Investimentos

Fundos devem manter alocação baixa em renda fixa por otimismo com Bolsa

Mesmo com a Selic em alta, a perspectiva é de que os fundos mantenham essa dinâmica

Foto: Envato Elements
  • Em março deste ano, os investimentos em renda fixa nos fundos de ações atingiram o patamar de 5,72% do patrimônio, o menor nível desde 2015
  • Ainda que as perspectivas sejam de elevação da Selic até o fim de 2021, permanecendo entre 5% e 6% ao ano na avaliação de economistas, os fundos não deverão inflar suas alocações em títulos mais conservadores
  • Na opinião das gestoras consultadas pelo E-Investidor, a bolsa continua muito descontada e, consequentemente, com chances de crescimento - se o cenário econômico melhorar como o esperado

Quando há temor pelo cenário econômico, os fundos de ações tendem a reforçar os seus caixas com parte das alocações em renda fixa. Quando o contrário acontece e o sentimento é de otimismo para os ativos financeiros negociados na bolsa, os gestores tendem a reduzir esses percentuais. Em março deste ano, os investimentos em renda fixa nos fundos de ações atingiram o patamar de 5,72% do patrimônio, o menor nível desde 2015.

Mesmo com a Selic em alta, a perspectiva é de que os fundos mantenham essa dinâmica. Conforme levantamento da plataforma de informações financeiras Economatica, o maior percentual de renda fixa em fundos de ações aconteceu em fevereiro de 2016: 16,41% do total do patrimônio. Naquele período, a taxa básica de juros estava em 14,25% ao ano, um valor bem superior aos 2,75% de março deste ano.

Ainda que as perspectivas sejam de elevação da Selic até o fim de 2021, permanecendo entre 5% e 6% ao ano na avaliação de economistas, os fundos não deverão inflar suas alocações em títulos mais conservadores. Na opinião das gestoras consultadas pelo E-Investidor, a bolsa continua muito descontada e, consequentemente, com chances de crescimento – se o cenário econômico melhorar como o esperado.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

“Continuamos com uma visão de que a bolsa ainda está com um diferencial grande em relação à renda fixa, em termos de rentabilidade”, diz Rodrigo Santoro Geraldes, Superintendente de Análise de Investimentos da Bradesco Asset Management (BRAM). “Uma das métricas que usamos para ver isso é o prêmio de risco da renda variável versus o da renda fixa e hoje acreditamos que a bolsa está barata”.

No final de março, a gestora do Bradesco tinha apenas 3,84% de renda fixa nos seus 60 fundos de ações – que somavam R$ 14,09 bilhões de patrimônio líquido, de acordo com a Economatica. Santoro explica que uma alocação elevada em renda fixa vai gerar menos rendimento para o fundo. Se o cenário fosse de pessimismo, as aplicações em títulos mais conservadores seriam maiores, a fim de reduzir os riscos. “Caso a bolsa caísse, o nosso fundo caíria menos do que ela”, compara.

O percentual da BRAM em renda fixa é similar ao de outras grandes assets, como a do Itaú, BTG Pactual, que tinham em março 3,86% e 3,46% do patrimônio nessa classe ativos, respectivamente. A Western tinha fatia ainda menor no final do primeiro trimestre: 1,44%. Procuradas pelo E-Investidor, essas três gestoras não quiseram comentar o assunto.

A perspectiva positiva para a bolsa também é compartilhada por players de menor porte, mais conservadores na gestão do patrimônio. A CTM Investimentos, por exemplo, era a gestora com maior percentual em renda fixa no final de março: 23,46%. Conforme levantamento da Economática, em março, eram dez fundos de ações com patrimônio líquido de R$ 303 milhões.

Daniel Alberini, gestor dos fundos da CTM, explica que atualmente possui oito fundos desse tipo, todos exclusivos. Por conta disto, os investidores optam por ter menor volatilidade e o caminho é definir um percentual mais elevado em renda fixa.

“Como também temos muitas empresas de menor liquidez no portfólio, em determinados momentos acabam aparecendo vendedores para elas e por isso mantemos um nível de caixa um pouco mais alto”, acrescenta Alberini. Outro fator determinante para essa posição mais conservadora é o cenário de indefinições no País, com incertezas sobre o orçamento público, por exemplo.

Assim como a BRAM, a CTM também não deverá aumentar a fatia de renda fixa devido à Selic estar em rota de alta. O gestor da asset com sede em Curitiba, e R$ 600 milhões sob gestão, também vê a bolsa descontada e com chances de devolver melhores retornos com a retomada econômica.

“O Ibovespa até está positivo no ano, mas essa alta é muito calcada nas ações ligadas a commodities. Quando segrega essa composição, as empresas do mercado interno, como as de shopping, saúde, varejo e até bancos, de uma forma geral, estão em queda relevante. Então vejo esse cenário com mais oportunidade de recuperação, se o cenário de reabertura econômica se confirmar”, analisa Alberini.

Segundo Einar Rivero, gerente de Relação Institucional e Comercial da Economatica, a alocação dos fundos de ações se sustentava em quatro tipos de instrumentos de renda fixa: debêntures, operações compromissadas, títulos públicos e instrumentos de instituições financeiras.

“Em março de 2021, a alocação em títulos públicos era de 35,63%. As operações compromissadas respondiam por 58,05% do total alocado em renda fixa pelos fundos de ações”, mostra Rivero.