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- As ações de companhias com um perfil mais defensivo e com capacidade de entregar resultados independente do ciclo econômicos devem entrar no radar do investidor
A projeção de uma retomada da alta Selic na próxima quarta-feira (18) sugere que os investidores de ações façam novos ajustes na carteira para superar o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) nos próximos meses. Em tempos de juros a dois dígitos, o CDI que tende a acompanhar o movimento da taxa de juros, se transforma em uma referência de retorno mínimo exigido pelos investidores para qualquer investimento, principalmente para os ativos de renda fixa. Ou seja, quanto maior for a Selic, maior será o retorno que as ações das companhias devem oferecer para atrair os investidores no curto prazo.
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Embora a dinâmica seja desfavorável para o mercado acionário, há ações que já mostraram para o mercado a sua capacidade de bater o CDI e outros ativos de renda fixa com folga.
Como mostramos nesta reportagem, de todas as ações listadas no Ibovespa, 36 papéis de companhias de diversos setores econômicos conseguiram entregar retornos de até 3.000% ao longo de 10 anos, ao passo que a rentabilidade do CDI ficou limitada a 143% durante o mesmo período. Os dados são de um levantamento realizado pela ComDinheiro, a pedido do E-Investidor.
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A rentabilidade, embora seja uma variável relevante, não é a única que deve ser analisada quando se pretende investir. Fernando Bueno, especialista em investimentos da Ágora, reforça uma frase clássica do mercado financeiro: “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”.
Ao observar as companhias de maior rentabilidade na década, as ações da Prio (PRIO3) foram o grande destaque ao entregar aos seus acionistas uma remuneração surpreendente de 3.506,54% no acumulado de agosto de 2014 a agosto de 2024. “A empresa implementou um plano de reestruturação bem-sucedido, focando em ativos maduros e reduzindo custos operacionais. Além disso, as aquisições estratégicas, como a compra de ativos da Petrobras, ampliaram sua base de produção e reservas”, diz Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos.
A eficiência da operação da companhia exemplifica o perfil das companhias que os investidores devem ter na carteira para enfrentar as mudanças de cenários econômicos sem penalizar a rentabilidade dos investidores.
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Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ressalta que essas empresas possuem modelos de negócios difíceis de serem replicadas por outros players e com atuação em mercados de demanda crescente e resiliente.
“Precisam ter capacidade capacidade comprovada de execução e negociam a valuations razoáveis. É o caso de Mercado Livre (MELI34), Itaú (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11), Equatorial (EQTL3) e Cosan (CSAN3)”, diz Quaresma sobre as ações que podem equilibrar o portfólio do investidor nos próximos os 10 anos. Já Sobreira acredita que os investidores devem priorizar as companhias com dívida mais controladas e resilientes em seus resultados. É o caso da Weg (WEGE3) e de companhias do setor de energia. “São as que possuem as maiores chances de superar o CDI”, ressalta o analista da da Rocha Opções de Investimentos.
Os papeis da Embraer (EMBR3) também entram na lista de boas empresas para se ter na carteira. Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a companhia apresenta um planejamento de longo prazo interessante ao passo de incomodar grandes players do mercado da aviação, como a Boeing e a Airbus. Vale lembrar que a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, aumentou a sua participação acionária na companhia, o que a garantiu uma posição de 5,49% das ações ordinárias da empresa.
Além disso, enquanto o Ibovespa se limita a um ganho de 1%, as ações da Embraer saltam mais de 130% no acumulado de 2024. “Aos poucos, a Embraer conquista o mercado e isso a torna extremamente lucrativa”, diz Cruz.
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Já as companhias aéreas são exemplos de ações que devem ter uma maior atenção do investidor devido aos desafios que o setor enfrenta no Brasil.
No segundo trimestre deste ano, a Gol (GOLL4) reportou um prejuízo R$ 3,9 bilhões, revertendo o lucro de R$ 556 milhões no mesmo período de 2023. A empresa também enfrenta um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. O mesmo pode acontecer com a Azul (AZUL4) visto que a companhia está em negociação com seus credores para evitar uma recuperação judicial. Veja os detalhes nesta reportagem.