A temporada de balanços do 2º trimestre de 2025 das petroleiras listadas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) não deve trazer surpresas, segundo especialistas ouvidos pelo Broadcast. Ainda assim, as ações do setor continuam negociadas a múltiplos atrativos e mantêm o interesse de investidores.
Embora toda a bolsa opere com descontos históricos em 2025, os papéis de óleo e gás são pressionados pelo pessimismo com os preços do petróleo, pelo dólar fraco e pela expectativa de aumento na produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), explica Rafael Furlan, sócio da Norte Asset Management.
“As ações estão baratas, mas não apresentam assimetrias tão marcantes quanto em outros setores. O mercado teme um superávit de oferta em relação à demanda da commodity, o que pressiona as projeções de geração de caixa das companhias no curto e médio prazo”, afirma.
Para investidores com maior tolerância à volatilidade do petróleo – e atentos aos riscos político-regulatórios -, a Prio (PRIO3)é a principal escolha da Warren para prazos mais longos. Mesmo exibindo o melhor nível de eficiência entre as independentes, um modelo de negócios resiliente e boa geração de caixa, suas ações seguem descontadas, observa Frederico Nobre, gestor da Warren.
A empresa conta com perspectivas positivas para além do campo de Peregrino, na Bacia de Campos. Em 18 de julho de 2025, a Prio recebeu a licença prévia para desenvolver o campo de Wahoo, interligado ao FPSO Frade.
Segundo a Genial Investimentos, a entrada de Wahoo em operação, aliada à consolidação de Peregrino, pode gerar um FCF yield (retorno de fluxo de caixa livre) entre 40% e 50% a partir do segundo semestre de 2026. Já a Norte Asset projeta que a Prio alcance yield acima de 25% nesse período, mesmo com preços de petróleo ainda pressionados. “Historicamente, a empresa é negociada com expectativa de geração de caixa ao redor de 15% nos 12 meses seguintes”, complementa Furlan.
A Prio também continua sendo a preferência no setor da XP Investimentos, que avalia que “o valuation das ações oferece uma margem de segurança significativa para que os investidores possam acomodar as flutuações do preço do petróleo e os riscos potenciais no desenvolvimento de Wahoo”.
Marcos Duarte, analista-chefe da Descomplica Investimento, reforça que a Prio segue como principal alternativa privada à Petrobras (PETR4;PETR3). Em relação à estatal, que no ano acumula queda de cerca de 12%, o cumprimento de metas operacionais e a regularidade na distribuição de dividendos chamam a atenção dos investidores por oferecerem previsibilidade em um cenário incerto.
“Com os Estados Unidos aplicando sobretaxas a vários países, nossas petrolíferas podem ter vantagens para negociar com outras nações, já que as principais concorrentes globais são americanas, como a ExxonMobil”, acrescenta.
Petrobras negocia com desconto e PetroRecoôncavo pode ser boa para dividendos
Furlan destaca que, embora a percepção sobre a Petrobras tenha melhorado, a empresa ainda negocia com desconto frente aos pares internacionais, devido a “intervenções frequentes e ruídos governamentais”. Hoje, o papel opera com FCF yield de 13% (considerando petróleo a US$ 65/boe) e dividend yield próximo de 11% (para 2026).
A Genial aponta a Petrorecôncavo (RECV3) para quem busca dividendos: o papel é negociado a 3,0 vezes EV/Ebitda e deve encerrar 2025 praticamente sem dívida, abrindo espaço para proventos extraordinários, segundo Vitor Sousa e Ricardo Bello.
A Warren vê valor também na tese de investimento da Brava (BRAV3), embora identifique maior risco de execução. De forma mais ampla, Frederico Nobre afirma que o setor mantém vantagens competitivas, apesar de atrasos recorrentes de órgãos como o Ibama e a ANP.
“O setor passou por transformações importantes. A Petrobras vendeu ativos para se concentrar no pré-sal, onde tem alto potencial de crescimento, e as independentes ampliaram sua atuação. Vejo espaço para fusões e aquisições, além de boas perspectivas de produção para essas companhias”, afirma.
No segmento de distribuição, a Descomplica Investimento cita a Vibra (VBBR3) para investidores de perfil moderado e a Ultrapar (UGPA3) para os mais arrojados, com maior potencial de valorização no longo prazo.