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- A notícia sobre a não distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras foi o grande tema do mercado brasileiro desde a última sexta-feira (8)
- Com a “bomba” repercutindo e sem um consenso entre analistas em relação às recomendações das ações, o fluxo de investidores daquele pregão migrou
- Dados mostram que negociação das petroleiras foi anormal; analistas e investidores começam a preferir nomes sem "intervenção estatal"
A notícia sobre a não distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras foi o grande tema do mercado brasileiro na sexta-feira (8). A opção da estatal de distribuir apenas o mínimo estabelecido pela Política de Remuneração aos Acionistas, de 45% do fluxo de caixa livre, levou a PETR3 e a PETR4 a seus piores desempenhos em meses. Os dois papéis cederam 10,37% e 9,14%, respectivamente no primeiro pregão após a divulgação do balanço da companhia.
A tensão em torno da estatal continuou na segunda-feira (11) com a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Integrantes da equipe econômica do governo defendem que o pagamento dos proventos pode auxiliar no esforço para cumprir a meta de déficit zero, visto que a União é o principal acionista da petrolífera. A incerteza aumentou quando o presidente Lula, na noite da segunda-feira (11), criticou o mercado financeiro, em entrevista ao SBT, e defendeu a decisão da estatal em reter os dividendos extraordinários. Leia mais nesta reportagem.
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Nesta segunda-feira (11), as ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 1,3%, a R$ 35,65. Os papéis ordinários da estatal recuaram 1,92%, a R$ 36,27. Segundo levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, a Petrobras já perdeu R$ 63,2 bilhões em valor de mercado entre o fechamento de quinta-feira (7) e o encerramento do primeiro pregão da semana.
Com a “bomba” repercutindo e sem um consenso entre analistas em relação às recomendações das ações, o fluxo de investidores do pregão de sexta-feira (8) migrou. E foram as junior oils, nome dado às petroleiras de menor porte da B3, que mais se beneficiaram.
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Dados levantados pela Economatica mostram que, assim como a Petrobras, as ações da Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e Petroreconcavo (RECV3) tiveram um volume diário de negociação anormal na última sexta-feira (8). O volume médio da PETR4, por exemplo, foi de 1,9 bilhão no último mês; no último pregão da semana passada, foi de 8,3 bilhões.
O volume médio da PRIO3, que costuma ser de 373 milhões, foi de 590 mi. O fluxo de negociação da RRRP3 e da RECV3 também dobrou: de 109 milhões para 233 mi e de 56 milhões para 112 mi, respectivamente.
Nestes casos, no entanto, a variação do pregão levou os papéis a altas – um indicativo de uma possível rotação de posições dentro do setor de petróleo e gás. Como mostramos aqui, trata-se de uma reação "natural" de investidores ponderando se, dado os riscos, a Petrobras é mesmo a melhor opção para se manter na carteira.
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Um movimento que também vem acontecendo entre os analistas, mesmo aqueles que ainda mantém a recomendação de compra do papel. É o caso do BTG Pactual. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (11), os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez reiteraram o call de compra para as ADRs da estatal, mas reforçaram: a top pick no setor, agora, é a Prio.
"Após a última queda de 11% no preço das ações, vemos uma assimetria positiva nas estimativas de lucros futuros e valuations ainda atrativos. Mas estamos menos convencidos do que estávamos há uma semana e a PBR (ADR da Petrobras) não é a mais a nossa top pick do setor. Preferimos jogar via PRIO", diz o documento.
O Goldman Sachs fez o mesmo movimento: em relatório, o banco manteve a recomendação de compra da PBR, mas destacou que o risco de investir na estatal aumentou após os acontecimentos recentes. "Reconhecemos o risco crescente de intervenção governamental, pois, segundo a imprensa, a decisão de não pagar dividendos extraordinários partiu do presidente do Brasil. Acreditamos que pode haver algumas preocupações no mercado sobre o potencial de negociações menos favoráveis aos acionistas em decisões no futuro", dizem Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins.
A preferência do Goldman, entre o setor de óleo e gás, também é a PRIO3, com recomendação de compra. "Vemos um risco político significativamente menor e estimamos que a Prio entregue o mais alto FCFy (yied do Fluxo de Caixa Livre) na nossa cobertura petrolífera durante os próximos anos (23% em média em 2024-25E), com um potencial catalisador caso a licença ambiental do projeto Wahoo seja aprovado nos próximos meses".
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O humor mais positivo para as junior oils teve sua continuidade nesta segunda-feira (11). A PRIO3 subiu 0,45%, a R$ 44,90. A REVC3 teve alta de 1,50%, a R$ 21,69; enquanto a RRRP3 saltou 2,94% a R$ 29,09, a maior alta do Ibovespa no dia.
Olho nos balanços
Apesar das preferências por outros nomes do setor, a Petrobras ainda permanece como a companhia que mais remunera seus investidores. É por isso que, como mostramos aqui, analistas defendem que escolher entre um papel ou outro pode não ser tão simples. Explicamos mais desse cenário aqui.
Para se ter uma ideia, ainda que o lucro líquido da Petrobras tenha caído 33,8% em 2023 em comparação a 2022, o resultado anual de R$ 124,6 bilhões ainda é o segundo melhor número da estatal desde 2010. Entre outubro e dezembro do ano passado, a companhia lucrou R$ 31 bilhões.
O número ainda é muito superior aos das concorrentes. A Prio reportou um lucro líquido de US$ 324 milhões no 4º tri; um resultado considerado misto pelo Itaú BBA. A 3R Petroleum teve um lucro líquido de R$ 5,62 milhões no mesmo período, enquanto a Petroreconcavo lucrou R$ 186,7 milhões, em um balanço também considerado fraco.
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