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Com a turbulência na Azul (AZUL4), é hora de vender as ações?

Rumores de que a aérea entraria com recuperação judicial nos EUA fizeram suas ações caírem 24% na quinta (29)

Com a turbulência na Azul (AZUL4), é hora de vender as ações?
Azul (AZUL4). Imagem: Adobe Stock
  • A companhia aérea amargou a maior queda do Ibovespa ontem depois de notícias de que entraria com o pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos
  • Em comunicado à CVM, Azul diz que foi “mal interpretada” e nega o pedido de recuperação judicial nos EUA
  • Analistas do Bradesco BBI, Genial Investimentos, Goldman Sachs, Ajax Asset e BTG Pactual falam sobre suas recomendações para as ações AZUL4

As ações da Azul (AZUL4) passaram por uma verdadeira turbulência ontem (29). Rumores de que a companhia entraria com o pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos (processo semelhante à recuperação judicial no Brasil) fizeram seus papéis tombar 24%. Embora no Ibovespa hoje as ações busquem devolver as perdas, os investidores seguem desconfiados com os rumos da aérea.

Ainda ontem, a Azul afirmou que as especulações foram “mal interpretadas”. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), disse que está em negociações avançadas com seus principais stakeholders para seguir com os esforços do plano de otimização de capital do ano anterior.

“Os stakeholders estão demonstrando apoio e as negociações estão avançando na direção de melhores resultados para todas as partes. Como temos demonstrado consistentemente, a Azul sempre favorece soluções amigáveis e comerciais que maximizam valor para todos”, ressaltou a empresa no comunicado.

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Apesar dos rumores de recuperação judicial da Azul, alguns analistas não mudaram a visão sobre a companhia. O Bradesco BBI, por exemplo, reiterou sua recomendação de compra para as ações da aérea, mesmo após uma queda de 24% nas ações no pregão de ontem. O preço-alvo apontado é de R$ 20, representando um potencial de valorização de 263% frente ao último fechamento (R$ 5,50).

Segundo Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Gabriel Pinho, analistas do banco, o Chapter 11 da Azul está descartado e a companhia continua em “negociações construtivas para resolver suas obrigações de leasing de aeronaves, que somam US$ 570 milhões”. O Bradesco BBI acredita que a companhia deverá aumentar seu caixa em até US$ 1,3 bilhão nos próximos meses, com a emissão de novos títulos e empréstimos.

Azul deve reverter cenário com destaque para plano estratégico

Na mesma linha, a Genial Investimentos considerou a queda nas ações como injustificada e expressou confiança na reversão desse cenário. Ygor Bastos, analista da casa, destaca que a renegociação da estrutura de capital da Azul está sendo feita de maneira a garantir a robustez financeira da empresa a longo prazo.

“Isso evita medidas extremas como o Chapter 11”, ressalta Bastos. Diante disso, a Genial manteve sua recomendação neutra, com um preço-alvo de R$ 17, upside de 209% na comparação com o último fechamento.

Enquanto isso, a Ajax Asset avalia que o novo plano estratégico da Azul poderá ser positivo, se implementado com sucesso. “Aliviando as preocupações com a alavancagem da empresa”, diz o analista Rafael Passos. Ele ainda destaca a baixa visibilidade em relação à diluição de capital, mas enfatizou o foco da gestão em alcançar um prêmio em relação ao preço atual das ações.

O Goldman Sachs também reforçou a recomendação de compra para as ações da Azul, sublinhando a recuperação da rentabilidade da empresa desde a pandemia. O banco menciona que, apesar da volatilidade do petróleo e do câmbio, a Azul conseguiu manter margens de Ebitda (lucro conquistado antes da incidência de juros, depreciação, impostos e amortização) sólidas.

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“Aliado a um comportamento de mercado racional e à limitação na capacidade de expansão das companhias aéreas no curto prazo, sustenta uma perspectiva de maior lucratividade”, dizem os analistas Bruno Amorim e João Frizo.

Alavancagem pressiona as ações AZUL4

Por outro lado, o BTG Pactual avalia que os problemas de alavancagem da Azul continuarão pressionando as ações da empresa. Diante disso, os analistas reiteraram recomendação neutra para os papéis da aérea, com preço-alvo de R$ 17.

Além disso, o banco ressalta acreditar que o mercado deve monitorar as atualizações sobre uma potencial nova reestruturação da dívida da companhia, especialmente para avaliar o tamanho da diluição potencial.

“Embora saudemos a recente valorização do real e esperemos um melhor desempenho do setor no segundo semestre, os problemas de alavancagem da Azul provavelmente continuarão pressionando as ações”, escrevem os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi, em relatório.

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