Enquanto uns choram, outros vendem lenços. No mercado, uns perdem dinheiro e outros abocanham pechinchas. O tombo da Petrobras (PETR3; PETR4), que perdeu R$ 63,197 bilhões em valor de mercado entre os dias 7 e 11 de março após a companhia não distribuir proventos extraordinários, teve efeitos colaterais. A situação, no entanto, gerou uma oportunidade de compra em algumas empresas estatais, que acabaram ficando descontadas diante da queda das ações. Mas quanto seria necessário pagar nelas para ter um retorno em dividendos acima da Selic em 2024?
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Levantamento de Fábio Sobreira, analista da Harami Research, para o E-Investidor revela que há 13 ações de estatais ou companhias com participação do governo na base acionária, como Vale (VALE3), Eletrobras (ELET3;ELET6) e Copel (CPLE6), que podem ser consideradas baratas atualmente – confira no final da reportagem os detalhes da metodologia utilizada para apontar as oportunidades de investimentos.
Vale destacar que nem todas as companhias são recomendadas para investimento. Sobreira citou como furadas, além de ilíquidas: BRB Banco (BSLI3), Banco do Nordeste (BNBR3), Telebras (TELB4) e Banese (BGIP4). Banestes (BEES3), Banco da Amazônia (BAZA3) e Emae (EMAE4) foram consideradas ações de baixa liquidez, porém ainda com bons fundamentos.
Confira abaixo as 13 ações de estatais baratas:
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Dicas para diluir o risco político das estatais
1. Compre uma empresa privada do mesmo setor
Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research, aconselha inserir na carteira uma empresa privada do mesmo setor que a estatal para balancear o risco de ingerência política. Por exemplo, se o investidor tiver Banco do Brasil (BBAS3) no portfólio, a recomendação seria adicionar Itaú (ITUB4) também.
Já no caso de Petrobras, a dica de Bueno vai para a Prio (PRIO3) ou 3R Petroleum (RRRP3). Embora nenhuma das duas junior oils, assim chamadas as menores petrolíferas da Bolsa, pague dividendos elevados, estes papéis tem forte potencial de crescimento e valorização das ações, diz o analista. “Nos momentos de grandes oscilações é quando as junior oils se valorizam”, comenta.
Já no caso da Eletrobras, que tem participação do governo, Bueno indica inserir também a Isa Cteep (TRPL4) no portfólio. “Se existir ruído político, o investidor acaba compensando e com essa diversificação mantém uma rentabilidade mais constante no longo prazo”, pontua o analista da Nord Research.
2. Ouça discursos com atenção, mas observe atitudes
Gustavo Poladian, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital, reforça que o investidor não pode focar apenas no discurso do governo e, sim, nas efetivas ações dele nas empresas. “A grande maioria dos governos possui um discurso populista para agradar a população e não necessariamente isso irá se traduzir em uma ação efetiva na empresa”, avalia.
Ele também recomenda observar a governança das companhias e quais aspectos do estatuto social garantem alguma segurança para o investidor e se o governo possui alguma ação para alterar isso.
3. Calcule o desconto certo frente a pares privados
Daniel Nigri, analista e fundador da Dica de Hoje Research, aconselha o investidor, antes de investir em uma empresa estatal, a olhar o desconto que a ação tem diante dos pares privados. “Se você tiver um desconto de 20% a 25%, significa que o risco político já está precificado”, afirma.
Como foi feito o levantamento
O cálculo de Fábio Sobreira considera a projeção do Boletim Focus para a taxa de juros no final de 2024, de 9% ao ano. Além disso, o analista calculou o lucro por ação atual de cada empresa e o crescimento de suas receitas nos últimos 5 anos (CAGR Receitas) ao invés de lucro – afinal, uma empresa pode ter lucro negativo, mas não receita negativa.
A partir desta métrica, Sobreira calculou o lucro por ação (LPA) para 2024 e o payout (parcela do lucro destinada a proventos) médio nos últimos cinco anos – companhias com menos tempo na Bolsa, como a Caixa Seguridade (CXSE3), tiveram o payout médio calculado desde a oferta inicial de ações (IPO). Por meio do payout médio, o analista consegue identificar uma base histórica de quanto uma empresa costuma pagar aos acionistas.
Na sequência, Sobreira multiplico o LPA 2024 pelo payout médio, chegando assim ao dividendo por ação projetado para 2024. Este valor do provento foi dividido pelo preço atual da ação em 12 de março, o que leva ao dividend yield (DY) projetado para este ano. Por último, o analista dividiu o provento por ação de 2024 pelos 9% para identificar o preço-teto (preço máximo a se pagar por uma ação) para receber tal retorno.