- O sonho de viver de renda é um dos grandes motivos que levam muitos brasileiros ao mercado de investimentos
- Com disciplina para poupar, visão de longo prazo e os juros compostos a seu favor, esse objetivo pode ser alcançado, defende Sigrid Guimarães, CEO da Alocc
- A gestora com R$ 10 bilhões sob gestão faz um cálculo que pode ajudar investidores a planejar a "renda vitalícia"; veja as simulações
O sonho de viver de renda ou de, ao menos, construir um patrimônio que te gere uma renda complementar é um dos grandes motivos que levam muitos brasileiros ao mercado de investimentos. Com disciplina para poupar, visão de longo prazo e os juros compostos a favor, esse objetivo pode ser alcançado. Inclusive, por quem está apenas começando.
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“É um objetivo caso a caso, porque para alcançar esse lugar, o investidor depende do custo de vida e de quanto precisa para viver. Quem tem um custo mais baixo vai precisar juntar menos dinheiro. Mas a meta pode servir para qualquer um”, afirma Sigrid Guimarães, sócia-fundadora e CEO da Alocc, uma gestora de patrimônio com R$ 10 bilhões sob gestão.
Para mapear o caminho até a tão sonhada “renda vitalícia”, o investidor deve fazer uma conta que inclua sua idade atual, a idade com que deseja parar de trabalhar e a renda atual e a que deseja receber lá na frente. E aí entra um dos principais pontos, segundo Guimarães: a capacidade de poupar.
“Fazemos um estudo da vida do investidor para entender em quanto tempo atingirá o objetivo se ele continuar poupando tal quantia todo mês, todo ano. E, se o que o investidor poupa não for suficiente, onde é que podemos cortar para conseguir poupar mais”, explica. “E, claro, quem começa mais cedo tem muito mais chance de alcançar.”
Quanto o investidor deve acumular para viver de renda?
Uma das grandes dúvidas de quem quer viver de renda é a quantia que precisaria juntar para atingir tal objetivo. Guimarães explica que o valor vai depender da capacidade de poupança e do custo de vida de cada um. No entanto, ainda assim dá para estipular alguns cálculos que ajudam o investidor a visualizar o planejamento necessário.
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Para facilitar a conta, a CEO sugere que o investidor considere que necessitará de um patrimônio 250 vezes superior à despesa mensal para poder renunciar às receitas do trabalho e viver de renda. Isso significa que quem pretende contar com uma renda mensal de R$ 10 mil, por exemplo, precisaria acumular um patrimônio de R$ 2,5 milhões. Já para uma renda vitalícia maior, de R$ 50 mil ao mês, seriam necessários cerca de R$ 12,5 milhões.
A pedido do E-Investidor, a Alocc fez uma simulação da evolução de uma carteira de investimentos para um jovem de 25 anos que começasse a poupar e a investir em 2024.
Com uma capacidade de poupança de R$ 36 mil por ano, o equivalente a R$ 3 mil ao mês, esse investidor conseguiria acumular um patrimônio de R$ 776,8 mil aos 40 anos, o suficiente para lhe garantir uma renda extra perto de R$ 3,2 mil. Se esperasse mais, até os 60 anos, esse patrimônio cresceria para R$ 3,2 milhões – gerando uma renda mensal de R$ 13,5 mil.
Simulação 1: capacidade de poupança de R$ 36 mil ao ano ou R$ 3 mil ao mês
Simulação 2: capacidade de poupança de R$ 60 mil ao ano ou R$ 5 mil ao mês
Simulação 3: capacidade de poupança de R$ 120 mil ao ano ou R$ 10 mil ao mês
A simulação leva em conta uma carteira de investimentos cuja média de rentabilidade real (descontada a inflação) seja de 5% ao ano. Um retorno possível de ser alcançado no longo prazo com uma seleção diversificada de investimentos, mesmo perante as variações de ciclos macroeconômicos, diz Guimarães.
"Obviamente, para ter essa rentabilidade o investimento tem que estar bem gerido. Há momentos em que a taxa de juros real está 2%, em outros, 8%. O investimento tem que estar bem gerido para passar por todos esses momentos, mas ao longo do tempo, 20 anos com esse objetivo, dá para atingir com tranquilidade", defende.
A título de comparação, ao final de 2023, a taxa de juros real do Brasil era de 6,11% ao ano, segundo ranking feito pela MoneYou.
O papel dos investimentos
Apesar de ser um passo fundamental na conquista da liberdade financeira, o simples ato de poupar não é suficiente. O investidor precisa colocar o dinheiro para render. Afinal, se o objetivo é de longo prazo, o patrimônio acumulado deve ser protegido das variações da inflação – por isso que os cálculos da Alocc visam sempre garantir um juro real ao investidor.
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O método da gestora bilionária pressupõe três grandes linhas: um colchão de liquidez, a diversificação e a eficiência da carteira. "Esse colchão de liquidez serve para cobrir qualquer eventualidade de curto prazo. Uma vez construída essa reserva, o restante do dinheiro pode e deve ser diversificado para conseguir atravessar o tempo. E então procuramos tirar eficiência na seleção de gestores, de fundos e produtos de investimento”, explica Guimarães. “É assim que se consegue gerar esse juros real."
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Mas também é preciso cuidado para, na gana de conquistar a independência financeira, evitar cair em promessas de retorno rápido e acabar sabotando a rentabilidade da carteira de investimentos. “Infelizmente, muita gente vive, permanentemente, em busca de uma aplicação extraordinária, que lhe garanta a mais alta rentabilidade, o tempo todo, mas isso não existe. Ninguém vai encontrar essa aplicação e persegui-la não só é inútil como costuma sair bem caro e apenas colabora para a deterioração do patrimônio a longo prazo”, afirma Guimarães.
Por isso, o investidor precisa escolher com cuidado os produtos de investimento e não colocar risco demais na carteira. Um processo de escolha de ativos que deve contar com assessoria especializada, sempre que possível, destaca ela. "Não é todo mundo que tem dinheiro para isso, mas os que tem essa possibilidade podem procurar um consultor financeiro, um planejador, alguém que tenha uma cabeça isenta e possa ajudar."