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- Na segunda-feira (17), a cotação da moeda digital superou a barreira dos US$ 12 mil nos Estados Unidos, onde é negociada, o que fez a moeda digital valer ultrapassar a faixa dos R$ 66 mil no Brasil
- Há uma explicação propriamente do fundamento da criptomoeda, que tem a ver com a sua disponibilidade, cada vez menor ao longo dos anos, bem como o aumento da demanda que acompanha a maior popularização e confiança das pessoas no bitcoin
- O gestor de portfólios da Hashdex, João Marco Cunha, ainda diz que outros fatores também contribuem para a alta da criptomoeda, como a entrada de investidores institucionais e empresas neste mercado, a negociação de bitcoin em algumas bolsas dos EUA, e o recente interesse de bancos norte-americanos de fazerem custódia do criptoativo
Apesar de estar longe da sua máxima histórica em dólar, o bitcoin caminha para atingir seu recorde em reais, ao flertar com a casa dos R$ 70 mil. Nesta terça-feira (18), a criptomoeda sofre baixa e é negociada por volta de US$ 11,9 mil, o que equivale a R$ 65,5 mil. Mas, nesta segunda-feira (17), sua cotação superou a barreira dos US$ 12 mil nos Estados Unidos, onde é negociada, o que fez a moeda digital ultrapassar a faixa dos R$ 66 mil no Brasil.
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Essa variação de recordes diferentes se dá pela oscilação do câmbio. Em dezembro de 2017, por exemplo, o bitcoin chegou próximo dos US$ 20 mil nos Estados Unidos, a sua máxima já registrada até o momento. Conforme o relatório Mercado Brasileiro de Bitcoin, que o mercado usava como dado oficial na época, com informações de corretoras, o preço máximo no Brasil foi de R$ 69,336 mil.
A criptomoeda foi fortemente afetada pela crise gerada pela pandemia de covid-19, assim como diversas outras classes de ativos e investimentos. Mas a recuperação tem se mostrado sólida. Desde março, o pior mês da pandemia, o bitcoin já se valorizou mais de 70%, tornando-se um dos ativos de melhor desempenho.
Recorde no Brasil
O preço da criptomoeda está relacionado à sua disponibilidade, cada vez menor ao longo dos anos, bem como o aumento da demanda que acompanha a maior popularização e confiança das pessoas no bitcoin. Isto é o que explica Ricardo Da Ros, country manager da Ripio.
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“O bitcoin tem uma quantidade limitada de existência, assim como o ouro. Por isso, ele tem valor. O bitcoin também é escasso, só que digitalmente. Com uma quantidade limitada, cada vez mais gente se interessando e comprando, isso naturalmente gera uma pressão positiva para o preço no médio e longo prazo”, esclarece Da Ros.
O especialista lembra que, atualmente, existem cerca de 18,5 milhões de unidades de bitcoins. A meta é que a quantidade chegue a 21 milhões de bitcoins no ano 2140, não sendo mais possível criar a criptomoeda depois desse teto.
Essa limitação será possível por meio de um ajuste (halving) que reduz pela metade a quantidade de bitcoin produzidos a cada dez minutos. O último halving foi realizado em maio deste ano, passando de 12,5 para 6,25 bitcoins produzidos a cada dez minutos na rede da criptomoeda.
“O halving é uma força adicional. Como novos bitcoins que entram em existência vão sendo cortados pela metade a cada 4 anos, isso gera mais pressão positiva ainda. E historicamente, esses cortes geram uma máxima histórica, em média, 18 meses depois, fazendo o preço subir mais forte do que o normal. E é isso que está começando a acontecer agora”, acredita Da Ros.
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João Marco Cunha, gestor de portfólios da Hashdex, ainda acrescenta que outros fatores também contribuem para a alta da criptomoeda, como a entrada de investidores institucionais e empresas neste mercado. A negociação de bitcoin em algumas bolsas dos EUA e o recente interesse de bancos norte-americanos em fazer custódia do criptoativo também o impulsionam.
“A grande subida [de preço] se deu quando teve essa declaração de que os bancos norte-americanos vão poder custodiar bitcoin. Essa é uma notícia extremamente relevante, porque o cliente poder ter a confiança do seu banco, de que o bitcoin vai estar guardado de maneira segura. E ao mesmo tempo há a praticidade de estar integrado à conta bancária, junto de outros investimentos”, avalia Cunha.
Em 22 de julho, o OCC, sigla em inglês para o Gabinete do Controlador da Moeda, órgão regulador responsável pelo controle e supervisão dos bancos dos EUA, publicou carta em que esclarece que os bancos do país têm autoridade para fornecer contas fiduciárias e serviços de custódia de criptomoedas para empresas deste mercado.
R$ 100 mil em 2021?
O country manager da Ripio avalia que, dentro dos próximos dias, no máximo, em semanas, a barreira dos R$ 70 mil deverá ser superada. Contudo, ele lembra que, devido à alta volatilidade da criptomoeda, esse valor pode regredir até se estabilizar.
“Pode bater os R$ 70 mil, depois voltar um pouco. Mas acho que o momento está muito positivo para o preço do bitcoin. Eu vejo, até o final deste ano, que a gente vai ganhar bastante terreno aí”, diz Da Ros.
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Para o especialista, a alta recente já indica o início da alta histórica provocada pelo halving. Por isso, Da Ros aponta que em uma estimativa “mais conservadora”, o bitcoin vai ultrapassar facilmente os R$ 100 mil em 2021. E há modelos bem mais otimistas: “Muitos analistas no mundo acreditam que, no ano que vem, o bitcoin passará de 100 mil dólares, e não só de reais”, diz Da Ros.
Sem citar datas, o gestor de portfólios da Hashdex lembra que a barreira deve ser rompida a qualquer momento. “Considerando as volatilidade do bitcoin e do real frente ao dólar, e a proximidade que estamos dos R$ 70 mil reais agora, a própria oscilação de mercado pode jogar o preço para além desse patamar”, sinaliza Cunha.
Também por conta da volatilidade, o gestor prefere não arriscar possíveis preços da criptomoeda, mas ressalta a mudança de cenário recente para este mercado.
“O que está acontecendo no segmento de criptoativos é uma sequência de boas notícias no que diz repeito à regulação, adoção, entrada de investidores institucionais, infraestrutura e serviços, tecnologia, etc. A tendência é que esses avanços continuem e sejam incorporados gradativamente aos preços”, conclui Cunha.
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