capital. “Para investidores que têm como objetivo alcançar o primeiro milhão, o título pode ser uma peça chave na estratégia de investimento, já que utilizar essas taxas altas para a composição de juros ao longo do tempo pode acelerar significativamente o crescimento do patrimônio.”
No simulador do site do Tesouro Direto é possível ter uma ideia do poder dos juros compostos nessa meta financeira. O Tesouro IPCA+ com vencimento em maio de 2045 é negociado a uma rentabilidade de IPCA mais uma taxa de 6,14% ao ano. Para resgatar R$ 1 milhão ao final deste prazo, em 21 anos, seria preciso investir R$ 1.454,26 mensais ao longo de todo o período, depois de um investimento inicial de R$ 1 mil.
O rendimento bruto dessa aplicação seria de R$ 1.147.412,03. Com os descontos do Imposto de Renda e da taxa de custódia cobrada pela B3, o valor líquido alcançaria o R$ 1 milhão.
Para muitos investidores, este pode ser um valor alto de aportes mensais, mas isso não significa que esta é a única possibilidade. Como o Tesouro permite investimentos a partir de R$ 30, é possível aproveitar a alta das taxas para, aos poucos, ir se aproximando do sonho do primeiro milhão. “É claro que quanto menores os aportes, mais tempo será necessário investir para chegar no volume de R$ 1 milhão. Mas uma das principais vantagens do Tesouro é a acessibilidade com recursos baixos”, pontua Simone Albertoni, especialista de investimentos em renda fixa da Ágora Investimentos.
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O caminho, segundo os especialistas, é manter uma estratégia de aportes constantes, aproveitando as janelas de oportunidade quando a curva de juros abrir e as taxas oferecidas aumentarem. “Se carregar um título nesses níveis de taxa por prazos intermediários ou longos, o retorno pode inclusive superar outros indexadores, como o CDI”, diz a especialista da Ágora.
De acordo com o site do Tesouro, o retorno das aplicações no Tesouro IPCA+ 2045 supera com certa folga o de outros produtos financeiros, como LCIs, poupança e até mesmo os fundos DIs. Mesmo para aportes mensais menores.
Um investidor que adquirir o papel e fizer aportes mensais de R$ 500 até o vencimento, em 2045, terá investido ao final do período um valor total de R$ 126,5 mil. Com a taxa IPCA + 6,14%, o valor bruto a ser resgatado em 21 anos é de R$ 395,6 mil – mais do que o dobro. A mesma aplicação renderia R$ 279 mil em um fundo DI e R$ 249 mil na poupança.
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